ENFOQUE MACRO SEMANAL
25 de outubro de 2024
BRASIL: Quadro de inflação pressionada em outubro
MUNDO: Economia americana continua dinâmica
EVENTOS DA SEMANA
Em uma semana com poucas divulgações de dados e com as reuniões que estão acontecendo em Washington em função dos encontros do FMI e do Banco Mundial, notamos movimentos discretos nos preços dos ativos nos mercados globais. De forma geral, prevalece a visão de que o Fed será mais cauteloso em suas próximas decisões, explicando o nível mais apreciado da moeda americana e os patamares mais elevados das curvas de juros. As próximas semanas serão importantes para os EUA, com destaque para os dados do mercado de trabalho, as eleições presidenciais e do Congresso e a decisão do Fed. Ao mesmo tempo, outros bancos centrais têm revelado maior conforto com o desempenho da inflação, que tem convergido para a meta mais rapidamente do que o esperado, justificando alteração da estratégia da política monetária. O Banco Central do Canadá, após três cortes de 25 pb, acelerou para uma redução de 50 pb nesta semana, levando a taxa de juros para 4,25%. No Brasil, o destaque se concentrou no resultado do IPCA-15 – com uma composição menos favorável – e nos discursos de diversos membros do Banco Central, reforçando uma postura de cautela – compatível com uma alta de 50 bp da Selic na sua próxima reunião, na nossa visão. Os mercados locais encerraram a semana, com a taxa de câmbio praticamente estável, abertura dos juros curtos e fechamento das curvas de vencimentos mais longos. Além dos desdobramentos da política monetária, as atenções nas próximas semanas estarão voltadas aos potenciais anúncios da política fiscal, em especial no alcance que a agenda de gastos pode ter.
O IPCA-15 de outubro mostrou um quadro ainda pressionado de inflação. O indicador avançou 0,54% no mês, acima da projeção mediana do mercado (0,50%). A principal contribuição partiu do setor de Habitação (1,72%), influenciado pela vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2 em outubro. A seguir, alimentação e bebidas (0,87%) avançaram após três meses de preços mais favoráveis, por influência de carnes (4,18%), leite e derivados (1,49%) e menor queda de tubérculos, raízes e legumes (-6,14%). Outro destaque foi o grupo de despesas pessoais, com a devolução dos descontos em cinema, teatro e concertos (1,06%).
Em relação às principais métricas observadas pelo Banco Central, os núcleos seguiram pressionados de modo geral. A média móvel de três meses da média dos cinco núcleos, com ajuste sazonal e em termos anualizados, atingiu 4,1% outubro, enquanto os serviços subjacentes variaram 3,9% na mesma métrica. Em suma, a leitura prévia da inflação de outubro mostra um quadro ainda pressionado, corroborando nossa projeção de IPCA de 4,6% neste ano.
Arrecadação federal continuou forte em setembro. A arrecadação totalizou R$ 203 bilhões no mês, o que representou avanço real de 11,6% em relação a setembro de 2023. Excluindo os fatores não recorrentes, o crescimento real da receita foi de 8,6% na comparação interanual. Entre os componentes, destaque para o avanço do PIS/Pasep e a Cofins, que registraram aumento real de 18,9%, enquanto IRPJ/CSLL (6,4%) e receita previdenciária (6,3%) seguiram com desempenho robusto. No acumulado do ano, o crescimento real é de 9,7%, totalizando R$ 1,9 trilhão. O desempenho robusto da receita segue compatível com o alcance do piso do intervalo da meta de resultado primário (déficit de R$ 29 bilhões) em 2024.
Desempenho da economia americana seguiu superando o dos demais países desenvolvidos. O índice PMI composto dos EUA mostrou leve aceleração em outubro, passando de 54,0 para 54,3 pontos, superando a projeção do mercado (53,8). O resultado foi produto da leve aceleração do crescimento no setor de serviços e da melhora da indústria. Na Área do Euro, por sua vez, a prévia do índice composto ficou praticamente estável, subindo de 49,6 para 49,7 pontos, em função de uma discreta queda de serviços e avanço da indústria. De forma geral, esses dados reforçam a diferença no ritmo de crescimento dos EUA em relação às demais economias, em especial da europeia. Além disso, mesmo que o setor manufatureiro tenha exibido alguma recuperação na passagem de setembro para outubro, o nível continuou bastante baixo, sugerindo que o dinamismo da economia global segue puxado pelo setor de serviços.
NA PRÓXIMA SEMANA
Na agenda doméstica, destaque para dados do setor externo, de crédito e do campo fiscal, além da produção industrial de setembro. No exterior, as atenções se voltam para a divulgação do PIB nos EUA e na Área do Euro, junto de informações sobre emprego e inflação dos Estados Unidos.