SÍNTESE ECONÔMICA DE NOVEMBRO

SÍNTESE ECONÔMICA DE NOVEMBRO

Brasil: Cenário de inflação sofre  deterioração. Atividade mantém retomada gradual

Mundo: China segue em recuperação e Fed mantém estímulos. Joe Biden é eleito presidente dos EUA

Em linhas gerais, o cenário para a inflação sofreu deterioração no mês, com aceleração de preços mais difundida entre as categorias. O IPCA de outubro variou 0,86%, e o IPCA-15 subiu 0,81%, ambos acima da expectativa de mercado. Em especial, as últimas leituras acenderam o sinal de alerta por demonstrar aceleração dos núcleos da inflação (medida que exclui ou suaviza itens voláteis). A inflação acumulada em 12 meses medida pelo IPCA-15 se elevou de 3,5% para 4,2%, levemente acima da meta do Banco Central (4,0%). Na nossa visão, a alta recente é explicada por alguns fatores, como elevação da demanda, alta do câmbio e de commodities. Com os resultados do IPCA-15 de novembro e com a alta nas contas de energia elétrica esperada para dezembro, nossa projeção para a inflação de 2020 foi revisada para 4,3%, o que significa um resultado acima da meta do Banco Central para esse ano (4,0%). Acreditamos que as próximas leituras de inflação continuarão pressionadas, e a dissipação dos efeitos altistas deve ocorrer apenas após o primeiro trimestre.

Indicadores de atividade de setembro continuam indicando retomada gradual, mas economia ainda permanece abaixo do patamar pré-crise. O Índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br), indicador prévio do PIB variou 1,3% na margem em setembro, refletindo as altas da indústria (2,6%), do comércio (1,2%) e do setor de serviços (1,8%) no mês. Na comparação interanual, houve recuo de 0,8%. O indicador se situa 2,3% abaixo do patamar pré-crise. Em relação ao trimestre anterior, o IBC-Br avançou 9,5%. Para 2020, esperamos queda de 4,7% do PIB.

Dados de mercado de trabalho apresentam sinal misto. Por um lado, a taxa de desemprego passou de 14,3% para 14,4% no trimestre encerrado em setembro. Essa elevação foi causada por uma contração da população ocupada (-0,5%) em ritmo superior à queda da força de trabalho (-0,4%). Isto significa que o movimento de alta do desemprego foi atenuado por pessoas que deixaram de buscar emprego no período. Assumindo uma taxa de participação constante, a taxa de desemprego com ajuste teria sido de 22,3%. Por outro lado, dados de criação de emprego formal (Caged) de outubro apresentam surpresa positiva, com criação de 364 mil vagas com ajuste sazonal. Os dados do Caged refletem a retomada das atividades econômicas sobre o mercado formal de trabalho, mas cabe observar que, nos últimos 8 meses, ainda há um saldo acumulado de destruição de vagas próximo de 700 mil.

Indicadores econômicos de outubro reforçam a tendência de retomada da China. As vendas no varejo avançaram 4,3% no mês, superando o ritmo de expansão de setembro (3,3%), na comparação anual. A produção industrial surpreendeu positivamente ao avançar 6,9% na comparação anual, mantendo o ritmo de expansão do mês anterior. Os investimentos em capital fixo passaram de 0,8% em setembro para 1,8% em outubro, todos em relação ao mesmo período de 2019. A atividade na China já se encontra em nível acima do pré-pandemia. Os dados de confiança e de alta frequência são compatíveis com crescimento em torno de 2,5% do PIB em 2020.

Nos EUA, houve surpresa positiva com criação de 638 mil vagas de emprego em outubro. Com a expansão das vagas, a taxa de desemprego no país recuou para 6,9%, ante 7,9% em setembro. Os dados refletem a volta da mobilidade, com a flexibilização das medidas de isolamento. O país registra 11,9 milhões de vagas criadas desde maio. Entretanto, o resultado devolve apenas parcialmente a destruição recorde de 22,0 milhões de vagas em março e abril. A recuperação do mercado de trabalho nos EUA nos próximos meses dependerá da evolução de casos de Covid-19 no país, assim como dos efeitos da retirada de programas emergenciais.

Ainda nos EUA, o Fed manteve a taxa de juros entre 0% e 0,25%. Em seu comunicado, o Fed afirmou que manterá a taxa de juros nesse nível até que a economia tenha superado a crise epidemiológica e esteja condizente com os alcances das metas de emprego e inflação. Na ata da reunião, os membros destacaram a importância que a compra de ativos passou a ter no suporte à economia. Sobre a possibilidade de ajustes no ritmo de compras ou na maturidade dos ativos, a ata sinaliza que não há motivo aparente para mudança imediata na política, mas que as condições econômicas poderiam requerer alguma alteração adiante. A respeito da inflação, o cenário considerado segue benigno, considerando que a inflação permanecerá abaixo da meta por um longo período. Tendo isso em vista, o comitê reforçou a necessidade de manter a política econômica acomodatícia. Diante de toda a incerteza oriunda da trajetória da epidemia e do impacto sobre o mercado de trabalho, avaliamos que os estímulos permanecerão presentes por um período prolongado.

Por fim, vale destacar a eleição do Joe Biden como novo presidente dos EUA. Com 51,3% dos votos populares, o candidato democrata conseguiu alcançar o número de 306 delegados, contra 232 do republicano Donald Trump. São necessários 270 delegados para ser eleito. A posse de Biden está programada para 20 de janeiro. O quadro no Congresso, por sua vez, segue indefinido. Enquanto na Câmara a maioria segue democrata, no Senado há a indefinição em relação aos dois assentos do estado da Geórgia, que irá definir seus representantes em 2º turno no dia 5 de janeiro. Com 50 senadores até o momento, os republicanos precisam de apenas um desses assentos para garantirem a maioria na Casa. Com a perspectiva de manutenção de divisão do Congresso, Biden encontrará mais dificuldades de implementação da sua agenda de aumento de gastos e elevação de impostos. Por outro lado, sua eleição reduz a possibilidade de escalada da tensão comercial com a China.  

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