Retrospectiva
Para os mercados financeiros, local e internacional, o mês de junho se inicia repleto de expectativas, tanto positivas, quanto negativas. Que possa se repetir a alta volatilidade ocorrida no mês de maio é uma delas.
No exterior, nesse mês, as bolsas tiveram fortes quedas, juntamente com os preços de importantes commodities e os juros de títulos soberanos alcançaram novas mínimas. A disputa comercial entre EUA e China atingiu temperatura bem mais elevada com a imposição adicional de tarifas comerciais e declarações com novas ameaças de retaliação. O clima de aversão ao risco cresceu e provou forte demanda por títulos de baixíssimo risco e perdas principalmente nos ativos e moedas de países emergentes.
Com os ativos brasileiros não foi bem assim. Depois de seguidos atritos, o Executivo e o Legislativo firmaram acordo no sentido de aprovar o mais rapidamente possível a reforma da Previdência, o que foi suficiente para provocar forte alta das bolsas e baixa dos juros e do dólar. Adicionalmente, no aspecto econômico, a divulgação da queda do PIB do primeiro trimestre de 2019 reforçou as apostas de uma possível redução da taxa Selic para compensar.
Nesse aspecto, o presidente do Banco Central prontamente declarou que o BC não quer cair na tentação de tolerar inflação mais alta em troca de crescimento econômico. E no aspecto político, o relator da reforma da Previdência terminou a semana que passou admitindo a congressistas mais próximos a exclusão da mudança nas regras de aposentadoria dos servidores estaduais e municipais da reforma a ser aprovada, o que, segundo ele próprio seria muito grave. Enfim, ainda temos pela frente inúmeras incertezas.
Em relação à economia internacional, na zona do euro, a confiança do consumidor na atividade econômica melhorou ligeiramente em maio, frente a abril, ao registrar -6,8 pontos contra -7,3 pontos.
Nos EUA, o Departamento do Comércio divulgou nova estimativa do PIB do primeiro trimestre de 2019, que cresceu 3,1% em taxa anualizada, ligeiramente abaixo da expectativa dos economistas que era de um avanço de 3,2%.
Para os mercados de ações internacionais, a semana que passou foi novamente de quedas. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã caiu 2,37% e o FTSE-100, da bolsa inglesa 1,59%, o índice S&P 500, da bolsa norte-americana recuou 2,62% e o Nikkey 225, da bolsa japonesa 2,44%.
Em relação à economia brasileira, o IPC-S fechou maio com alta de 0,22%, depois de ter registrado alta de 0,63% em abril. O IGP-M, por sua vez, depois de ter registrado alta de 0,92% em abril, desacelerou para 0,45% de alta em maio.
Segundo o IBGE o PIB do Brasil recuou 0,2% no primeiro trimestre de 2019, em relação ao trimestre anterior. Foi a primeira queda desde o quarto trimestre de 2016. O setor agropecuário recuou 0,5%, o industrial 0,7% e os de serviços cresceu 0,2%.
Também conforme o IBGE, o índice de desemprego recuou de 12,7% no trimestre encerrado em março, para 12,5% no encerrado em abril. Cerca de 13,2 mihões de trabalhadores estavam sem emprego.
Para a bolsa brasileira, a semana continuou sendo de recuperação. O Ibovespa subiu 3,63% nesse período. No ano a variação positiva é de 10,40% e em doze meses de 25,62%. O dólar, por sua vez, caiu 2,27% na semana e o IMA-B Total subiu 2,07%.
Comentário Focus
No Relatório Focus de 31 de maio, a média dos economistas que militam no mercado financeiro estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 4,03% em 2019, frente a 4,07% na semana anterior. Para 2020 a estimativa é de que suba 4,00%, também como na semana anterior.
Para a taxa Selic, o relatório informou que, no fim de 2019 a taxa Selic estará em 6,50%, como na última pesquisa e em 2020 em 7,25%, como na pesquisa anterior.
Já para o desempenho da economia previsto para este ano, o mercado estimou a evolução do PIB em 1,13%, frente a 1,23% na semana anterior. Para 2020 a estimativa é que o PIB cresça 2,50%, como na semana anterior.
Para a taxa de câmbio, a pesquisa mostrou que a cotação da moeda americana deverá estar em R$ 3,80 no final do ano, como no último relatório e em R$ 3,80 no final de 2020, também como na semana anterior.
Para o Investimento Estrangeiro Direto, as expectativas são de um ingresso de US$ 82,65 bilhões em 2019, frente a US$ 83,29 bilhões na última pesquisa e de US$ 84,36 bilhões em 2020, como na pesquisa anterior.
Perspectiva
Nesta semana, na zona do euro, teremos a divulgação da inflação do consumidor em maio, da taxa de desemprego e das vendas no varejo em abril, além de nova estimativa do PIB do primeiro trimestre de 2019 e da realização de nova reunião de política monetária do BCE.
