No Brasil, a inflação segue baixa e a produção industrial apresentou nova queda. Nos EUA, houve geração de vagas abaixo do esperado em agosto.
A inflação ao consumidor (IPCA) registrou alta em linha com o esperado em agosto, reforçando que o quadro segue benigno. O IPCA subiu 0,11% na margem, em linha com a nossa expectativa e do mercado, ambas em 0,11%. Em relação aos grupos, a maior alta ocorreu no grupo Habitação, que apresentou alta de 1,2%, pressionado pelo preço da energia elétrica. Por outro lado, houve deflação de Alimentos. Em 12 meses, o IPCA aumentou de 3,2% para 3,4%. Em termos qualitativos, a média dos núcleos de inflação (que exclui itens voláteis) subiu de 3,1% em julho para 3,2% em agosto. Projetamos alta de 3,5% em 2019 e de 3,7% para 2020.
A produção industrial recuou 0,3% na margem em julho, sinalizando ritmo de atividade moderada no 3º trimestre. O resultado veio em linha com a nossa expectativa (-0,2%) e abaixo da mediana do mercado (+0,5%). Dentre os setores, a produção extrativa mineral apresentou recuperação, com alta de 6,0%. Os destaques negativos foram a produção de outros químicos (-2,6%), bebidas (-4,0%) e alimentos (-1,0%), que puxaram a queda do indicador no mês. Houve queda também na produção de intermediários e de bens de capital. Em 2019, a indústria acumula queda de 1,3%. Com esse resultado, o tracking do PIB do 3º trimestre indica estabilidade na margem.
Nas contas externas, o superávit comercial permanece em patamar elevado, porém com moderação recente nas exportações e importações. Em agosto, o superávit acumulado em 12 meses atingiu US$ 53,2 bilhões, ante US$ 58,0 bilhões registrados em 2018. Diante da desaceleração do crescimento global, tanto as exportações quanto as importações têm registrado ritmo mais fraco no 3º trimestre. Apesar das exportações de produtos básicos estarem estáveis na margem, após um início de ano mais fraco, os embarques de manufaturados permanecem em retração. As importações, por sua vez, têm apresentado recuperação desde o início do ano, porém em menor ritmo nos últimos meses. Avaliamos que o saldo comercial deve encerrar o ano em superávit de US$ 52,3 bilhões.
Nos EUA, houve geração de vagas abaixo do esperado em agosto. No mês, 130 mil vagas de trabalho foram geradas, abaixo do esperado pelo mercado (160 mil). Os salários, por sua vez, tiveram aumento de 0,4% na margem, ante expectativa de 0,2%, e cresceu 3,2% na variação anual. A taxa de desemprego seguiu em 3,7% pelo 3º mês consecutivo. De forma geral, os dados do mercado de trabalho americano mostram um arrefecimento na geração de vagas desde o início do ano, passando de 200 mil em janeiro para 150 mil em agosto, na média móvel de três meses. Em seu discurso mais recente, Jerome Powell (presidente do Fed) sinalizou que o Fed continuará agindo conforme apropriado para sustentar a expansão dos EUA. Nesse sentido, mantemos a expectativa de corte de juros de 25 pontos-base pelo Fed na reunião de setembro.
O indicador de confiança da indústria global (PMI) apresentou nova queda em agosto. O PMI da indústria global atingiu 49,1 pontos no mês, e desde junho sinaliza contração da atividade (abaixo de 50 pontos). A contração é liderada pelo indicador dos países desenvolvidos. Na Zona do Euro, o PMI atingiu o patamar de 47,0 pontos, apontando contração na indústria pelo 6º mês consecutivo. O indicador de confiança dos EUA (ISM), que apresentava resiliência com relação à desaceleração global, cedeu de 52,1 para 49,1 pontos na última leitura. Por sua vez, o PMI dos países emergentes manteve-se estável em 49,6 pontos. A fraqueza da atividade industrial e a queda da confiança, combinada com a tensão comercial envolvendo os EUA e a China, contribuem para a manutenção do viés acomodatício adotado pelos bancos centrais no mundo.
Na Alemanha, a produção industrial registrou queda de 0,6% em julho. O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que era de aumento de 0,4%. Entre os setores, a queda foi impulsionada por um declínio na produção de bens de capital (1,2%), enquanto bens de consumo registrou alta de 0,6%. A perspectiva para os próximos meses permanece desafiadora com a confiança da indústria em queda e sem aumento expressivo nas novas encomendas para o setor.
Na agenda da semana que vem, destaque para a decisão de taxa de juros do Banco Central Europeu na quinta-feira. Ademais, teremos a divulgação do índice de inflação ao consumidor dos Estados Unidos na quinta-feira. Na agenda local, serão divulgados os dados de vendas no varejo na quarta-feira e o indicador de atividade mensal do Banco Central (IBC-Br) na sexta-feira.