RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, a recuperação da atividade segue em ritmo lento. No âmbito global, o PIB da Alemanha e os últimos dados da China sugerem atividade em desaceleração.

O índice de atividade econômica mensal (IBC-Br) registrou alta em junho, mas segue em ritmo lento de recuperação.No mês, o indicador avançou 0,3% em relação a maio, acima da nossa expectativa e do mercado, ambas de 0,1%. Apesar da melhora no mês, a atividade encerrou o 2º trimestre com recuo de 0,1% na margem, após queda de 0,5% nos primeiros três meses do ano. O IBC-Br corrobora o cenário de recuperação lenta da atividade no 1º semestre, com crescimento de 0,6% em termos anuais. No mesmo período em 2018, o IBC-Br registrava expansão de 0,8%. Para o PIB do ano, mantemos a projeção de crescimento de 0,8%, com viés de baixa.

O resultado das eleições primárias na Argentina surpreendeu e o retorno da oposição kirchnerista é bastante provável em outubro. Ao contrário do empate técnico apontado pelas pesquisas de opinião, o candidato oposicionista de esquerda, Alberto Fernandez (vice Cristina Kirchner) obteve 47% das intenções de votos, superando em mais de 15 pontos percentuais o 2º colocado, atual presidente Mauricio Macri. Na Argentina, um presidente é eleito em 1º turno com 45% dos votos ou 40% e uma diferença de pelo menos 10 pontos ante o 2º colocado. Portanto, é elevada a probabilidade de retorno da coalizão kirchnerista ao poder em 27 de outubro (1º turno).

Diante da dúvida acerca da continuidade dos ajustes, ativos argentinos sofreram perdas elevadas. Em cenário de restrição externa, o temor é de que a descontinuidade dos compromissos fiscais e monetários comprometa a disponibilidade de financiamento externo. Parceiro comercial relevante do Brasil, em 2018 a Argentina foi o destino de US$ 10 bilhões (6,2% do total) de bens exportados, com destaque para o setor de automóveis que exportou US$ 2,7 bilhões. Até o momento, as exportações para a Argentina acumulam queda de 40% no ano. A perspectiva de extensão da crise deverá ter impacto negativo próximo de 0,2% no PIB brasileiro.

Nos EUA, o desempenho do consumo segue robusto, enquanto a inflação superou a expectativa. Na margem, o volume de vendas que possui maior aderência com a dinâmica do PIB (exclui automóveis, alimentação, gasolina e materiais de construção) teve expansão de 1% na margem, acima da expectativa do mercado (0,4%). Já a inflação ao consumidor (CPI) apresentou surpresa altista em julho. O núcleo do CPI avançou 2,2% no período, acima da expectativa de estabilidade em 2,1%. O resultado mais pressionado contou com aceleração inesperada no CPI de bens, de 0,2% para 0,4%. Apesar do quadro benigno da demanda doméstico, acreditamos que, em virtude da continuidade da tensão comercial, o Fed reduzirá a taxa de juros em 25 p.b. em setembro.

Na Alemanha o PIB apresentou contração de 0,1% no 2º trimestre de 2019. No 1º trimestre do ano, o país registrou crescimento de 0,4%. Na comparação anual, a principal economia da Europa cresceu 0,4%, ante 0,7% no 1º trimestre. Segundo o comunicado do Escritório Federal de Estatística (Destatis), o setor externo liderou as perdas, enquanto a demanda doméstica manteve a contribuição positiva para o PIB. A escalada da tensão comercial e incerteza relacionada ao Brexit compõe o cenário externo desafiador para a economia alemã.

Na China, a produção industrial cresceu no menor ritmo em 17 anos. No mês, a indústria cresceu 4,8%, abaixo das expectativas do mercado (6,0%) e da variação registrada no mês anterior (6,3%). As vendas no varejo e os dados de investimentos também frustraram a expectativa do mercado. Diante desse quadro de piora e da escalada da guerra comercial, acreditamos que o governo implemente novas medidas de estímulo para a economia, em especial corte de juros e aumento de gastos em infraestrutura.

Na agenda local, destaque para a divulgação do IPCA-15 na quinta-feira, para o qual projetamos alta de 0,16% na margem. Na agenda global, serão divulgados os indicadores de confiança da indústria e inflação na Zona do Euro. Nos EUA, a ata da reunião do FOMC será divulgada na quarta-feira. Ademais, a semana terá a realização do Simpósio de Jackson Hole, o qual contará com o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira.

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