ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
BRASIL: Taxa de desemprego com ajuste sazonal recua em outubro
MUNDO: Nos EUA, pedidos de seguro desemprego abaixo do esperado
A taxa de desemprego recuou para 12,1% no trimestre encerrado em outubro. O resultado veio abaixo das expectativas de mercado (12,3%) e da nossa projeção (12,2%). Na série com ajuste sazonal, a taxa passou de 12,6% em setembro para 12,3% em outubro. A menor taxa de desemprego na margem pode ser atribuída à estabilidade da população ocupada aliada à queda de 0,4% da força de trabalho. Em relação à população ocupada, a elevação de empregados formais (0,2%), com maior influência de empregados no setor privado, foi compensada pelo recuo de empregos informais (-0,3%). Dentre os setores, os destaques positivos vieram da construção civil (1,7%) e de outros serviços (2,5%). Estimando o que teria sido o comportamento mensal da PNAD, concluímos que a perda de massa de renda desde o início da pandemia (cerca de R$ 299,4 bilhões) foi mais do que compensada pelo montante de auxílio emergencial e benefício emergencial no período.
O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 15,0 bilhões em novembro. O resultado veio acima da nossa projeção de R$ 9,1 bilhões, e da expectativa do mercado de superávit de R$ 7,5 bilhões. Na composição do indicador, o Governo Central apresentou superávit de R$ 3,5 bilhões e as empresas estatais foram deficitárias em R$ 238 milhões. A forte surpresa positiva ficou por parte dos governos regionais, que tiveram saldo positivo de R$ 11,7 bilhões. No acumulado do ano, o setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 64,6 bilhões, ante déficit de R$ 651 bilhões no mesmo período de 2020. Por outro lado, o resultado nominal do setor público consolidado, que inclui, além do resultado primário, os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 26,6 bilhões no mês, acumulando déficit de 4,7% do PIB nos últimos 12 meses. A dívida bruta atingiu R$ 7,0 trilhões (81,1% do PIB), redução de 1,1 p.p. do PIB em relação a outubro. Avaliamos que o setor público consolidado deverá encerrar o ano com superávit de 0,2% do PIB.
O saldo de crédito totalizou R$ 4,6 trilhões em novembro, atingindo 53,2% do PIB. Segundo dados do Banco Central, o saldo de crédito total teve crescimento interanual de 15,6%, desaceleração frente à variação de 16,0% do mês anterior. Por trás desse menor crescimento está a desaceleração do crédito às empresas (de 11,4% para 10,6%), puxada pela carteira de recursos direcionados. No caso do crédito a pessoas físicas, que manteve o crescimento de 19,7% em termos anuais, a alta do crédito direcionado foi contrabalançada pela desaceleração da carteira de recursos livres, movida sobretudo pela modalidade de crédito pessoal. Na análise mensal, houve queda de 5,1% das concessões de crédito livre às famílias no conceito média diária real com ajuste sazonal, que passaram a se situar apenas 1,1% acima do patamar pré-crise. A maior contribuição negativa veio de cartão de crédito à vista. Vale notar que a concessão de crédito para renegociação de dívidas se elevou 6,9%. No caso das empresas, as concessões de crédito livre tiveram queda de 4,0% nessa base de comparação. Por fim, a taxa de inadimplência se manteve estável em 2,3% em novembro. Em resumo, os dados mostraram desaceleração do crédito de forma geral, movimento que deve ser intensificado pelo ciclo de alta de juros nos próximos meses.
A balança comercial registrou superávit de US$ 1,2 bilhão na quarta semana de dezembro, acumulando saldo positivo de US$ 3,3 bilhões no mês. Essa ligeira melhora é fruto do elevado nível de exportações, as quais registraram alta de 31,2% na comparação interanual e 34,6% no acumulado do ano, principalmente por conta do complexo soja. Por outro lado, o nível de importações registra alta de 27,9% na mesma base de comparação e 38,5% no acumulado do ano, beneficiadas pelo maior nível de compra de bens da indústria extrativa, como gás natural, carvão e outros minérios — o que está atrelado ao elevado nível de preço das commodities energéticas nos mercados internacionais. No acumulado do ano, o saldo é positivo em US$ 60,4 bilhões, acima dos US$ 50,4 bilhões registrados no mesmo período de 2020.
Nos EUA, os novos pedidos de auxílio desemprego totalizaram 198 mil durante a semana encerrada em 24 de dezembro. O número ficou abaixo da expectativa do mercado (205 mil), o que representou um recuo em relação ao dado anterior. Mantendo a tendência de recuperação no mercado de trabalho, os novos pedidos de auxílio desemprego na média das últimas quatro semanas se encontram em 199 mil, ritmo compatível com o pré-crise, assim como o estoque de auxílio se situa no patamar de 1,716 milhão de beneficiários, ante 1,737 milhão em dezembro de 2019. A recuperação plena do mercado de trabalho deverá ser alcançada em meados do próximo ano, com a taxa de desemprego atingindo 3,5%, de 4,2% na última leitura.
Na próxima semana
Na agenda doméstica, destaque para a divulgação dos dados de produção industrial na quinta-feira. No cenário internacional, destaque para a divulgação da ata do FOMC na quarta-feira e para o Relatório de Emprego dos EUA, na sexta-feira.
Caros leitores, este foi o último Enfoque Econômico BRAM de 2021. Nossa equipe deseja Boas Festas e um 2022 de grandes realizações para todos !