SÍNTESE ECONÔMICA DE JANEIRO

SÍNTESE ECONÔMICA DE JANEIRO

Brasil: IPCA-15 tem avanço acima das expectativas em janeiro

Mundo: Fed sinaliza início de ciclo de alta de juros nos EUA

Em janeiro, a prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) variou 0,58%, ante avanço de 0,78% em dezembro. O resultado veio acima da nossa projeção (0,50%) e da expectativa do mercado (0,44%). A inflação acumulada em 12 meses apresentou aceleração, de 10,06% no IPCA fechado de dezembro para 10,20% em janeiro. A leitura ainda teve influência da volta de preços de itens contemplados na Black Friday, ainda que em menor grau. O maior desvio altista veio no núcleo de bens industriais, com altas disseminadas. Destaque para o avanço do grupo de eletrodomésticos e equipamentos (2,26%) e veículo próprio (1,6%). Em serviços, destacam-se a queda menos intensa de passagens aéreas (-18,2%) e as altas de aluguel (1,55%) e pacote turístico (2,75%).  Nesse sentido, a medida de serviços subjacentes acelerou em relação aos últimos meses, para 0,99%. Com relação aos núcleos, que são métricas que excluem ou suavizam itens voláteis, a média de três meses com ajuste sazonal anualizada voltou a avançar, de 8,91% para 9,11%, refletindo a maior pressão em bens industriais. Em 12 meses, a média dos núcleos alcançou 7,46%. Nossa expectativa é que o IPCA deverá encerrar 2022 com variação de 5,5%.

Incorporando as surpresas positivas dos setores de serviços e varejo em novembro, o Índice do Banco Central de atividade (IBC-Br) teve avanço de 0,7% na margem. O indicador prévio do PIB registrou resultado ligeiramente abaixo da nossa projeção (0,8%). Na comparação interanual, o índice teve alta de 0,4%. O indicador repercutiu o crescimento do volume de serviços (2,4%) e das vendas do varejo (0,5%) no mês, apesar da queda da produção industrial (-0,2%) na margem em novembro. Com o resultado, o IBC-Br se encontra 0,7% abaixo do nível pré-crise. Em termos de carrego estatístico, a média de outubro e novembro representa queda de 0,4% em relação à média do 3º trimestre de 2021. Com isso, nossa projeção de PIB para o ano de 2021 permanece em 4,6%.

Nos EUA, o Fed confirmou o fim do programa de compras  de ativos em março, sinalizando alta de juros em breve. Conforme esperado, o Comitê manteve a taxa de juros entre 0% e 0,25%, mas a novidade no comunicado foi a sinalização de iminente aumento de juros, o que indicaria alta de 25 pb já na reunião de março. Sobre o balanço do Fed, a nota divulgada em conjunto com o comunicado reforçou que a taxa de juros segue como o principal instrumento de política monetária, de forma que a redução do balanço ocorreria apenas após alta de juros, muito provavelmente a partir do 3º trimestre. No comunicado, as preocupações com o mercado de trabalho aquém do esperado pelo Fed foram substituídas pela qualificação de “mercado de trabalho forte”. O Fed também reconheceu que a inflação está “bastante acima da meta de 2%”.

Na entrevista após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, surpreendeu com sua postura mais preocupada com a inflação. Powell mostrou alerta com o cenário de inflação alta e não descartou aumento de juros em todas as reuniões deste ano, tampouco se comprometeu com um ritmo fixo de ajuste da política monetária. Ademais, Powell afirmou que existe um amplo espaço para aumentar os juros sem impactar o mercado de trabalho. Com isso, mantemos nosso cenário em relação às decisões do Fed, que contempla seis altas de juros em 2022, levando a taxa básica de juros a 1,5% a.a.

Por fim, na China, os dados de atividade seguiram direções opostas. O PIB da China no 4º trimestre  avançou 4%, acima da expectativa do mercado (3,3%). Com isso, a China cresceu 8,1% em 2021, após avanço de 2,2% em 2020. Em relação aos dados de dezembro, a produção industrial, na comparação interanual, apresentou expansão de 4,3%, ante expectativa de 3,7%, o que representou melhora diante das recentes frustrações em virtude das medidas de restrições à mobilidade e problemas no fornecimento de energia. De outro lado, as vendas no varejo surpreenderam negativamente, com avanço de apenas 1,7% em termos anuais, bem abaixo da expectativa de 3,8%. O número foi pressionado pelo novo surto da pandemia que tem implicado em redução da mobilidade no país. Nossa expectativa é de crescimento de 5,0% para este ano, embora a desaceleração do setor imobiliário mantenha presente viés de baixa para as projeções sobre a atividade econômica.

Selo-Gestao-Recursos-Positivo-01

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui