NOSSA VISAO CREDITO E MERCADO

 

Nossa Visão – 25/05/2020
Retrospectiva
Os dados mais recentes do contágio pelo “coronavírus” no mundo mostram uma inflexão na curva Semana positiva para os mercados de risco, repercutindo notícias animadoras sobre resultados positivos de vacinas contra o “coronavírus” já com testes em humanos, além da abertura gradual das atividades em vários países que já passaram pelo pico da pandemia, e o esforço das autoridades monetárias de diversos países em apoiar a economia a retomar o rumo da expansão. Permanece o alerta das autoridades sanitárias diante de novos casos que possam sugerir uma nova onda de contágio nas economias que afrouxaram as regras de distanciamento social. Nem mesmo a tensão entre EUA e China tirou o humor dos investidores, que já coloca parte das agressões do presidente Donald Trump na conta da corrida eleitoral.
de novos casos e óbitos. São quase 5,4 milhões de pessoas infectadas no mundo, que levaram a mais de 344 mil óbitos. Os números mostram um crescimento de 14% no número de contágios e de 8% no número de óbitos em uma semana, indicando manutenção no avanço de contágios e recuo no avanço de óbitos em relação aos dados de sete dias atrás.
A divulgação de dados da atividade em diversos países segue mostrando a dimensão do estrago que a pandemia pelo “coronavírus” vem fazendo nas economias, porém recuperando-se após as quedas bruscas observadas nos meses de março e abril.
Nos EUA, o índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) composto preliminar teve leitura de 36,4 pontos em maio, ante os 27 pontos registrados em abril. O PMI do setor de serviço ficou em 36,9 pontos, enquanto o industrial anotou 39,8 pontos. A projeção do mercado era por leituras inferiores, de 30 e 38, respectivamente. Ainda por lá, foi noticiado que o número de desempregados vem crescendo exponencialmente diante da paralisação recente das atividades. Conforme informou o Departamento do Trabalho, desde meados de março até agora, o total de pessoas que perderam seus trabalhos atingiu 38 milhões. Somente na última semana, 2,4 milhões de americanos deram entrada no seguro-desemprego. Porém, o órgão informou que os números devem ser piores, devido à demora em contabilizar os números devido ao elevado número de processos ainda em análise.
Na zona do euro, o PMI composto ficou em 30,5 pontos no resultado prévio de maio. O estimado era bem inferior, de 25 pontos. O PMI de serviços ficou em 28,7 pontos, ante expectativa de 25 pontos. Já o PMI da indústria registrou 39,5 pontos, número também superior à projeção, de 38 pontos. Cabe lembrar que em abril, mês considerado pico da crise no hemisfério norte, o PMI composto na região anotou 13,5 pontos.
Para os mercados de ações internacionais, a semana foi de alta generalizada. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã, avançou 5,81%, o FTSE-100, da bolsa inglesa, valorizou 3,33%, O índice S&P 500, da bolsa norte-americana, subiu 3,20% e o Nikkei 225, da bolsa japonesa, cresceu 1,75%.
Por aqui, destaque para o encontro de governadores com o presidente Jair Bolsonaro para discutir a ajuda financeira aos estados e municípios frente à pandemia. Em tom conciliador, o presidente confirmou que sancionará o projeto de lei que destina verbas federais da ordem de R$ 60 bilhões. No campo da economia, destaque para a fala do presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, ao indicar um último ajuste no juro na próxima reunião do COPOM, em junho, um corte de até 0,75 pontos percentuais, o que levaria a taxa Selic para até a mínima de 2,25% ao ano. Destaque, também, para o relatório em que o ministério da Economia estimou que o déficit primário do governo central, que exclui o pagamento com juros da dívida, deve fechar 2020 com um rombo recorde de R$ 540 bilhões, por conta dos gastos para o enfrentamento da crise provocada pela pandemia pelo “coronavírus”.
Para a bolsa brasileira a semana foi de alta, acompanhando as bolsas internacionais e a cena política menos tensa. O Ibovespa encerrou a semana com alta de 5,95%, aos 82.173 pontos, acumulando valorização de 2,07% no mês, e desvalorização de -28,94% no ano. O dólar comercial encerrou a sessão de sexta-feira cotado a R$ 5,574 para a venda. Na semana, a moeda recuou -4,54% frente ao real, enquanto no ano acumula alta de 38,90%. Já o IMA-B Total encerrou a semana com valorização de 1,45%, enquanto no ano acumula desvalorização de -4,54%. Em 12 meses a valorização é de 7,93%.

