NOSSA VISÃO 23/11/2020
RETROSPECTIVA
Semana marcada pelo contraste, enquanto novos países batem recordes de contaminação, como é o caso da Europa e dos Estados Unidos, mais empresas farmacêuticas anunciam resultados positivos na manipulação de vacinas para conter o Covid-19, isso deixou os agentes de mercado mais tranquilos que espelhou efeitos positivos na semana.
Nos Estados Unidos, Trump ainda segue na esperança de sair vitorioso após uma recontagem de votos, mas fato é que isso acaba por atrasar a transição de Biden ao poder, podendo ser prejudicial a sua equipe.
Biden por sua vez, mesmo após medidas para conter o Covid-19 em New York, diz não querer implementar medidas de Lockdown ao país, mas reforça a necessidade do pacote de estímulos fiscais.
Outro ponto principal da semana que evolve os Estados Unidos, foi o acordo do Pacífico, onde foi acertado um dos maiores acordo de livre comercio da história, o acordo tido como um dos maiores já feitos pode chegar a US$ 26 trilhões, quantia equivalente a um terço do PIB global. Vale a pena lembra que os Estado Unidos se retiraram do acordo em 2017.
Na Europa, a expectativa fica em torno da vacina para combater o Covid-19 sendo utilizada de forma emergencial ainda em 2020, isso serviu para os investidores tentassem recuperar algumas perdas ocasionadas nas semanas anteriores, elevando os níveis do mercado.
Em contrapartida, o FMI estima que a Alemanha tenha o PIB encolhido em 2020 de 5,5%, e recomenda ação conjunta para superar os efeitos do vírus na economia, mesmo a maioria dos países já não terem mais folga fiscal, tendo em vista que as políticas monetárias não estão surtindo os efeitos esperados.
Na Ásia, a principal notícia foi o anúncio de Pequim dizendo que irá incentivar o consumo no Japão. Como o resto do mundo, os olhares estão voltados para o desenvolvimento das vacinas em fase final, e seus efeitos imediatos já no mercado, ações ligadas as commodities também tem ajudado as bolsas asiáticas.
Por aqui, houveram ruídos do governo atribuídos pela fala de Jair Bolsonaro, no seu discurso na abertura da Cúpula do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o presidente afirmou que revelaria os países que estariam importando madeira ilegal da Amazônia e contribuindo para o desmatamento da floresta.
Essa declaração proferida pelo governo brasileiro tem o eventual potencial para criar crises diplomáticas com países com quem o Brasil já possui uma relação complicada, devido as críticas sobre o aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia.
O ministro Paulo Guedes tentou através de falas, forçar a discussão e votação de itens fundamentais para o país, mas não obteve grande sucesso. Ainda disse na semana que pode gastar reservas para reduzir endividamento.
Caso isso aconteça, pode ser visto como boa medida. Paulo Guedes quer agilidade no orçamento e principalmente desindexar, desvincular e desobrigar despesas públicas. Mas disse que se houver segunda onda de contágio por aqui, fará como fez no primeiro episódio. Guedes ainda citou que o país pode crescer mais de 4% em 2021 e que encontra barreiras imposta pela oposição para barrar privatizações.
Pelo lado positivo da semana, apesar do desempenho negativo na sexta-feira, o Ibovespa atingiu seu melhor nível de fechamento semanal desde fevereiro, aumentando a recuperação no mês de novembro, fechando a semana a 106.042 pontos.
RELATÓRIO FOCUS
Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções saíram de 3,25% para 3,45%. Para 2021, a previsão para o IPCA saiu de 3,22% para 3,40%. Para 2022, as estimativas ficaram em 3,50%. O índice ficou em 3,25% nas projeções para 2023.
A projeção para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) saiu de menos 4,66% para menos 4,55% este ano. Para 2021, a estimativa saiu de 3,31% para 3,40%. As projeções ficaram em alta de 2,50% para 2022 e 2023.
A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar saiu de R$5,41 para R$5,38 este ano. Para 2021, a projeção ficou em R$5,20. Já para 2022, a projeção ficou R$5,00 e saiu de R$4,88 para R$4,94 em 2023.
A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, ficou em 2,00% para 2020. Para 2021, saiu de 2,75% para 3,0%. As projeções ficaram em 4,50% em 2022 e 6,0% em 2023.
PRESPECTIVA
Nas próximas semanas devemos observar o desenvolvimento ou não da segunda onda de corona vírus, esse ponto deve ser o foco por parte dos investidores, tendo em vista a contaminação crescente nos EUA e na Europa.
Donald Trump segue judicializando o processo eleitoral americano, porém com a sua derrota praticamente sacramentada, o horizonte tende a se mostrar mais claro por lá, podendo finalmente ter o pacote de estímulos fiscais por parte do governo, elevando o bom humor dos mercados.
Por aqui, vimos uma grande entrada de capital estrangeiro na semana, caso isso continue acontecendo devido ao bom cenário que pode ser criado com o avanço das vacinas, poderemos alcançar níveis em bolsa próximos aos de pré pandemia.
A preocupação com o quadro fiscal, endividamento, rolagem de dívidas e teto de gastos, segue como principal pauta, caso isso aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento na taxa de juros e no risco Brasil e isso não seria bom para o estado da economia atual, que já segue prejudicada.
Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal mais bem elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.
Segue no radar, o aumento dos índices de preço da economia, uma inflação que segue acelerando e que tem impactos significativos já no curto prazo.
A partir de uma visão do Banco central onde passa a ideia de que as condições continuam essencialmente as mesmas sem mudanças no quadro fiscal e que aceleração da inflação seria temporária, como principal consequência a taxa de juros pode ficar baixa por mais tempo.
O que se observa são as taxas de juros prefixadas de vencimentos mais longos acabam ficando igualmente impressionadas em níveis mais elevados, sendo a compensação exigida pelos investidores pelo fato de eventualmente a Selic ao nível de hoje estar errada e precisar ser corrigido no futuro para cima. O que nos faz entender que certos segmentos não atraem devido ao prêmio pago e podem gerar volatilidade e risco aos portifólios.
Os dados indicam uma pressão no curto prazo nos preços ao consumidor amplo e isto pode levar o Banco Central a intensificar as discussões sobre o ritmo das reformas. É provável que a qualquer sinal de melhora constante na economia, devemos ter uma elevação da SELIC, mesmo que antes do projetado.
Já vemos também em renda fixa a percepção maior de risco com as taxas prefixadas, em especial as mais longas subindo bastante e abrindo a curva de juros, que é a diferença entre as taxas mais longas e mais curtas, indicando a percepção de risco mais latente dos investidores. Mostrando uma desproporção de retorno comparado ao risco, principalmente em prazos mais longos.
O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.
Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional – Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, alteramos a estratégia de alocação para 10% ante a 15%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior, aos que possuírem porcentagem inferior a 10%, recomendamos a não movimentação no segmento.
Os demais recursos mantenham-nos em “quarentena” esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.