ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: IPCA varia 0,73% em dezembro e encerra 2021 com alta de 10,06%

MUNDO: Inflação nos EUA supera a expectativa e atinge 7% em 12 meses

 

A inflação medida pelo IPCA registrou variação de 0,73% em dezembro, acumulando alta de 10,06% em 2021. O resultado ficou acima da nossa projeção (0,65%) e do consenso de mercado (0,64%), após alta de 0,95% registrada em novembro. As principais surpresas em relação às nossas projeções foram alimentação no domicílio e bens industriais, com uma volta mais forte pós-Black Friday.  Neste último grupo, cabe destacar que não apenas houve alta da inflação do componente de Higiene Pessoal (2,32%), que tinha sido o principal responsável pela surpresa das últimas divulgações, como foi registrada estabilidade ou aceleração nos demais itens do grupo, como Aparelhos Eletroeletrônicos (1,25%) e  Móveis e Utensílios (1,60%).

Na parte de serviços, alimentação fora do domicílio avançou 0,98%, ante variação negativa de -0,25% em novembro. Ainda em serviços, o grupo de Recreação (1,02%), que contempla itens como Pacote turístico (2,25%) e Hospedagem (2,27%), apresentou leve desaceleração, mas segue avançando no acumulado em 12 meses (8,16%). No grupo de Transportes, destaque para transporte por aplicativo (11,75%) e passagens aéreas (10,28%), em linha com o processo de reabertura da economia.  Por último, no grupo de Alimentação no Domicílio, outra surpresa altista importante. O grupo variou 0,79%, puxado por uma alta de 8,6% em Frutas. Com relação aos núcleos de inflação, que são métricas que excluem ou suavizam a variação de preços de itens voláteis, a média dos núcleos acelerou de 0,61% em novembro para 0,9% em dezembro. Em 12 meses, a indicador atingiu 7,42%. Houve piora também na difusão (quantidade de itens que registraram elevação de preços no IPCA), que passou de 63,1% para 74,8%.

O cenário de inflação segue desafiador. Diante do último resultado do IPCA, das atualizações de preços de commodities e reajuste da Petrobras, assim como outras variáveis relevantes para nossos modelos, atualizamos a nossa projeção para o IPCA deste ano de 5,4% para 5,5%. Mesmo observando estabilidade de alguns núcleos, não é indicativo suficiente para a convergência para a meta de inflação em 2022.

Em novembro, as vendas no varejo no conceito restrito avançaram 0,6% na margem, acima das expectativas. No entanto, cinco das oito atividades acompanhadas pela pesquisa tiveram recuo no mês, com destaque para móveis e eletrodomésticos (-2,3%). A alta do indicador foi liderada por hipermercados (0,9%), influenciados positivamente pelas promoções da Black Friday no mês, artigos farmacêuticos (1,2%), e outros artigos de uso pessoal  e doméstico(2,2%). O comércio ampliado, que inclui vendas de automóveis e material de construção, também surpreendeu positivamente ao registrar alta de 0,5% no mês, acima de nossa projeção (-0,2%) e do mercado (-0,4%). Houve avanço tanto das vendas de veículos (0,7%) como de materiais de construção (0,8%). Com o resultado, o volume de vendas no varejo restrito se situa 1,4% acima do patamar pré-crise, enquanto no conceito ampliado o patamar está 1,8% abaixo. Com relação ao desempenho no trimestre, a média do volume de vendas do comércio ampliado apresenta queda de 2,2% em relação ao terceiro trimestre.

O volume total de serviços teve alta de 2,4% na margem em novembro. Na comparação anual, a variação foi de 10,0%, acima de nossa projeção (7,2%) e da mediana das expectativas de mercado (6,9%). Com isso, o volume total de serviços passou a se situar 3,7% acima do nível pré-crise. Dentre os setores que compõem o índice, apenas serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram queda no mês, de 0,2%, influenciados pelo desempenho negativo da indústria. As maiores contribuições positivas vieram de serviços de informação e comunicação (5,4%), setor que ainda se situa 13,2% acima do nível pré-crise e se constituiu na maior surpresa em relação às projeções. O resultado positivo no mês contempla a melhora nos indicadores da pandemia, com disseminado avanço do setor de serviços. Embora parte do rebalanceamento do consumo de bens e serviços ainda esteja incompleto (com serviços às famílias seguindo abaixo do pré-crise), os dados para os próximos meses devem ser influenciados negativamente por um nível de demanda agregado mais fraco e pelo quadro desfavorável da pandemia no início do ano.

A inflação ao consumidor (CPI) nos EUA apresentou variação acima da expectativa em dezembro. O CPI variou 0,5% na comparação mensal, enquanto o núcleo da inflação, métrica que exclui a inflação com alimentos e combustíveis e costuma receber mais atenção por parte das autoridades monetárias, avançou 0,6% frente a novembro. Em termos anuais, o índice cheio variou 7%, enquanto o núcleo do CPI teve variação de 5,5%, com alta de 3,7% em serviços e de 10,7% em bens. O resultado do mês é explicado principalmente pela aceleração no núcleo de bens (1,24%), puxado por transporte (2,13%).

A pressão sobre a cadeia de bens, a alta nos preços de energia, o aumento de preços de imóveis (impactando os aluguéis) e a recomposição da demanda por serviços tendem a manter a inflação acima da meta neste ano. Nesse sentido, vários dirigentes do Fed demonstraram preocupação com o quadro inflacionário ao longo da semana, defendendo o início do ciclo de alta de juros a partir da reunião de março, o que em nossa visão deverá ser realizado.

Ainda nos EUA, os dados de atividade surpreenderam negativamente em dezembro. As vendas no varejo recuaram 1,9% na margem, ante expectativa de recuo de 0,1%. O núcleo do indicador de vendas (que exclui automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios) recuou 3,1% na comparação mensal, após queda de 0,5% em novembro. Entre os componentes, a queda foi disseminada, com destaque para o recuo de 8,7% nas vendas on-line. Vale mencionar que o consumo nos EUA segue bastante acima da tendência (aproximadamente 10%). A indústria de transformação, por sua vez, apresentou recuo de 0,3%, ante expectativa de alta de 0,3%. Em relação ao patamar pré-crise, a indústria se situa 1,5% acima, mesmo comprometida pelo desempenho de setor automobilístico, que se encontra 2,8% abaixo do patamar pré-crise. No curto prazo, a atividade deverá ser prejudicada pelo avanço da pandemia, embora não mude o cenário de recuperação e aperto monetário.

Na China, a inflação ao consumidor (CPI) apresentou alta de 1,5% em dezembro na comparação anual. O resultado ficou abaixo do esperado pelo mercado (1,8%), representando uma desaceleração em relação ao mês de novembro, contando com deflação de alimentos. O núcleo da inflação (que exclui os itens mais voláteis da amostra) apresentou alta de 1,2%, mesma variação do mês anterior. A inflação ao produtor (PPI), por sua vez, registrou desaceleração no índice para 10,3% em termos anuais ante 12,9% em novembro, também abaixo da expectativa do mercado de 11,3%. A transmissão da inflação mais alta ao produtor para os preços ao consumidor segue bastante comedida, o que permite novos estímulos monetários no curto prazo.

Na próxima semana

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) na segunda-feira. No cenário internacional, serão divulgados os principais dados de atividade da China no domingo e dados de inflação da Zona do Euro na quinta-feira.

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