ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Resultado fiscal de governos regionais surpreende novamente em março

MUNDO: Atividade nos EUA mostra resiliência em abril

 

No âmbito internacional, a semana ficou marcado pela divulgação dos dados de atividade na China e nos Estados Unidos. No país asiático, os dados de produção industrial e vendas no varejo em abril, entre outros, mostraram forte recuo na margem, muito explicado pela extensão da política de zero Covid estabelecido pelo governo chinês. Reagindo aos sinais de desaceleração dos últimos meses, o Banco Central Chinês (PBoC) decidiu cortar a taxa de juros de cinco anos de 4,60% para 4,45%. Por outro lado, nos Estados Unidos, os dados de produção industrial e vendas no varejo tiveram desempenho acima do esperado em abril. No Brasil, o destaque da semana ficou por conta das discussões a respeito de uma possível redução da tributação sobre energia elétrica e combustíveis. Entre os ativos, destaque para o Real que apreciou cerca de 3%, além da leve alta do índice Ibovespa, que mostrou um descolamento da forte queda apresentada pelo S&P500.

A balança comercial encerrou a segunda semana de maio apresentando saldo positivo de US$ 2,7 bilhões no mês, acumulando superávit de US$ 22,9 bilhões em 2022. A média diária das exportações registrou, nas duas primeiras semanas de maio, aumento de 12,8%, com crescimento de 22,7% nos bens da indústria de transformação e de 5,6% em produtos da indústria extrativa. Em relação aos principais itens exportados, os destaques no mês de maio se concentraram nas exportações de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos (crus), devido principalmente à manutenção do elevado preço do petróleo no mercado internacional. Pelo lado das importações, que avançaram 35,2%, destaque positivo para três setores: indústria de transformação (34,1%), indústria extrativa (72,3%) e agropecuária (10,3%). A maior contribuição pelo lado das importações foi da parte de adubos e fertilizantes químicos, em virtude da necessidade do setor agrícola nas safras de 2023. De forma geral, no acumulado de 12 meses, o saldo da balança comercial está próximo de US$ 60 bilhões, em linha com a nossa expectativa de US$ 69 bilhões para 2022.

O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 4,3 bilhões em março. O resultado veio acima da expectativa de déficit de R$ 1,4 bilhão. Na composição do indicador, o Governo Central apresentou déficit de R$ 7,8 bilhões, enquanto os governos regionais e as empresas estatais foram superavitários em R$ 11,9 bilhões e R$ 242 milhões, respectivamente. O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui, além do resultado primário, os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 26,5 bilhões no mês, e acumula déficit de 3,15% do PIB nos últimos 12 meses. A dívida bruta do setor público atingiu R$ 7 trilhões, equivalente a 78,5% do PIB. A nova surpresa positiva com os resultados de governos regionais insere viés de alta para a nossa projeção de superávit primário consolidado de R$ 13 bilhões (0,1% do PIB).

Nos EUA, a produção da indústria avançou 1,1% na margem, com alta de 0,8% da indústria de transformação. O resultado ficou acima da expectativa do mercado (0,4%), após avanço de 0,9% do índice em março. A indústria de transformação, com o resultado positivo no mês, está 4,6% acima do patamar pré-crise. Já a utilização da capacidade instalada (NUCI) aumentou, passando de 78,2% em março para 79,0% em abril. O resultado surpreendeu positivamente mesmo frente às dificuldades nas cadeias globais de suprimentos. Com o impulso da demanda, a trajetória da indústria deve continuar apresentando crescimento na margem.

Ainda nos EUA, as vendas no varejo tiveram alta na margem de 0,9% em abril, em linha com as expectativas de mercado. O núcleo do indicador de vendas (que exclui automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios) avançou 1,2% na comparação mensal, ante 0,7% em março. Entre os componentes, destaque para as vendas de automóveis e peças que avançaram 2,2%, ao passo que as vendas em postos de gasolina recuaram 2,7%. Em termos de difusão, de catorze componentes do índice, nove apresentaram aumento, ante doze no mês anterior.  De modo geral, o resultado de abril das vendas no varejo mostra um quadro de consumo firme de bens, apesar da expectativa de desaceleração nos próximos meses em virtude do rebalanceamento do consumo entre bens e serviços.

Na China, os dados de atividade de abril refletiram as novas medidas de restrição. Na comparação interanual, a produção industrial teve queda de 2,9%, frustrando as expectativas de mercado de 0,5%. No mesmo sentido, as vendas no varejo tiveram queda de 11,1% na mesma base de comparação, também acima do esperado pelo mercado (-6,6%) e reflete as medidas de restrições mais duras por conta da evolução desfavorável da epidemia de Covid no país. Por sua vez, os investimentos em ativos fixos (FAI) expandiram 6,8% no acumulado do ano, ante expectativa de 7,0%. Ademais, os dados de setor imobiliário indicaram retração da demanda e a taxa de desemprego alcançou 6,1% em abril, ante 5,8% em março. De maneira geral, os dados têm refletido impacto das restrições maior do que se esperava para o mês de abril. Com a continuidade da política de “Covid zero” no país, a perspectiva de crescimento da China para este ano tem viés de baixa, ainda que seja parcialmente contrabalançada pelos sinais de ampliação dos estímulos de política econômica.

Na próxima semana

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do IPCA-15 (BRAM: 0,4%) de maio na terça-feira. No cenário internacional, destaque para a divulgação da ata do FOMC na quarta-feira e prévia dos PMIs de maio da Zona do Euro e dos Estados Unidos na terça-feira.

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