SÍNTESE ECONÔMICA DE NOVEMBRO

Brasil: Copom reforça corte em dezembro, mas sinaliza cautela com próximos passos

EUA: Ata do FOMC reitera que o patamar de juros está apropriado

O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou a intenção de corte adicional da taxa de juros em dezembro, mas sinalizou cautela no grau de novos estímulos monetários. Na ata da última reunião, na qual a Selic foi reduzida de 5,5% para 5,0% a.a., os membros reforçaram a avaliação de recuperação da economia, ainda que em ritmo gradual, e de que a inflação e os seus núcleos seguem em níveis confortáveis, bem como as expectativas ancoradas. Além disso, alguns membros do comitê destacaram a incerteza sobre como as características do atual ciclo econômico, com um maior papel desempenhado pelo crédito com recursos livres e pelo mercado de capitais, podem impactar a transmissão da política monetária. Por fim, a ata manteve a avaliação de que o cenário permite ajuste adicional de 0,50 p.p. na reunião de dezembro. Diante disso, mantemos nossa projeção de que a Selic irá encerrar o ano em 4,5% e permanecerá nesse patamar em 2020.

Em termos de dados econômicos, O IPCA-15 manteve-se abaixo da meta do Banco Central, com leve pressão nos preços de proteínas. Em novembro, a prévia da inflação ao consumidor subiu 0,14%. Em 12 meses, o IPCA-15 permaneceu em 2,7%. A pressão nos preços de proteínas deve continuar nos próximos meses, devido ao aumento das exportações para a China, impactada pela gripe suína, e pela sazonalidade de final de ano. Assim, nossa projeção para o fechamento do ano é de 3,6%.

O índice de atividade econômica (IBC-Br) registrou novo aumento em setembro e os dados do ministério do trabalho (CAGED) mostraram a criação líquida de 71 mil vagas formais em outubro. O IBC-Br avançou 0,4% em setembro, refletindo a melhora na indústria (0,3%), comércio (0,9%) e serviços (1,2%). Após dois trimestres consecutivos de recuo, o índice avançou 0,9% no 3º trimestre. Além disso, considerando a série livre de influências sazonais, os dados do ministério do trabalho (CAGED) mostraram a criação líquida de 74 mil novas vagas em outubro. Em 12 meses, houve a criação de 492 mil novas vagas, resultado compatível com um ritmo mais forte de crescimento do PIB, para o qual projetamos 1,0% em 2019.

A agenda de reformas pós-previdência foi entregue ao Senado. O governo federal enviou ao Senado o Plano Mais Brasil, um conjunto de três propostas de emenda à Constituição (PECs) contendo as reformas pós-previdência. Segundo o Ministério da Economia, com uma das propostas, a PEC Emergencial, haverá uma redução das despesas obrigatórias em até R$ 12,75 bilhões no 1º ano, dos quais 25% serão utilizados para investimentos.

Por fim, o leilão da cessão onerosa gerou bônus de assinatura de R$ 70 bilhões. O pagamento deverá ser feito até o dia 27 de dezembro. Cerca de R$ 35 bilhões serão pagos à Petrobras, como acerto pela revisão do contrato firmado com a União no leilão de 2010. Dos R$ 35 bilhões restantes, R$ 12 bilhões serão repassados para estados e municípios e R$ 23 bilhões ficarão para a União. Essa arrecadação e os outros R$ 13 bilhões em outorgas dos outros dois leilões de petróleo recentes foram adicionadas nas nossas projeções fiscais. Com isso, o déficit do setor público consolidado deve atingir R$ 86 bilhões (-1,1% do PIB) em 2019.

Nos EUA, a ata do FOMC reforçou que o patamar de juros está apropriado. A avaliação da maioria dos participantes é de que, após o corte de 0,25 p.p. na reunião de outubro, o 3º corte do ano, a taxa estaria bem calibrada para sustentar a perspectiva de crescimento da economia americana. No documento, explicitam-se os riscos relacionados à desaceleração global, assim como a avaliação de que o quadro de atividade segue robusto e a inflação bem-comportada. De modo geral, a ata reforça o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, após a decisão em outubro, de que novos ajustes dependerão da evolução das condições econômicas e que um novo corte ocorrerá somente se houver uma piora “material” nas perspectivas. Diante disso, avaliamos que o Fed deverá manter a taxa de juros em dezembro.

Além disso, o PIB dos EUA do 3º trimestre mostrou crescimento liderado pelo consumo, sofrendo leve revisão altista. Na margem, o PIB cresceu 2,1% em termos anualizados, acima da 1ª divulgação (1,9%). O consumo das famílias, principal motor da economia dos EUA, manteve o crescimento de 2,9%. Para os próximos meses, os dados de confiança do consumidor, a robustez na geração de vagas e o crescimento dos salários sugerem a continuidade do desempenho sólido do consumo.

O indicador de confiança da indústria global (PMI) apresentou estabilidade em outubro. No mês, PMI da indústria global foi de 48,5 pontos, mantendo-se estável em relação ao mês anterior e, desde junho, sinalizando contração da atividade (abaixo de 50 pontos). A piora do PMI global vem sendo liderada pelo PMI dos países desenvolvidos, que se encontra com 47,8 pontos, apesar da melhora apresentada desde setembro (47,6). Nesse grupo de países, o PMI da Zona do Euro atingiu 45,9 pontos, apontando retração na indústria pelo 9º mês consecutivo. Nos EUA, o indicador de confiança (ISM) encontra-se abaixo dos 50 pontos desde agosto. Esses dados reforçam nossa projeção de crescimento de 3,0% do PIB mundial neste ano.

Na China, os dados de atividade frustraram novamente as expectativas em outubro e sinalizam PIB abaixo de 6% no 4o trimestre. No mês, a indústria cresceu 4,7% na comparação anual, abaixo da expectativa do mercado (5,4%) e do crescimento registrado em setembro (5,8%). As vendas no varejo e os dados de investimentos também desaceleraram mais do que o esperado. Nesse sentido, a desaceleração de 8,6% para 3,2% do investimento em infraestrutura frustra a expectativa de retomada. Os primeiros dados do 4º trimestre indicam crescimento de 5,8% do PIB, com nova desaceleração em relação ao trimestre anterior (6%). As autoridades chinesas seguem adotando medidas pontuais para impulsionar o crescimento. A inflação mais pressionada, por sua vez, tem reduzido o espaço para o estímulo monetário.

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