SÍNTESE ECONÔMICA DE MAIO

SÍNTESE ECONÔMICA DE MAIO

BRASIL: Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75%

 

MUNDO: Fed elevou a taxa básica de juros para o intervalo entre 5,00% e 5,25%

 

O Banco Central manteve a taxa básica em 13,75%, em linha com as expectativas do mercado. Na ata da reunião, o Comitê  citou as incertezas quanto às condições financeiras no ambiente externo, mas reconheceu o impacto limitado, até o momento, sobre a economia doméstica. No ambiente interno, a ata enfatizou que o conjunto de indicadores recentes segue apontando para uma redução gradual do crescimento, com moderação nos indicadores coincidentes de atividade e desaceleração na margem das concessões de crédito, apesar de resiliência maior do que a esperada para o mercado de trabalho. Na discussão sobre o cenário, o Comitê considerou elevar sua estimativa de taxa neutra de juros, mas optou por mantê-la em 4%. Para alguns membros, o processo de desinflação mais lento, junto com uma atividade econômica mais resiliente, poderiam indicar uma taxa neutra mais elevada do que a medida utilizada pelo Copom, o que implicaria um impacto menos contracionista da taxa Selic atual. No entanto, a maioria dos membros julgou que tal intepretação ainda é prematura. Quanto ao balanço de riscos, o Copom destacou que há fatores de risco em ambas as direções para a inflação e as expectativas de inflação, o que exige atenção na condução da política monetária. Com relação ao arcabouço fiscal, o Comitê reforçou que, embora a apresentação da nova regra tenha reduzido a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública, não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal. Dessa forma, o Copom avaliou que a manutenção da taxa de juros no patamar atual é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Mantivemos nosso cenário de cortes na taxa de juros a partir da reunião de setembro, encerrando o ano de 2023 em 12,50%.

Mesmo com as altas observadas da produção industrial, do comércio varejista e de serviços em março, o índice de atividade do Banco Central registrou queda de 0,2% em março. A divergência em relação aos principais indicadores mensais provavelmente se deveu ao desempenho do setor agropecuário, cujo maior impacto deve ter se concentrado em fevereiro. Dessa forma, após um primeiro trimestre forte, mantivemos nossa expectativa de moderação do crescimento no restante deste ano, reconhecendo, contudo, que a resiliência do mercado de trabalho pode contribuir para um processo de desaceleração mais lento. Assim, apesar dessas surpresas positivas com o desempenho da atividade econômica no início deste ano, entendemos que os efeitos do aperto da política monetária ficarão mais evidentes a partir do 2º trimestre.

Prévia da inflação mensal desacelerou na passagem de abril para maio, exibindo alta de 0,51% no mês. O IPCA-15 ficou abaixo das expectativas, desacelerando em 12 meses (4,07% ante 4,20% no mês anterior). A maior variação positiva derivou de saúde e cuidados pessoais (1,49%), refletindo o aumento de 2,68% nos preços dos produtos farmacêuticos. Apesar do impacto positivo, essa elevação ficou abaixo das expectativas, com um repasse menor do reajuste de 5,6% em medicamentos aprovado para abril. O destaque positivo mais relevante ficou por conta do grupo alimentação e bebidas, variando 0,9% na margem, puxado pela alta do subgrupo alimentação no domicílio (1,02%), que reverteu a queda de 0,15% registrada no mês anterior. Na variação acumulada em 12 meses, o subgrupo seguiu desacelerando (5,1%, ante 5,8%), refletindo tendência de inflação de alimentos mais baixa em 2023. A maior variação negativa, por sua vez, veio de artigos de residência (-0,28%), com queda de 1,44% nos itens TV, som e informática (0,92%) em eletrodomésticos e equipamentos. Com relação ao grupo de bens industriais, na variação acumulada em 12 meses houve recuo de 6,5% para 5,2%, com arrefecimento tanto em bens duráveis (1,7%) como em semiduráveis (10,0%). Os preços administrados apresentaram recuo de 1,1% na margem, com manutenção do processo de queda na variação acumulada em 12 meses (-0,61%). Por fim, vale ressaltar a desaceleração mais intensa do grupo de serviços, variando de 0,53% para -0,06% na margem e de 7,6% para 6,5% no acumulado de 12 meses, devido ao recuo de cerca de 17% em passagens aéreas.