Relatório Focus
No Relatório Focus revelado hoje, os economistas que militam no mercado financeiro seguem ajustando pra baixo a estimativa para a inflação deste ano em meio à fragilidade da atividade brasileira. A projeção agora é de que o IPCA encerre o ano em 1,57%, ante 1,59% da semana passada, décima primeira semana consecutiva de projeção em queda. Um mês atrás a previsão para o IPCA deste ano era de 2,20%. O resultado se distancia ainda mais da meta de inflação fixada pelo CMN para este ano, de 4,00%. Para 2021, o mercado financeiro reduziu a estimativa da inflação para 3,14%, ante 3,20% da semana anterior. Quatro semanas atrás, a previsão era de que a inflação do ano que vem seria de 3,40%. Em 2021, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
Para a Selic, o mercado manteve a projeção após a fala do presidente do Bacen, Roberto Campos Neto. O boletim mostrou que a expectativa dos economistas é de que o Bacen deve cortar a taxa Selic em 0,75 pontos percentuais na próxima reunião, em junho, levando a Selic dos atuais 3,00% para 2,25% ao ano, e estacionando nesse patamar até dezembro. Para o encerramento de 2021, a previsão para a taxa Selic foi reduzida para 3,29%, enquanto na semana anterior a expectativa era de 3,50%. Há quatro semanas a estimativa era de 4,25%.
Entre os economistas que mais acertam as previsões, reunidos no chamado “top 5”, as estimativas para a taxa Selic em 2020 foram mantidas em 2,25%. Para 2021 as apostas são de que a taxa Selic encerre o ano em 2,88% na mediana das coletas, ante previsão de 3,50% na semana passada.
Os efeitos da pandemia do “coronavírus” sobre a economia brasileira continuam fazendo os economistas aprofundarem os cortes nas projeções para o PIB em 2020, pela décima quinta semana seguida. Conforme o Relatório de Mercado Focus, a expectativa para a economia este ano passou de retração de -5,12% para -5,89%. Há quatro semanas, a estimativa era de queda de -3,34%. Para 2021, o mercado financeiro elevou a previsão do PIB para 3,50%, ante 3,20% da semana anterior. Quatro semanas atrás, estava em 3,00%. Em março, na esteira da pandemia pelo “coronavírus”, o BC atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,8% para variação zero. O próprio BC, no entanto, já reconheceu que o cenário está se alterando rapidamente e que, por isso, a projeção do RTI não reflete, necessariamente, a situação atual.
O relatório mostrou que a projeção para o câmbio ao final de 2020 voltou a aumentar, com o real agora estimado em R$ 5,40 na mediana das estimativas dos economistas consultados, ante projeção de R$ 5,28 uma semana atrás. Um mês atrás a projeção era de R$ 4,80. Para 2021, a projeção para o câmbio saltou de R$ 5,00 para R$ 5,03, ante R$ 4,25 de quatro pesquisas atrás.
Para o Investimento Estrangeiro Direto, caracterizado pelo interesse duradouro do investimento na economia, os números não sofreram alteração em relação à última pesquisa. A mediana das previsões para 2020 é de um ingresso de US$ 65,00 bilhões, enquanto que para 2021 a expectativa foi mantida em US$ 76,00 bilhões. Há quatro semanas, a estimativa era de ingressos da ordem de US$ 72 bilhões e US$ 80,00 bilhões, respectivamente.

Perspectiva

Os mercados de risco iniciam a semana em acentuada alta, diante da redução no aumento do número de casos de infecção pelo “coronavírus” em alguns países que iniciaram o processo de relaxamento da quarentena, além dos primeiros sinais positivos de que as economias estão se recuperando da pior fase da pandemia.
Por aqui, a percepção de que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo sigilo foi aberto pelo ministro do STF, Celso de Melo, não foi tão desastroso ao presidente Jair Bolsonaro, ajudou a afastar o clima de instabilidade política que poderia pesar contra o mercado. Tanto o Dólar quanto o mercado futuro do DI operam em queda nas cotações.
Além disso, o mercado contabiliza os primeiros sinais de melhora na economia brasileira, com a divulgação do índice de confiança do consumidor, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. O índice, que teve alta em maio ante abril de 3,9 pontos, saltou para 62,1 pontos, diante da expectativa de abertura gradual da atividade que vem sendo anunciada por diversos prefeitos e governadores no Brasil.
Em relação ao “coronavírus” no Brasil, até agora são mais de 363 mil infectados e 22 mil óbitos, apontando um aumento de 50% nos casos de infectados e 37% nos casos de óbitos em uma semana. O sistema de saúde está operando além da capacidade, com novos leitos de UTI sendo instalados, porém sem perspectiva de atender plenamente a demanda crescente. As taxas de isolamento social não têm sido suficientemente fortes para suavizar a curva de contágio de modo a dar fôlego ao sistema de saúde. Ainda assim, alguns Estados e Municípios mais afetados já planejam a retomada gradual da economia com restrições, porém seguem apertando as medidas para conter a circulação de pessoas, como restrições de veículos nas ruas até o “lockdown” em algumas cidades.
Na agenda externa da semana, destaque para a divulgação da segunda prévia do PIB nos EUA, que deve conformar uma queda próxima a 5% no primeiro trimestre, além dos desdobramentos da tensão entre EUA e China, após os norte-americanos anunciarem impor sanções a empresas chinesas de tecnologia, aumentando o conflito bilateral já exacerbado por conta das acusações, pelo governo dos EUA, sobre a falta de atitude da China em conter a disseminação do “coronavírus” para além das suas fronteiras.
Por aqui, destaque para a divulgação do PIB relativo ao primeiro trimestre, que já incorpora o início dos impactos da pandemia na economia, a partir da metade de março. Outro dado importante que será revelado, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial do país, que deverá mostrar uma menor pressão sobre os preços, além de dados de emprego e renda referente ao trimestre encerrado em abril.
Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Os demais recursos mantenham-os em “quarentena” esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperar na retomada do mercado. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.

 

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