RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, o PIB apresentou alta acima do esperado, mas ainda indica recuperação moderada. No cenário global, o consumo segue robusto nos EUA e a inflação desacelerou na Zona do Euro.

O PIB registrou alta no 2º trimestre, mantendo a perspectiva de recuperação gradual da economia. Na margem, a economia cresceu 0,4%, acima da nossa expectativa e do mercado, ambas em 0,2%. Pela ótica da demanda, o destaque foi o forte crescimento de 3,2% dos investimentos, surpreendendo a nossa expectativa de alta de 2,6%. O consumo das famílias, por sua vez, cresceu 0,3%, refletindo o cenário de lenta recuperação do mercado de trabalho formal. Já os gastos do governo contraíram 1,0%. Analisando a partir da ótica da oferta, a indústria foi o destaque positivo, com alta de 0,7%. O setor de serviços cresceu 0,3%, com destaque para as atividades imobiliária e comércio (ambos +0,7%). Em linhas gerais, o resultado do 2º trimestre afasta o risco de crescimento mais baixo no ano, levando a um viés de alta para a nossa projeção de crescimento de 0,6%.

O setor público consolidado apresentou déficit de R$ 2,8 bilhões em julho, o menor resultado para o mês desde 2013.Em 12 meses, o déficit primário acumulado foi de R$ 98,9 bilhões (1,4% do PIB). O resultado nominal, que inclui o cálculo dos juros, se encontra deficitário em R$ 458 bilhões (6,5% do PIB). A dívida bruta atingiu 79% do PIB, alta de 0,3 pontos percentuais em relação mês anterior. Para o ano, avaliamos que o déficit primário encerrará em R$ 116 bilhões (1,5% do PIB), ante meta estipulada pelo governo de R$ 132 bilhões (1,8% do PIB). Já para a dívida bruta, projetamos 78,1% do PIB, incluindo devoluções do BNDES de RS 120 bilhões.

As contas externas de julho apresentaram déficit acima do esperado, mas a situação segue confortável. No mês, o saldo em conta corrente foi deficitário em US$ 9,0 bilhões, ante nossa projeção de déficit de US$ 5,6 bilhões. Com os números de julho, o saldo em conta corrente em 12 meses atingiu US$ 24,4 bilhões (1,3% do PIB). Quanto ao fluxo financeiro, os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 7,7 bilhões no mês. Já o fluxo líquido de renda fixa, ações e fundos foi positivo em US$ 5,0 bilhões e, no ano, o resultado é de US$ 14,1 bilhões. Avaliamos que o déficit em conta corrente deverá encerrar o ano em US$ 23,5 bilhões (1,3% do PIB).

Os dados de crédito exibiram tendência positiva em julho, com aumento do estoque e inadimplência baixa. No mês, o estoque total de crédito somou R$ 3,3 trilhões, crescimento nominal de 5,1% em termos anuais, com alta de 10,6% no saldo de pessoa física (PF) e queda de 1,5% em pessoa jurídica (PJ), em parte reflexo da migração de parcela do crédito às empresas para o mercado de capitais. Como proporção do PIB, o estoque de crédito recuou de 47,2% para 46,9%. Por fim, a taxa de inadimplência atingiu 3,0%, com 3,4% para PF e 2,5% para PJ, permanecendo em patamar baixo. O cenário de recuperação consistente do mercado de crédito se mantém, dado o baixo nível da taxa de juros e do aumento da confiança.

Nos EUA, a segunda leitura do PIB do 2º trimestre confirma a robustez do consumo. Na margem, o PIB cresceu 2% em termos anualizados, levemente abaixo da primeira divulgação. Destaque para o desempenho do consumo, que na mesma base de comparação foi revisado de 4,3% para 4,7%. Para os próximos meses, os dados de confiança do consumidor sugerem a continuidade do desempenho robusto do consumo. Em termos de inflação, o núcleo do PCE, principal indicador de inflação acompanhado pelo Fed, variou 0,2% em agosto, o que representou alta de 1,6% em termos anuais. Mesmo com o avanço do PIB, as incertezas relacionadas aos impactos da desaceleração global implicarão, a nosso ver, nova redução dos juros em 25 p.b. pelo Fed na reunião de setembro.

Na Zona do Euro, a inflação (CPI) desacelerou de 1,1% em julho para 1,0% em agosto. O núcleo da inflação (exclui alimentos e energia) ao consumidor registrou alta de 0,9% em termos anuais, abaixo da expectativa do mercado e da leitura de julho, ambas em 1,0%. A continuidade da inflação distante da meta de 2,0% pressiona o Banco Central Europeu (BCE), tendo em vista a perspectiva de piora da atividade na região. Em dezembro, o BCE estimava crescimento do PIB em 1,7% para 2019. Projeções mais recentes indicam crescimento abaixo de 1,0%. Avaliamos que o BCE reduzirá a taxa de juros em setembro e anunciará novo programa de compra de títulos.

Na Argentina, o governo requisitou a postergação dos pagamentos da dívida junto a seus credores. O plano abrange, primeiramente, a renegociação de títulos de curto prazo (Letes, Lecaps, Lecer, e Lelink) junto aos investidores institucionais, buscando postergar os pagamentos em 3 e 6 meses, o que geraria uma economia prevista de US$ 7,2 bilhões em 2019. Ademais, o governo  pretende enviar ao Congresso um projeto para reestruturar seus compromissos de longo prazo com investidores locais. O atual Ministro da Fazenda, Hernán Lacunza também anunciou que iniciará conversas com investidores estrangeiros para rever os vencimentos da dívida nos próximos anos, incluindo os acordos com o FMI. Diante de um cenário de restrição externa, a recessão na Argentina deverá ter continuidade em 2020, impactando negativamente as exportações do Brasil.

Na agenda local da próxima semana, destaque para a divulgação do índice de inflação ao consumidor (IPCA) de agosto na sexta-feira, para o qual esperamos alta de 0,11%. Além disso, na terça-feira serão divulgados os dados da produção industrial (PIM) de julho. Na agenda global, os EUA divulgarão o relatório de emprego do mês de agosto na sexta-feira.

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