NOSSA VISÃO 08/02/2021
RETROSPECTIVA
A primeira semana de fevereiro foi marcada pelo clima positivo nos mercados, devido principalmente ao avanço na vacinação contra o Covid-19 ao redor do mundo, podendo-se enfim enxergar uma aceleração em alguns países, em destaque os Estados Unidos.
Assim, a semana fecha no campo dos ganhos, com recordes sendo batidos nos Estados Unidos em seus principais índices, indicando uma expectativa de retomada econômica ainda esse ano. A tendência de queda de pessoas infectadas pelo vírus, a aceleração do processo de vacinação e um possível pacote de estímulos são os principais vetores para explicar a alta da semana.
No cenário Europeu, tivemos uma agenda enfraquecida na semana, tendo como foco a decisão do ex-presidente do BCE (Banco Central Europeu) de 2011 a 2019, Mario Draghi, de aceitar a missão de ajudar a formar um governo na Itália, que atualmente passa por uma crise política.
Draghi será primeiro-ministro da Itália, tendo a missão de substituir Giuseppe Conte. Em sua primeira aparição, Draghi disse “Derrotar a pandemia, completar a campanha de vacinação e relançar o país são os desafios que nos esperam. Temos os recursos extraordinários da UE…”
A volta de um dos italianos de maior prestígio nas últimas décadas, favoreceu o mercado acionado, aliado a uma semana sem medidas de restrições e avanço no processo de vacinação.
Na Ásia, a região se prepara para o feriado do ano novo lunar, onde o governo recomenda que a população ainda não realize viagens. A semana foi bem mista, com dias marcados pela realização de lucros e dias marcados otimismo do cenário externo e pela injeção de liquides do Banco do Povo da China. Tirando esses pontos, a agenda segue enfraquecida por lá.
Nos Estados Unidos, o ambiente de retomada econômica parece se criar novamente por lá, a aceleração do processo de vacinação vem dando resultados, renovando os ganhos em Wall Street. Em breve poderemos ver mais uma rodada de estímulos fiscais, desta vez na ordem de U$ 1.9 Trilhão.
O tema ganha força após um Payroll abaixo do esperado, aumentando o consenso de que ainda deve-se amparar os trabalhadores e empresas. Em paralelo, contribuindo para o otimismo do mercado na semana, a Johnson & Johnson pediu autorização para o uso emergencial de sua vacina para a FDA (Agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos).
Já por aqui, o lado político foi predominante, a definição para os nomes da Câmara e Senado foi o ponto alto da semana, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, foram os nomeados, os dois foram apoiados pelo governo.
A vitória de ambos soou bem aos mercados, a expectativa é de sequência as principais pautas para o país, como as reformas tributária, administrativa, PEC emergencial e pacto federativo. Não se pode afirmar quanto a velocidade do processo, porém o discurso foi favorável ao acontecimento.
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, indicaram que não elevarão a carga tributária, e receberam a missão de indicar o destino para corte de gastos, tendo em vista que o auxílio emergencial é de vontade do Congresso.
A Bovespa fecha em alta de 4,48% na semana, com uma desvalorização de 1,57 do dólar, frente a uma alta 6,01 da Nasdaq e 3,89 do S&P.
RELATÓRIO FOCUS
Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções subiram de 3,53% para 3,60%. Para 2022, a previsão para o IPCA caiu de 3,50% para 3,49%. Para 2023, as estimativas permaneceram em 3,25% e o mesmo número para 2024.
A projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) caiu de 3,50% para 3,47% em 2021. Para 2022, 2023 e 2324 a estimativa ficou em 2,50%.
A taxa de câmbio permaneceu em R$5,01 esse ano. Para 2022, o valor ficou em R$5,00 e para 2023 ficou em R$4,86. Em 2024, o valor se manteve em R$4,90.
Para a taxa Selic, os analistas estimaram a permanência de 3,50% para 2021, e mantiveram a alta em 5,0% para 2022. Para 2023 e 2024, a projeção é de 6%.
PERSPECTIVA
Para a próxima semana, devemos observar os avanços nos processos de vacinação, de acordo com a OMS, 75% das vacinas aplicadas, se concentram em somente 10 países, mostrando a dificuldade dos países mais pobres em se imunizar.
Há também a expectativa da votação do Pacote de auxílios norte americanos em duas semanas, elevando a liquidez global, e sustentando a economia no curto prazo.
A partir disso, teremos que avaliar o andamento de reformas e em qual intensidade será elaborada, agora com a Câmara e Senado definido. O que tudo indica é auxílio emergencial menor e por cerca de três meses, como o mais indicado, mas será preciso definir cortes de gasto para não furar o teto.
Devemos observar também o processo de imunização da população brasileira com novas vacinas podendo entrar no plano inicial, mesmo atrasado, o país segue tentando cumprir o plano estipulado.
A preocupação com o quadro fiscal, o grave endividamento e teto de gastos, restando apenas esperar que o acordado seja respeitado, caso o desajuste fiscal aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento inesperado na taxa de juros, por esse motivo, e do risco Brasil, fato que seria prejudicial para a o momento atual da economia.
Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal mais bem elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.
Segue no radar, o aumento dos índices de preço da economia, uma inflação que começou acelerar e que tem impactos significativos já no curto prazo, podendo já ser vista no IPCA. Mesmo com o Relatório Focus indicando uma desaceleração do índice para os próximos períodos.
Apesar de todas as oscilações de mercado, as expectativas seguem sendo o plano de vacinação contra a Covid-19 e toda a pauta de reforma que segue sem definição pelo governo.
Os dados indicam uma pressão no curto prazo nos preços ao consumidor amplo e isto pode levar o Banco Central a intensificar as discussões sobre o ritmo das reformas. É provável que a qualquer sinal de melhora constante na economia, devemos ter uma elevação da SELIC, mesmo que antes do projetado.
Os sinais de abertura na curva de juros, demonstrada pelo aumento da taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo, aliada ao fato que acontecia desde 2002 e que aconteceu em setembro e outubro de 2020, com as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas, indica a pressão sobre a Selic.
O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.
Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional – Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, com a estratégia de alocação em 10%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior, aos que possuírem porcentagem inferior a 10%, recomendamos a não movimentação no segmento. Os demais recursos mantenham-nos em “quarentena” esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.