SÍNTESE ECONÔMICA DE MARÇO

SÍNTESE ECONÔMICA DE MARÇO

BRASIL: Banco Central elevou a taxa básica de juros de 10,75% para 11,75%

MUNDO: Fed faz primeira elevação da taxa de juros em 0,25 pp

O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 100 pb. Em decisão unânime, a autoridade monetária elevou a taxa Selic de 10,75% para 11,75% ao ano, confirmando as expectativas. O Copom indicou que a elevação de 100 pb é adequada para garantir a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2022 e, principalmente, de 2023. De acordo com o comunicado, o Banco Central avalia que o ambiente externo se deteriorou significativamente com o conflito entre Rússia e Ucrânia, o qual gerou aperto das condições financeiras e aumento da incerteza, posto que o choque de oferta pode exacerbar a pressão inflacionária que já existia globalmente. Domesticamente, a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente e a incerteza sobre o arcabouço fiscal mantém o risco de desancoragem das expectativas de inflação como ponto de atenção. Para os próximos passos, o Banco Central indicou alta de mesma magnitude na reunião de maio e afirmou que o ciclo de aperto nos cenários avaliados em 12,75% se mostra suficiente para a convergência da inflação em torno da meta, sinalizando a proximidade do final do ciclo de aperto de juros.

Em março, a prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) variou 0,95%, ante avanço de 0,99% em fevereiro. O resultado veio acima da nossa projeção (0,90%) e da expectativa do mercado (0,85%). A inflação acumulada em 12 meses apresentou aceleração, de 10,76% no IPCA-15 de fevereiro para 10,83% em março. Com relação aos núcleos, que são métricas que excluem ou suavizam itens voláteis, a média anualizada de três meses com ajuste sazonal voltou a avançar, de 9,8% para 10,8%, refletindo a maior pressão em industriais. Em 12 meses, a média dos núcleos alcançou 8,93%. Nossa expectativa é que o IPCA encerre 2022 com variação de 7,0%.

Em termos de atividade, incorporando as quedas do setor de serviços, indústria e comércio em janeiro, o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) teve retração de 1,0% na margem. Na comparação interanual, o índice se manteve estável. O indicador repercutiu a queda na margem do volume de serviços (-0,1%), da produção industrial (- 2,4%) e das vendas do varejo ampliado (-0,3%) no mês. Com o resultado, o IBC-Br se encontra 0,5% abaixo do nível pré-crise. De forma geral, apesar do início de trimestre com sinais de arrefecimento, dados de alta frequência de fevereiro e março apontam um quadro mais favorável para o crescimento da atividade neste trimestre.

Nos EUA, o Fed elevou a taxa de juros básica para o intervalo entre 0,25% e 0,50% ao ano. A respeito do cenário, prevalece a leitura de inflação elevada e com pressão disseminada, refletindo choques de oferta e demanda relacionados à pandemia. Ainda sobre cenário, o mercado de trabalho permanece forte na avaliação do comitê. No comunicado, os membros demonstraram preocupação adicional com o conflito entre Rússia e Ucrânia, pois pode criar pressão adicional sobre a inflação e pesar negativamente sobre a atividade. Em termos de projeções, destaque para a revisão altista de inflação e da trajetória de juros. Para 2022, a projeção para o núcleo de inflação saltou de 2,7% em dezembro para 4,1%, enquanto que para 2023 a projeção subiu de 2,3% para 2,6%. No mercado de trabalho, a taxa de desemprego permaneceu em 3,5% em 2022 e 2023. Por fim, a perspectiva sobre a trajetória de juros dos membros sofreu alterações relevantes. A mediana dos votos indicou uma taxa de juros básica em 1,9% ao final de 2022 (alta de 25 pb em todas as reuniões) e 2,8% em 2023, permanecendo nesse patamar em 2024. Vale destacar que isso sinaliza que o Fed considera um aperto de juros acima da taxa neutra (2,5%).  Nesse sentido, a respeito dos próximos passos, o comitê antecipou que novos aumentos serão apropriados, além de sinalizar uma possível redução do balanço nas próximas reuniões.

Na Zona do Euro, o BCE prosseguiu no processo de retirada dos estímulos, apesar da incerteza dos impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia. O Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de depósito em -0,5%, a taxa de empréstimo em 0,25% e a taxa de refinanciamento em 0%. A novidade ficou por conta da redução mais rápida do programa de compras (APP), que agora deverá totalizar € 90 bilhões no segundo trimestre, ante € 120 bilhões projetado na reunião anterior. Além disso, a partir de julho, a continuidade das compras dependerá da reavaliação do cenário. A respeito da taxa de juros, o BCE excluiu em seu comunicado a possibilidade de redução dos juros em relação ao patamar atual. A sinalização mais contundente acerca da retirada dos estímulos corrobora uma leitura mais preocupada da inflação, que sofreu revisão altista em todo o horizonte relevante para a política monetária. Ainda bastante incerto em decorrência da evolução do conflito entre Rússia e Ucrânia, com as informações de momento o cenário base contempla alta de juros na reunião de dezembro.

Na China, os dados de atividade referentes ao bimestre de janeiro e fevereiro mostraram crescimento acima do esperado. Na comparação interanual, a produção industrial do bimestre cresceu 7,5%. Esse movimento pode ser explicado por um possível impulso estatal com investimentos em empresas estatais. As vendas no varejo tiveram expansão de 6,7% na mesma base de comparação, ainda antes das novas restrições por conta da variante ômicron do Covid-19. De maneira geral, os próximos resultados serão influenciados negativamente pelo novo surto da pandemia, que tem implicado em redução da mobilidade no país. Nossa expectativa é de crescimento de 5,0% para este ano, embora a desaceleração do setor imobiliário mantenha presente viés de baixa para as projeções sobre a atividade econômica, contrabalançado pelos sinais de ampliação dos estímulos de política econômica.

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