NOSSA VISÃO CRÉDITO E MERCADO

NOSSA VISÃO 15/03/2021
RETROSPECTIVA
Semana marcada por muita volatilidade no mercado, temas relacionados a política seguem sendo o principal foco por aqui. Ao início da semana as anulações das condenações do ex-presidente lula geraram uma antecipação da discussão eleitoral para 2022, elevando as tenções do mercado.
Já como fator positivo, a PEC acabou sendo votada na Câmara, aliado ao cenário externo positivo, tivemos uma melhora na expectativa de mercado durante a semana, mas o sentimento que fica é de cautela, devido a todos os desgastes que envolvem o Brasil.
Ainda por aqui, o Covid-19 segue sendo prejudicial, onde aparentemente o sistema de saúde de alguns estados brasileiros estão próximos a colapsar, refletindo em medidas restritivas pelos governos e impactando diretamente na economia do país.
Na semana, conhecemos o IPCA de fevereiro, que ficou acima das expectativas, que levam as projeções para indicadores acima da meta para esse ano e possivelmente para ano que vem. Como consequência direta, o Banco Central deve se movimentar para efetuar alguns ajustes na taxa de juros.
A expectativa é que o BC passe uma visão mais conservadora e demonstrar que está pronto para promover os ajustes necessários para não perder o controle inflacionário do país, um discurso muito divergente disso, pode provocar mais oscilações no cambio e desequilibrar as taxas dos títulos mais longos.
Nos Estados Unidos, a economia parece estar solida, com o pacote fiscal aprovado de aproximadamente 2 trilhões de dólares e o quadro de imunização bem elaborada como as principais medidas.
O presidente Joe Biden declarou que o pacote deve por fim a pandemia e recuperar a economia norte americana, gerando demanda doméstica e crescimento global sustentável. Mas eleva as discussões sobre a inflação por lá, com uma política monetária tão expansiva, a concepção é de uma pressão inflacionaria no curto prazo, porém que pode não perdurar por muito tempo.
Na Europa, o ambiente parece se manter favorável, com o Banco Central Europeu anunciando a continuação do programa de compra de ativos e a taxa de juros inalterada, aliado a velocidade na vacinação no continente, os bons resultados das vacinas começam a ter impactos positivos por lá, gerando otimismo e um horizonte mais claro em relação a retomada econômica.
Na Inglaterra, as medidas de restrição vão sendo retirada de acordo com o estipulado, as escolas já estão abertas e a proposta do primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson é de que a abertura total ocorra até o final de junho.
Na Ásia, o clima é de cautela, tendo em vista que em breve possa acontecer um encontro entre Estados Unidos e China, sendo o primeiro oficial pós Trump. Em paralelo, as bolsa por lá surfam na medida fiscal aprovada pelos norte americanos e registram ganhos na semana.
Em resumo, o Ibovespa registou perda de (0,90%) na semana, o Dow Jones alta de 4,07% e a Nasdaq 3,08%.
RELATÓRIO FOCUS
Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções subiram de 3,98% para 4,60%. Para 2022, a previsão para o IPCA ficou 3,50%. Para 2023 e 2024, as estimativas ficaram em 3,25%.
A projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) foi de 3,26% para 3,23% em 2021. Para 2022, a estimativa saiu de 2,48% para 2,39%. Para 2023 e 2024, a projeção permaneceu em 2,50%.
A taxa de câmbio saiu de R$5,15 para R$5,30 em 2021. Para 2022, o valor saiu de R$5,13 para R$5,20. Para 2023 e 2024, a projeção ficou em R$5,00.
Para a taxa Selic, os analistas elevaram de 4,00% para 4,50% em 2021, mantiveram os 5,50% para 2022. Para 2023 2024 a projeção é de 6%.

PRESPECTIVA
As perspectivas se mantem as mesmas da semana anterior, os temas seguem proporcionalmente os mesmos, com exceção da PEC emergencial, que agora tem texto aprovado.
Ainda devemos observar os efeitos da decisão de Fachin em relação ao Ex-Presidente Lula, segue sendo muito cedo para especular sobre a decisão no longo prazo.
Entretanto o debate no mercado se concentra também nas possíveis reações de Jair Bolsonaro, que pode escolher o caminho de realizar atitudes mais populistas para tentar ter força para a eleição de 2022.
Podemos observar alguma mobilização dos Bancos Centrais em relação a política monetária, tendo em vista o plano de vacinação em prática, a aceleração da inflação e os estímulos que seguem sendo despejados na economia.
Podendo se esperar uma mudança na taxa de juros no futuro próximo, como já é adiantado no relatório semanal do Banco central.
Devemos observar também, o desenrolar da PEC emergencial, que com texto aprovado, deve começar a impactar o país, seja devido ao auxílio, ou por outros temas relacionados ao texto.
A partir disso, teremos que avaliar o andamento de reformas e em qual intensidade será elaborada, agora com a Câmara e Senado definido. O que tudo indica é auxílio emergencial menor e por cerca de quatro meses, como o mais indicado, sendo preciso ainda observar a PEC emergencial.
Devemos observar também o processo de imunização da população brasileira com novas vacinas podendo entrar no plano inicial, mesmo atrasado, o país segue tentando cumprir o plano estipulado.
A preocupação com o quadro fiscal, o grave endividamento e teto de gastos, restando apenas esperar que o acordado seja respeitado, caso o desajuste fiscal aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento inesperado na taxa de juros, por esse motivo, e do risco Brasil, fato que seria prejudicial para a o momento atual da economia.
Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal mais bem elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.
Segue no radar, o aumento dos índices de preço da economia, uma inflação que começou acelerar e que tem impactos significativos já no curto prazo, podendo já ser vista no IPCA. Agora com a sinalização do Relatório Focus indicando uma aceleração do índice para os próximos períodos.
Apesar de todas as oscilações de mercado, as expectativas seguem sendo o plano de vacinação contra a Covid-19 e toda a pauta de reforma que segue sem definição pelo governo.
Os dados indicam uma pressão no curto prazo nos preços ao consumidor amplo e isto pode levar o Banco Central a intensificar as discussões sobre o ritmo das reformas. É provável que a qualquer sinal de melhora constante na economia, devemos ter uma elevação da SELIC, mesmo que antes do projetado.
Os sinais de abertura na curva de juros, demonstrada pelo aumento da taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo, aliada ao fato que acontecia desde 2002 e que aconteceu em setembro e outubro de 2020, com as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas, indica a pressão sobre a Selic.
O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.
Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional – Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, com a estratégia de alocação em 10%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior, aos que possuírem porcentagem inferior a 10%, recomendamos a não movimentação no segmento. Os demais recursos mantenham-nos em “quarentena” esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.

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