Nos EUA, teremos a divulgação das encomendas à indústria em abril, do Livro Bege e da taxa de desemprego em maio.
No Brasil, serão divulgados os dados parciais de inflação, o IPCA de maio e a produção industrial em abril.
No exterior teremos uma agenda densa, em que o principal evento é a reunião do BCE em que novas medidas de estimulo à economia da zona do euro podem ser discutidas. No Brasil, o evento econômico mais importante da semana será a divulgação do IPCA de maio. Em relação à reforma da Previdência o ministro Paulo Guedes irá comparecer novamente à Câmara dos Deputados, desta feita na Comissão de Finanças e Tributação após convocação de seus membros. E no STF os ministros deverão decidir se o governo precisa de autorização do Congresso Nacional para privatizar empresas públicas, parte importante do chamado ajuste fiscal.
Acabou sendo excelente o desempenho do IMA-B de longo e longuíssimo prazo no mês de maio e também tem sido no acumulado deste ano. Apesar disso, a alocação que temos sugerido aos nossos clientes já há algum tempo, continuou não contemplando diretamente esses prazos.
Por que razão?
Através dos últimos vinte e oito Relatórios Focus, divulgados semanalmente pelo Banco Central, soubemos que a média dos economistas que militam no mercado financeiro estima que a taxa Selic esteja em 6,50% ao ano, o mesmo patamar de hoje, no final de 2019. Mesmo assim, as taxas praticadas no mercado de títulos públicos prefixados e indexados ao IPCA, não pararam de cair desde um pouco antes das últimas eleições presidenciais, embaladas, sobretudo pelas expectativas de reformas econômicas que conduzam o país ao sonhado equilíbrio fiscal.
Como empresa de consultoria voltada para os RPPS, por um lado, sempre fizemos as nossas sugestões aos clientes baseados exclusivamente em indicadores macroeconômicos e as expectativas deles decorrentes. Por outro lado, também sempre levamos em conta que o processo decisório de investimento e desinvestimento em quase a totalidade dos RPPS tem ritmo próprio e diferente do dos mercados, representando um importante fator de risco adicional em conjunturas como a atual. Na medida em que as expectativas favoráveis ao avanço da reforma da Previdência têm produzido importantes ganhos na precificação dos títulos públicos citados, entraves a esse andamento já tiveram e podem novamente ter efeitos totalmente contrários. No campo das apostas tudo é possível e são muito significativos os custos de oportunidade envolvidos.
Assim, alternativamente, desde novembro do ano passado elevamos de 10% para 25% a nossa sugestão de investimento em fundos de investimento em títulos públicos, ativos na administração do duration. Os grandes bancos disponibilizam o produto, sendo que a rentabilidade de alguns se aproxima bastante da do IMA-B. Além disso seus gestores estão aptos a responderem muito mais rapidamente às mudanças de expectativas que vão se forjando no dia a dia dos mercados, principalmente no atual momento em que as reformas estão envolvidas.
Portanto, em relação às aplicações dos RPPS, como dissemos, aconselhamos o investimento de 25% dos recursos em fundos de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a ser acompanhado com a devida atenção por conta das posições assumidas pelo gestor.
Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total) recomendamos uma exposição de 30% e para os vértices de curto prazo, representados pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs a alocação agora sugerida é de 15%.
Permanece a recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das políticas de investimento e as exigências da nova resolução editada pelo CMN, é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por exemplo).
Quanto à renda variável, recomendamos uma exposição máxima de 30%, por conta da melhora do ambiente econômico neste ano, que já se refle em um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores e também pelo fato da importância do produto como fator de diversificação de portfolio, em um momento em que as taxas de juros dos títulos públicos não mais superam a meta atuarial.
Para a alocação em fundos multimercado a nossa sugestão é de 10% dos recursos e de 2,5% a alocação em FII e FIP, respectivamente, dada a pouca disponibilidade de produtos no mercado enquadrados para os RPPS. Para o investimento em ações, a nossa recomendação é de 15% dos recursos, tendo-se em vista o potencial de crescimento das empresas neste e nos próximos anos, como já dissemos, em uma conjuntura de baixa inflação e taxas de juros nas mínimas históricas. Muito embora ainda esteja no campo das expectativas, a implementação das reformas estruturais demandadas pelo mercado em muito também poderão influenciar o comportamento positivo das ações, no futuro.
Para aqueles clientes que já contam com investimento de 5% tanto em FII, quanto em FIP, recomendamos que o teto de investimento em ações se mantenha em 10%.
Por fim, cabe lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme as possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser direcionadas efetivamente para o longo prazo.
* Aos clientes que investem em FIDC / Crédito Privado / Fundo Debênture, utilizar como limite máximo o percentual destinado ao Médio Prazo.
** Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição de 15% aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.
Indicadores Diários -31/05/19
Índices de Referência -Abril/2019