INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
Brasil: IPCA encerra 2019 com alta de 4,3%, acima do esperado
EUA: criação de vagas surpreende negativamente em dezembro
A inflação ao consumidor (IPCA) registrou variação acima do esperada em dezembro, encerrando 2019 com alta de 4,3%. No mês, o índice variou 1,15%, acima da nossa expectativa (+1,07%) e do mercado (+1,08%). Em relação aos grupos, destaque para a alta em Alimentação e bebidas, que apresentou variação de +3,4%, pressionada novamente pelo aumento mais acentuado no preço das carnes (18,1%). Excluindo o item carnes do IPCA, a inflação seria de 3,5%. Em termos qualitativos, a média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) se manteve em patamar confortável, acumulando alta de 3,1% em 2019, sinalizando a continuidade do cenário benigno para a inflação. Para esse ano, nossa projeção permanece em 3,7%, abaixo do centro da meta (4%).
A produção industrial apresentou queda maior do que o esperado em novembro, com recuo na produção de alimentos e veículos. A indústria apresentou contração de 1,2%, abaixo da nossa expectativa (-0,9%) e do mercado (-0,7%). Houve queda tanto da indústria de transformação (-1,3%), após três meses de alta, quanto da indústria extrativa (-0,3%). Por categoria de uso, a produção de bens intermediários, que compreende cerca de 60% da indústria, recuou 1,5%. Essa queda foi liderada pela produção de produtos alimentícios (-3,3%). Apesar da surpresa baixista, nosso tracking do PIB do 4º trimestre permanece em 0,5% na margem.
Nos EUA, a geração de vagas em dezembro surpreendeu negativamente. No mês, 145 mil vagas de trabalho foram geradas, resultado abaixo do esperado pelo mercado (160 mil). O destaque negativo ficou por conta da destruição de 15 mil vagas na indústria. Os salários tiveram avanço de 0,1% na margem, também frustrando a expectativa de +0,3%. Por fim, a taxa de desemprego permaneceu em 3,5%. Apesar da frustração em dezembro, os dados continuam apontando para um mercado de trabalho robusto. A dinâmica comedida de salários, por sua vez, tem resultado em menor pressão inflacionária, corroborando o cenário de manutenção dos juros pelo Fed nesse ano.
Apesar do recente aumento da tensão entre EUA e Irã, a expectativa é de que haja um arrefecimento do conflito nas próximas semanas. Após os EUA assumirem responsabilidade pelo assassinato do general iraniano Qasem Soleimani, no dia 3 de janeiro, a tensão entre os dois países sofreu forte escalada, resultando no ataque retaliatório iraniano contra duas bases militares no Iraque, no dia 7. Apesar do aumento da tensão nos últimos dias, na quarta-feira, pronunciamentos do presidente dos EUA e do ministro de relações exteriores do Irã mostraram arrefecimento da crise entre os países. Nesse contexto, acreditamos que o cenário mais provável seja o de uma diminuição da tensão nas próximas semanas, sem maiores repercussões sobre a inflação e o crescimento global.
A indústria alemã apresentou alta acima do esperado em novembro, após dois meses de contração. Na margem, a produção industrial na Alemanha apresentou crescimento de 1,1%, acima da expectativa dos analistas (+0,8%). O crescimento no mês de novembro foi impulsionado pela produção de bens de capital e construção, mesmo com a contribuição negativa da produção de bens intermediários. Na comparação anual, a indústria total ainda apresenta contração de 2,6%. Diante da perspectiva de melhora da incerteza global, com o acordo comercial entre EUA e China, a economia alemã deve começar a apresentar recuperação nos próximos meses, mesmo que moderada.
Na China, a inflação ao consumidor manteve-se estável em dezembro, com a desaceleração da inflação da carne suína. A inflação ao consumidor (CPI) manteve-se em 4,5% em dezembro, o mesmo resultado registrado em novembro, na comparação anual. O preço da carne suína, que têm impulsionado a alta da inflação nos últimos meses, variou 97% na comparação com dezembro do ano passado, o que representa uma desaceleração com relação à inflação registrada nos dois últimos meses. O núcleo do CPI (exclui alimentos e energia), por sua vez, manteve-se em patamar baixo, com variação de 1,4%. Ainda que incipiente, a interrupção da aceleração dos preços ao consumidor reduz a restrição sobre políticas de estímulo ao consumo por parte das autoridades chinesas.
Na próxima semana:
Na agenda local, haverá a divulgação dos dados de serviços (BRAM: -0,4%) na terça-feira, de vendas no varejo (BRAM: +0,4%) na quarta-feira e do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) (BRAM: -0,1%) na quinta-feira. Na agenda internacional, destaque para a publicação do PIB da China do quarto trimestre de 2019 na quinta-feira. Além disso, serão divulgados os dados de inflação nos EUA na terça-feira e da Zona do Euro na sexta-feira.