Síntese Mensal Macro – Bradesco Asset

SÍNTESE ECONÔMICA DE DEZEMBRO

Desempenho de serviços explicou a surpresa positiva com o resultado do PIB no 3º trimestre, que cresceu 0,1%. Na comparação contra o mesmo período do ano anterior, houve expansão de 2,0%, acima de nossa projeção e da mediana do mercado (1,8%). Pela ótica da oferta, a principal contribuição negativa veio da agropecuária, com queda de 3,3% no trimestre, após a alta expressiva do primeiro semestre puxada pelas safras recorde de soja e milho. A indústria cresceu 0,6% na margem, com maior contribuição positiva de energia, gás e, água (3,6%), que compensou a queda da construção civil (-3,8%). O setor de serviços registrou crescimento de 0,6%, com maiores contribuições de atividades imobiliárias e aluguéis (1,3%) e intermediação financeira (1,3%). A única atividade de serviços a apresentar queda foi transportes (-0,9%), influenciada negativamente pelo segmento de passageiros. Nossa medida de PIB Cíclico, que exclui setores menos sensíveis à política monetária, teve alta de 0,3%. Pela ótica da demanda, os maiores destaques novamente foram o consumo das famílias (1,1%), refletindo o maior consumo de serviços, e a contribuição positiva do setor externo, com alta de 3,0% das exportações, escoando parte da safra agrícola, e queda de 2,1% das importações. No entanto, houve queda de 2,5% do investimento, impactado tanto por máquinas como pela construção civil. Com o resultado superior do PIB, revisamos nossa projeção de crescimento neste ano para 2,8%. Ainda assim, mantemos a expectativa de retração no 4º trimestre deste ano.

 

Cenário benigno para inflação não teve surpresas relevantes em novembro. O IPCA registrou variação de 0,28% na margem, em linha com a nossa projeção (0,26%) e a mediana do mercado (0,29%), com as principais contribuições vindo dos grupos de alimentos e bebidas (0,63%) e habitação (0,48%). No acumulado em doze meses, o IPCA desacelerou de 4,8% para 4,7%. Em relação à média dos núcleos de inflação do Banco Central, medidas que excluem ou suavizam itens voláteis, a medida continuou a recuar, passando de 3,4% para 3,0% na média móvel anualizada de três meses dessazonalizada. O núcleo de serviços subjacentes, por outro lado, acelerou na mesma métrica, atingindo 4,1% após a marca de 3,6% em outubro. Diante desse cenário, mantivemos a expectativa de 4,0% de IPCA para 2024 e 4,0% para 2025. Nos próximos meses devemos ter uma série de informações importantes para o cenário de inflação do próximo ano, como a decisão da Petrobras quanto ao reajuste de gasolina, maior clareza quando à safra de soja, assim como reajustes de emplacamento e licenciamento, educação entre outros concentrados no início de ano. Esses eventos devem pautar a trajetória do índice cheio do IPCA, mas os núcleos devem seguir relativamente estáveis, em torno de 3,0%, nos próximos meses.

O Banco Central manteve o tom de cautela, reafirmando a manutenção do ritmo de cortes. A ata do Copom, divulgada nesta semana, caracterizou o cenário externo como menos adverso em comparação à última reunião. Isso é decorrente da redução das taxas de juros mais longas nos Estados Unidos e da indicação de queda dos núcleos de inflação de diversos países, o que tem permitido sinalizações de alívio na política monetária de algumas regiões. Mesmo assim, o Comitê avaliou que a determinação dos bancos centrais das principais economias em levar a inflação às respectivas metas exige cautela por parte dos países emergentes. Em relação ao cenário doméstico, o Copom reconheceu a moderação da atividade econômica, embora os membros tenham chamado atenção para a resiliência do consumo das famílias e do mercado de trabalho. Quanto à inflação, foi ressaltada sua evolução benigna, com surpresa baixista em serviços subjacentes, e destacou que  o processo de desinflação tem ocorrido conforme o esperado. Mais uma vez, o Copom ressaltou a importância da observância das metas fiscais, a fim de manter as expectativas ancoradas. Diante desse cenário, os membros concordaram sobre a necessidade de uma política monetária contracionista, julgando adequada uma redução de 50 pb e reforçando a perspectiva de cortes da mesma magnitude nas reuniões adiante.

Fed manteve a taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,50%, em linha com as expectativas. No comunicado após a decisão, o comitê de política monetária (FOMC) reconheceu a desaceleração da atividade nos EUA após o forte crescimento do 3º trimestre e o alívio da inflação ao longo deste ano, ressaltando, no entanto, que ela permanece elevada. O Comitê afirmou que a eventual adoção de mais aperto monetário se dará mediante a avaliação dos indicadores, levando em conta o nível dos juros já atingido e a defasagem do impacto da política monetária restritiva. A projeção para o núcleo da inflação caiu consideravelmente para 2023 ante a expectativa de setembro, passando de 3,7% para 3,2%, e foi revisada para baixo nos horizontes mais longos: de 2,6% para 2,4% de 2024 e de 2,3% para 2,2% de 2025. No que tange ao mercado de trabalho, a mediana dos membros do FOMC para a taxa de desemprego ficou inalterada em 3,8% para 2023 e em 4,1% para 2024 e 2025. Nesse sentido, vale destacar que o FOMC trabalha com 75 pb de corte de juros em 2024, ante a estimativa de 50 pb de corte no comunicado de setembro.

O presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu o avanço do processo de desinflação e que a política monetária se encontra em patamar bastante restritivo. Em entrevista após a decisão, Powell também reafirmou a tendência de melhora no equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de trabalho. Diferentemente das últimas reuniões, Powell não afirmou a necessidade de crescimento econômico abaixo do potencial para a convergência da inflação para a meta. Mais especificamente sobre a decisão de política monetária, Powell afirmou que essa reunião marcou o início dos debates sobre o ciclo de corte de juros. Diante dessa sinalização de desconforto do Fed com a manutenção dos juros no patamar atual por período prolongado, revisamos o início do ciclo de corte de juros pelo Fed de novembro para junho de 2024.

Na direção contrária do indicado pelo Fed, os bancos centrais do Reino Unido e da Área do Euro mantiveram o tom de cautela em relação à inflação, sem sinalizar cortes de juros. Na Área do Euro, a taxa de juros foi mantida em 4,0%, como esperado. Tanto no comunicado da decisão como na coletiva de imprensa, a mensagem do BCE foi de que o comportamento da inflação doméstica, em especial salários, ainda tem que ser monitorado. A presidente da instituição, Christine Lagarde, afirmou que os membros do banco central ainda não discutiram cortes de juros e, dadas as condições da inflação e a transmissão da política monetária, é necessário manter a guarda para a inflação. De fato, considerando as projeções apresentadas nesta semana apontam para inflação do consumidor com altas de 2,7%, 2,1% e 1,9% em 2024, 25 e 26, respectivamente. Acreditamos que a evolução da inflação e da atividade permitirá o início de corte na Área do Euro no primeiro seme

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