O Banco Central americano (Fed) elevou a taxa básica de juros em 25 pb, levando a taxa para o intervalo entre 5,00% e 5,25%. No que tange ao cenário atual, o comitê de política monetária (FOMC) reconheceu a expansão modesta da atividade econômica, a continuidade da força no mercado de trabalho e a persistência da inflação em níveis elevados. Como na última reunião, apesar da afirmação de resiliência do sistema bancário, reconheceu que os episódios recentes envolvendo bancos americanos devem implicar condições de crédito mais apertadas. Ao contrário do que foi dito na decisão de março, o Fed não antecipou novos aumentos, ressaltando que novos ajustes ocorrerão mediante a observação dos indicadores econômicos, e levando em conta o efeito defasagem das recentes elevações de juros na economia. Com isso, o Fed abriu a possibilidade de interromper o ciclo de aperto monetário.

O Banco Central Europeu desacelerou o ritmo e elevou a taxa de juros em 25 bp. A inflação ainda pressionada, combinada com o aperto em curso do mercado de crédito, foi determinante para a decisão do Banco Central Europeu, dentro do esperado pelo mercado e desacelerando em relação à alta de 50 bp das reuniões anteriores. Com isso, a taxa de juros aplicável às operações de refinanciamento e as taxas de juros aplicáveis às linhas permanentes de liquidez e de depósito subiram para 3,75%, 4,00% e 3,25%, respectivamente. Além de reforçar que a inflação está e seguirá elevada por algum tempo, a presidente da instituição Christine Lagarde destacou, na coletiva de imprensa após a decisão, que os juros continuarão subindo nas próximas reuniões, dado que a política monetária não está em nível suficientemente restritivo para trazer o índice de preço de volta para a meta de 2%. Ainda assim, chamou atenção que a transmissão da alta de juros adotada até aqui – de 375 bps – já é percebida nas condições de crédito, com queda da demanda e aperto das condições por parte dos bancos. A respeito dos dados econômicos, o resultado prévio do índice de preços ao consumidor de abril teve alta interanual de 7,0% no índice cheio e 5,6% do núcleo. Mesmo que a inflação já tenha feito pico e os preços de energia e de bens sigam sua tendência de alívio, o nível elevado e o comportamento de serviços demandam atenção e devem manter o BCE com tom duro nos meses à frente. Dessa forma, mantemos nossa expectativa de mais 2 altas dos juros, de 25 bps, em junho e julho, levando a taxa básica para 3,75%.

Perda de ritmo da economia chinesa, após reabertura, sugere crescimento deste ano mais moderado do que o esperado inicialmente. Os resultados dos indicadores de atividade de abril, somados aos de comércio exterior e crédito, frustraram as expectativas e sugerem que a retomada da economia chinesa ainda depende de uma melhora mais espraiada da confiança e não deve contar com o reaquecimento do setor imobiliário. A produção industrial – que reflete tanto a demanda externa como interna – avançou 5,6% em abril em relação ao mesmo mês de 2022, abaixo do esperado (10,9%), mas acima do verificado em março (3,9%). As vendas do comércio registraram expansão interanual de 18,4%, ante projeção do mercado de alta de 21,9%, após crescimento de 10,6% no mês anterior. Refletindo principalmente a retração do setor imobiliário, os investimentos em ativos fixos mostraram alta de 4,7% no acumulado do ano, frustrando o consenso das expectativas (5,7%) e desacelerando em relação a março (5,1%). Para os próximos meses, acreditamos que o crescimento do consumo é sustentável e as exportações devem ceder. As incertezas, por sua vez, seguem concentradas no setor imobiliário residencial, cujas vendas recuaram nos últimos meses e os lançamentos ainda não exibiram recuperação neste ano. Nesse cenário, entendemos que o governo deve lançar mão de alguns estímulos – monetários, mas também voltados ao setor imobiliário – como forma de estancar a desaceleração em curso. Com isso, o PIB deve crescer 5,3% neste ano.

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