INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

Brasil: Dados de crédito reforçam tendência positiva para a atividade

EUA: crescimento permanece sólido no 3º trimestre

Impulsionando o cenário de atividade, os dados de crédito exibiram tendência positiva em outubro, com aumento do estoque e inadimplência baixa. Entre setembro e outubro, o crescimento nominal do crédito acelerou de 5,8% para 6,3% em termos anuais. Essa alta foi liderada pela expansão do crédito à pessoa física (PF), que subiu 11,3%, com destaque para o crédito pessoal e veículos. Para pessoa jurídica (PJ), o estoque de crédito ficou estável, ante contração de 0,8% no mês anterior. Como proporção do PIB, o estoque de crédito permaneceu em 47,6%. Por fim, a taxa de inadimplência ficou estável em 3,9%, com leve recuo para PJ. O cenário de recuperação consistente do mercado de crédito se mantém, diante do baixo nível da taxa de juros e do aumento da confiança.

Com redução da balança comercial, o saldo em conta corrente mostra piora nas últimas leituras. Na divulgação dos dados de outubro, o saldo em conta corrente foi deficitário em US$ 7,9 bilhões, superior à nossa expectativa (US$ -5,3 bilhões) e do mercado (US$ -5,5 bilhões). Em 12 meses, o saldo em conta corrente atingiu US$ -54,8 bilhões (-3,0% do PIB), ante déficit de US$ 48,9 bilhões (-2,7% do PIB) no mesmo período do ano passado. Essa piora decorreu fundamentalmente em virtude da piora na balança comercial. No ano, a balança comercial soma superávit de US$ 29,1 bilhões, abaixo dos US$ 43,5 bilhões observados no mesmo período em 2018. Quanto ao fluxo financeiro, os investimentos diretos no país (IDP) somam US$ 79,5 bilhões (4,4% do PIB). O nível do IDP segue elevado, financiando o déficit em conta corrente.

A revisão metodológica elevou o déficit em conta corrente em US$ 3,7 bilhões, acumulando saldo negativo de US$ 45,6 bilhões no ano. Os números foram impactados pela revisão nas rubricas de lucros de investimentos no exterior e no Brasil, em especial na conta de receitas de lucros reinvestidos, que recuou US$ 12,7 bilhões. Como contrapartida dessa revisão baixista do saldo em conta corrente, a conta financeira sofreu alteração por meio do aumento do investimento direto no país (IDP). Incorporando esse efeito metodológico em nossas projeções, revisamos a estimativa do saldo em conta corrente de US$ -34,3 bilhões para US$ -57,3 (3,2% do PIB).

O setor público consolidado apresentou superávit de R$ 9,4 bilhões em outubro. Em 12 meses, o déficit primário acumulado foi de R$ 89,8 bilhões (1,3% do PIB). O resultado nominal, que inclui o cálculo dos juros, se encontra deficitário em R$ 456 bilhões (6,4% do PIB). A dívida bruta atingiu 78,3% do PIB, alta de 0,3 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Para o ano, avaliamos que o déficit primário encerrará em R$ 84 bilhões (1,1% do PIB), ante meta estipulada pelo governo de R$ 132 bilhões (1,8% do PIB). Já para a dívida bruta, projetamos 77,2% do PIB, incluindo devoluções do BNDES de cerca de RS 120 bilhões.

Nos EUA, o PIB do 3º trimestre sofreu leve revisão altista. Na margem, o PIB cresceu 2,1% em termos anualizados, acima da 1ª divulgação (1,9%). Apesar da melhora, a revisão foi liderada pelo componente de estoques (+0,2 p.p.), o que pode levar a uma correção no 4º trimestre. O consumo das famílias, principal motor da economia dos EUA, manteve o crescimento de 2,9%. Para os próximos meses, os dados de confiança do consumidor, a robustez na geração de vagas e o crescimento dos salários sugerem a continuidade do desempenho sólido do consumo.

Na Zona do Euro, a inflação (CPI) acelerou em outubro para o maior patamar desde 2015. O núcleo da inflação (exclui alimentos e energia) ao consumidor registrou alta de 1,3% em termos anuais, acima da expectativa do mercado (1,2%) e da leitura de setembro (1,1%). A alta do indicador foi liderada pela maior pressão na inflação de serviços, que aumentou 1,9%. A despeito da aceleração, a inflação corrente e as expectativas seguem distantes da meta de 2,0% do Banco Central Europeu (BCE). Ademais, a expectativa de baixo crescimento também em 2020 prescreve política monetária estimulativa por um período prolongado.

Na próxima semana:

Na agenda local, destaque para a divulgação do PIB do 3º trimestre (BRAM: +0,2%) na terça-feira. Além disso, serão publicados os dados da produção industrial de outubro na quarta-feira e o índice de inflação ao consumidor (IPCA) de novembro (BRAM: +0,45%) na sexta-feira. No âmbito global, haverá a divulgação do relatório de emprego dos EUA na sexta-feira.

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