RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, a indústria indica crescimento modesto do PIB no 2º trimestre. Nos EUA, os salários permanecem contidos.

A produção industrial contraiu menos do que o esperado em maio. No mês, a indústria recuou 0,2% na margem, resultado acima da nossa projeção (-1,0%) e do mercado (-0,3%). Entre os setores, a alta da produção de intermediários (+1,3%) e a queda em bens de consumo (-1,8%) foram os destaques no mês. Vale mencionar a alta de 10% entre fevereiro e maio da produção de bens de capital, o que sinaliza a recuperação dos investimentos. A produção extrativa mineral, por sua vez, também teve forte alta de 9,2% na margem, sinalizando alguma retomada da produção de minério de ferro após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Em geral, os dados apontam para um crescimento modesto de 0,3% no 2º trimestre, após contração de 0,2% no 1º trimestre. Avaliamos que a indústria deverá apresentar uma recuperação gradual ao longo do 2º semestre, compatível com a nossa projeção de crescimento do PIB de 2019 de 0,8%.

O saldo comercial somou US$ 5 bilhões em junho, permanecendo em patamar elevado no ano. O superávit ficou abaixo da expectativa do mercado (US$ 5,4 bi), representando uma queda de 4,2% em relação ao patamar de 2018.  Essa piora foi reflexo da queda de 0,8% das exportações pelo critério de média diária, na comparação anual. Em sua composição, houve aumento nas exportações de produtos básicos, enquanto as vendas de produtos manufaturados e de semimanufaturados recuaram, reflexo da piora das condições demanda na Argentina. Já as importações tiveram aumento de 0,5% ante junho de 2018. No ano o saldo acumulado é de US$ 27,1 bilhões, ante US$ 30 bilhões no mesmo período do ano passado. Projetamos saldo comercial de US$ 50,5 bilhões. 

Nos EUA, a geração de vagas surpreendeu positivamente em junho, mas os salários seguem contidos. No mês, foram geradas 224 mil vagas de trabalho, patamar acima do esperado pelo mercado (160 mil). Os salários, por seu turno, tiveram variação na margem abaixo da expectativa (0,2% ante 0,3%), crescendo 3,1% em termos anuais. Por fim, a taxa de desemprego aumentou de 3,6% para 3,7% em decorrência do aumento da taxa de participação no mercado de trabalho, de 62,8% para 62,9%. A despeito da geração de vagas robusta, a dinâmica de salários permanece comedida, sem pressionar a inflação. Nesse sentido, mantemos a expectativa de corte de juros de 100 pontos-base pelo Fed nesse ano. 

O indicador de confiança da indústria global (PMI) sugere contração no mês de junho. Entre maio e junho, o PMI da indústria global passou de 50,1 para 49,8 pontos, sinalizando contração da atividade (abaixo de 50 pontos). O movimento de desaceleração foi liderado pela queda do indicador de confiança dos EUA (ISM), que cedeu de 52,1 para 51,7 pontos no período, afetando também o indicador agregado dos países desenvolvidos, que recuou de 50,3 para 49,9 pontos. Na Zona do Euro, o PMI atingiu o patamar de 47,6 pontos, apontando contração na indústria pelo 5º mês consecutivo. O PMI dos países emergentes cedeu de 49,9 para 49,6 pontos, mesmo com a manutenção do PMI chinês em 49,4 pontos. A fraqueza da atividade industrial, combinada com a tensão comercial envolvendo os EUA e a China, contribui para a manutenção do viés acomodatício adotado pelos bancos centrais nos meses recentes.

Na próxima semana os destaques da agenda ficam por conta dos números de inflação e vendas no varejo. Na quarta-feira será divulgado o IPCA de junho, para o qual esperamos deflação de 0,04%. Ainda na agenda local, as vendas no varejo de maio serão conhecidas na quinta-feira. No calendário global, o FOMC divulgará a ata da última reunião na quarta-feira.

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