INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
BRASIL: Inflação modera em janeiro. Comércio e serviços recuam em dezembro
MUNDO: Inflação arrefece em janeiro nos EUA e na China
Em janeiro, a inflação ao consumidor (IPCA) variou 0,25% na comparação mensal e, com isso, acumula alta de 4,56% nos últimos 12 meses. O resultado ficou levemente abaixo da nossa expectativa (0,29%) e da mediana do mercado (0,31%). As principais surpresas baixistas foram relacionados aos alimentos, com destaque para carnes e produtos in natura. Na ponta contrária, energia elétrica apresentou deflação menos intensa do que o esperado. Em termos qualitativos, a média dos núcleos do IPCA, que são métricas que excluem ou suavizam itens voláteis, registrou nova aceleração em termos anuais, de 2,8% para 3,0%. O indicador de difusão (excluindo alimentação), por sua vez, recuou de 65,3% para 59,8% entre dezembro e janeiro. No curto prazo, a pressão ainda existente nos preços no atacado deve implicar em aceleração do IPCA nas próximas leituras. Projetamos variação de 3,6% para o IPCA em 2021, valor próximo à meta do BCB, de 3,75%.
O Índice do Banco Central de atividade (IBC-Br) avançou 0,6% na margem em dezembro. O indicador prévio do PIB apresentou crescimento um pouco abaixo da nossa projeção (0,7%) e acima da mediana do mercado (0,4%). O resultado refletiu a alta da indústria (0,9%) e as quedas do comércio (-3,7%) e do setor de serviços (-0,2%) no mês. Na comparação interanual, o índice teve alta de 1,3%. No último trimestre, o índice avançou 3,1% na margem. No ano, o IBC-Br recuou 4,1% e se situa 0,9% abaixo do patamar pré-pandemia (média de janeiro e fevereiro). Com os últimos dados de atividade divulgados, nosso tracking do PIB do 4º trimestre passou para 2,6% na margem. Para 2020, esperamos queda do PIB de 4,2%.
As vendas no varejo no conceito restrito apresentaram queda de 6,1% em dezembro frente a novembro. O resultado ficou bem abaixo da nossa projeção (-0,6%) e do consenso de mercado (-0,8%). Entre os componentes, destaque para a queda em outros artigos de uso pessoal e doméstico (-13,8% de variação mensal), setor que engloba lojas de departamento, artigos esportivos e brinquedos. O setor de vestuário e calçados recuou 13,3% na mesma base de comparação. Os recuos pronunciados em ambos os setores revelam um contexto atípico das festas de final de ano. O varejo ampliado, que inclui todos os componentes do conceito restrito e adiciona as vendas de automóveis e materiais de construção, apresentou queda de 3,7% na margem em dezembro, abaixo da nossa projeção (-2,4%) e da mediana do mercado (-1,0%). As vendas de automóveis tiveram queda de 2,6% no mês. Com os dados de dezembro, tanto o volume de vendas no varejo restrito, como o ampliado, se situam apenas 0,4% acima do patamar pré-crise. A média das vendas no varejo ampliado no 4º trimestre representa alta de 2,8% em relação ao 3º trimestre deste ano.
O volume total de serviços prestados recuou 0,2% na margem em dezembro. Na comparação anual, a variação foi de -3,3%, resultado acima da nossa projeção (-3,5%), mas em linha com a mediana do mercado. No ano, o setor recuou 7,8%. O nível de atividade deste setor ainda se situa 4,2% abaixo do nível pré-crise. Considerando a abertura setorial, apenas serviços de comunicação (+0,3%) e administrativos (+0,1%) tiveram alta na comparação com novembro. A maior contribuição negativa veio de serviços prestados às famílias (-3,6%), setor mais afetado pela pandemia por abranger serviços não essenciais, como hospedagem e alimentação. Nesse caso, o nível de atividade ainda se situa 28,3% abaixo do pré-crise. Em resumo, setores ligados à pandemia e o caráter atípico das festas de final de ano também impactaram a leitura do indicador.
Nos EUA, a inflação apresentou surpresa baixista em janeiro, impactada por itens sensíveis à pandemia. No mês, o índice de preços ao consumidor (CPI) teve alta de 0,3% na margem, acumulando alta de 1,4% na variação interanual, ante 1,3% em dezembro. Os números ficaram abaixo da expectativa do mercado. Já o núcleo da inflação (exclui itens voláteis) desacelerou de forma inesperada de 1,6% para 1,4%, impactado especialmente pela inflação de serviços, que sofreu com a queda da mobilidade em decorrência da segunda onda da pandemia. De modo geral a inflação nos EUA segue bem comportada e ainda distante de resultar em preocupações por parte do Fed.
Na China, a inflação ao consumidor (CPI) apresentou deflação em janeiro. No mês, a taxa acumulada em doze meses foi de -0,3%, ante 0,2% em dezembro. Na mesma direção, a núcleo da inflação (exclui itens voláteis) recuou de 0,4% para -0,3% em termos anuais, com destaque para o enfraquecimento mais intenso da inflação de serviços, cuja variação foi de -0,7%. Os números ficaram abaixo da expectativa do mercado. Além da dissipação de choques e normalização de preços dos produtos in natura, a leitura do mês também contou com o efeito de algumas medidas de restrição à mobilidade, que afetam a dinâmica da atividade no setor de serviços. A inflação ao produtor (PPI), por sua vez, acelerou de -0,4% em dezembro para 0,3% em janeiro, pressionada pela alta nos preços das commodities. O cenário benigno de inflação prescreve a manutenção das medidas de estímulo no país.
Na próxima semana
Na próxima semana, destaque para a agenda internacional. As atenções se voltam para a divulgação da ata do FOMC na quarta-feira e para os dados de confiança (PMI) dos EUA e Zona do Euro na sexta-feira. Internamente, em virtude do feriado de Carnaval, a agenda não contempla a divulgação de indicadores relevantes.