NOSSA VISÃO 07/12/2020
RETROSPECTIVA
Semana extremamente positiva para os mercados ao redor do mundo e principalmente no Brasil, a volta por tomada de risco tem sido crescente nas últimas semanas, favorecendo a economia doméstica e auxiliando no câmbio, tendo em vista a entrada do investidor estrangeiro tem aumentado.
O bom humor do cenário externo se dá pelos mesmos motivos das semanas anteriores, essencialmente por conta do avanço no desenvolvimento das vacinas em combate ao Covid-19, podendo ser aplicada em massa em alguns países ainda esse ano, de maneira emergencial, por exemplo na Inglaterra e nos Usa.
Ao contraste do avanço das vacinas, os bancos centrais continuam preocupados com a disseminação dos vírus e trabalham com as políticas monetárias e fiscais para conter o recesso econômico.
Nos Estados Unidos, a transição de Biden ao poder segue acontecendo sem a imposição de Trump, deixando o clima menos tenso por lá. Durante a semana Janet Yellen foi confirmada como a nova secretaria do tesouro, fato que é visto com bons olhos pelo mercado.
Além disso, o pacote de estímulos fiscais parece estar mais próximo de ser acordado, democratas e republicanos voltaram a debater e o consenso pode chegar a U$ 900 bilhões, não sendo visto como ideal, porem como um bom começo.
Se tratando de indicadores, o PMI veio acima da expectativa do mercado, atingindo o maior nível desde 2015. Os pedidos de auxílios desemprego veem diminuindo, mostrando uma melhora nesse aspecto, o único dado que preocupou foi o de criação de empregos, que indicou uma desaceleração e contribuiu para a necessidade de mais estímulos por parte do governo.
Na Europa, em virtude de ser o atual epicentro da pandemia, foram canceladas as viagens de ano novo e natal, como é o caso da Itália. O que tange ao Brexit (saída da Inglaterra da União Europeia) a expectativa é que se firme um acordo já nas próximas semanas, ainda em 2020.
Por outro lado, o BCE (Banco Central Europeu) coloca em pauta a possibilidade de manter por mais um ano a compras de ativos com o objetivo de aumentar a liquidez dos mercados. Por lá segue nítida a desaceleração, de acordo com a deflação medida pelo CPI (Índice de Preços ao Consumidor).
Na Ásia, a expectativa é que já para as próximas semanas o primeiro-ministro do Japão, Suga, deva apresentar um pacote de estímulos reforçados. Já na China se esperava que com a entrada de Biden ao poder, algumas restrições impostar por Trump fossem retiradas, porém o que tudo indica é que isso não aconteça e que o governo americano possa banir algumas empresas chinesas do setor acionário.
Por aqui, mesmo com o passar das eleições municipais, não se viu grande atividade no congresso, porém Paulo Guedes indica que há a possibilidade de destravar algumas votações ainda para esse ano.
No mercado acionário a semana foi muito positiva, puxada pela entrada de capital estrangeiro na bolsa, devido ao cenário mais tranquilo nos Estados Unidos, que ocasionou uma valorização do real frente ao dólar e uma valorização das empresas que estavam mais defasadas por conta desvalorização ocasionada pela Covid-19 durante o ano, aliada a perspectiva da vacina disponível ainda para esse ano.
RELATÓRIO FOCUS
Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções saíram de 3,54% para 4,21%. Para 2021, a previsão para o IPCA saiu de 3,47% para 3,34%. Para 2022, as estimativas ficaram em 3,50%. O índice ficou em 3,25% nas projeções para 2023.
A projeção para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) saiu de -4,50% para -4,40% este ano. Para 2021, a estimativa saiu de 3,45% para 3,50%. As projeções ficaram em alta de 2,50% para 2022 e 2023.
A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar saiu de R$5,36 para R$5,22 este ano. Para 2021, a projeção saiu de R$5,20 para R$5,10. Já para 2022, a projeção ficou R$5,00 e ficou em R$4,94 para 2023.
A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, ficou em 2,00% para 2020. Para 2021, ficou em 3,0%. As projeções ficaram em 4,50% em 2022 e 6,0% em 2023.
PERSPECTIVA
O que se espera para as próximas semanas está diretamente ligado ao sucesso das vacinas em fase final, prometendo elevar o apetite ao risco por parte dos investidores. Já se viu isso acontecer durante a semana, com os principais índices dos EUA batendo recordes de pontuação.
A expectativa fica na manutenção desse ambiente mais estável, podendo contribuir para um desenvolvimento econômico mais constante, que possivelmente colaboraria para cessar o auxílio emergencial no Brasil, favorecendo o quadro fiscal do país.
Ao final da semana, o Ibovespa subiu 2,87% aliado a valorização do real frente ao dólar de 3,65%, devido ao ingresso de capital estrangeiro, aliviando o câmbio.
Com o decorrer da semana e ao se aproximar do final do ano, se espera uma atividade maior do governo no que tange as reformas.
A preocupação com o quadro fiscal, endividamento, rolagem de dívidas e teto de gastos, ainda segue como principal pauta, caso isso aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento na taxa de juros e no risco Brasil e isso não seria bom para o estado da economia atual, que já segue prejudicada.
Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal mais bem elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.
Segue no radar, o aumento dos índices de preço da economia, uma inflação que começou acelerar e que tem impactos significativos já no curto prazo, podendo já ser vista no IPCA.
Apensar de todas as oscilações de mercado, as expectativas do mercado seguem as mesmas, não enxergando espaço para uma queda brusca e esperando algum gatilho advindo das medidas do governo para um posicionamento mais forte nos ativos de risco.
Os dados indicam uma pressão no curto prazo nos preços ao consumidor amplo e isto pode levar o Banco Central a intensificar as discussões sobre o ritmo das reformas. É provável que a qualquer sinal de melhora constante na economia, devemos ter uma elevação da SELIC, mesmo que antes do projetado.
Ainda segue no radar os sinais de abertura na curva de juros, o que nos preocupa quanto ao aumento de taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo. Fato que não acontecia desde 2002 e que aconteceu em setembro e outubro, são as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas.
O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.
Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional – Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, mantemos a estratégia de alocação em 15%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior, aos que possuírem porcentagem inferior a 15%, recomendamos a não movimentação no segmento. Os demais recursos mantenham-nos em “quarentena” esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.
* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.
Indicadores Diários – 04/12/2020
Índices de Referencia – Novembro/2020