RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, a recuperação da atividade segue em ritmo lento. No âmbito global, o PIB chinês desacelera e o consumo nos EUA permanece resiliente.

O indicador mensal de atividade (IBC-Br) em maio sinaliza retomada lenta da economia. No mês, o IBC-Br avançou 0,5% na margem, em linha com a expectativa do mercado. A alta em maio interrompeu quatro quedas consecutivas do indicador. Em termos anuais a variação foi de 4,4%, após recuo de 0,5% em abril. Esse resultado corrobora a tendência apresentada por outros dados de atividade, apontando para um crescimento gradual da economia nos primeiros meses do ano. Apesar da melhora nas condições financeiras e do aumento da confiança, acreditamos que o PIB deverá crescer 0,8% em 2019, desacelerando em relação ao crescimento de 1,1% em 2018. 

Dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior  (FUNCEX) revelam um quadro de menor dinamismo no comércio global. No acumulado do ano até junho, o menor ímpeto da economia global tem impactado tanto o preço das exportações brasileiras, com recuo de 3,9% (alta de 5,2% em 2019), como o volume de bens exportados, com  alta de 0,2% (alta de  4,7% em 2019). Além do preço menor dos bens básicos, a queda do quantum exportado de manufaturados tem impactado o resultado do saldo comercial. No caso das importações, os preços acumulam queda de 2,7%, enquanto o quantum apresenta aumento de 2,6%. A desaceleração da economia chinesa e a contração do PIB na Argentina têm afetado o desempenho do comércio exterior. Após saldo comercial de US$ 58,3 bilhões em 2018, projetamos saldo de US$ 50,5 bilhões nesse ano.

Nos EUA, as vendas no varejo cresceram acima do esperado em maio, reforçando o cenário de robustez da demanda doméstica. Na margem, o volume de vendas cresceu 0,4%, acima da expectativa do mercado (0,2%). No grupo de controle (exclui vendas de automóveis, alimentação, gasolina e materiais de construção), que possui maior aderência com a dinâmica do PIB, a expansão foi de 0,7% na margem, acima da expectativa do mercado (0,3%). A indústria de transformação, por sua vez, expandiu 0,4% na margem, também superando a expectativa de crescimento de 0,3%. A despeito dos temores em relação ao impacto da desaceleração global sobre a economia norte-americana, o consumo não dá sinais de arrefecimento. Com os números até o momento, o PIB do 2º trimestre sinaliza expansão de 2,5%, após alta de 3,1% no trimestre anterior.

Na Zona do Euro, o núcleo da inflação ao consumidor (CPI) acelerou em junho, mas permanece distante da meta do Banco Central Europeu (BCE). O CPI teve alta de 1,3% na comparação anual, o que representou uma leve aceleração em relação ao mês anterior (1,2%).  O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, acelerou para 1,1% em junho, ante 0,8% em maio. Apesar do aumento no núcleo, a inflação segue distante da meta do BCE (em torno de 2%). Os indicadores recentes de confiança e expectativa da inflação mostram um cenário de perda de força da atividade, combinado com uma redução das projeções dos números de inflação para os próximos anos. Diante disso, avaliamos que o BCE adotará novos estímulos para a economia na reunião de setembro.

O PIB chinês desacelerou no 2º trimestre, o que representou o menor crescimento em 27 anos. No 2º trimestre de 2019, o PIB da China registrou aumento de 6,2% na comparação anual, abaixo do crescimento obtido no trimestre anterior de 6,4%.  O resultado, em linha com a expectativa do mercado, foi impulsionado pelos indicadores de atividade de junho. Após dados mais fracos em abril e maio, a produção industrial, as vendas no varejo e os investimentos em ativo fixo (FAI) surpreenderam positivamente as expectativas em junho, mostrando um crescimento difuso, com destaque para a aceleração nas atividades ligadas ao governo. O cenário de tensão comercial e desaceleração da atividade global insere um risco de piora para a atividade nos próximos trimestres. Acreditamos que o governo adotará estímulos para a atividade no sentido de manter o crescimento acima de 6%.

Na próxima semana, o destaque da agenda local fica por conta do IPCA-15 de julho que será divulgado na terça-feira, para o qual projetamos alta de 0,12% na margem. Ademais, serão divulgadas as notas de crédito e setor externo ao longo da semana. No âmbito global, o BCE se reunirá na quinta-feira e deverá sinalizar a disposição em adotar novos estímulos no curto prazo.  Nos EUA, a primeira leitura do PIB do 2º trimestre será divulgada na sexta-feira.

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