ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

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BRASIL: Copom eleva a Selic para 5,25% e afirma que cenário prescreve juro acima do neutro

MUNDO:  EUA registram criação de vagas em julho acima da expectativa

 

O Banco Central elevou a  taxa básica de juros em 100 pb. Em decisão unânime, a autoridade monetária elevou a taxa Selic de 4,25% para 5,25%, confirmando as expectativas do mercado. O movimento marca a continuidade do processo de ajuste da taxa de juros e sancionou o cenário deixado em aberto na última reunião do Copom, segundo o qual uma deterioração das expectativas de inflação exigiria redução mais tempestiva dos estímulos monetários.

No comunicado, o Copom indicou ser apropriado elevar a taxa de juros para patamar  acima do considerado neutro para garantir a ancoragem das expectativas de inflação. Na avaliação sobre o cenário, o comitê continua antevendo recuperação robusta da atividade econômica no segundo semestre e um ambiente global favorável para as economias emergentes.  A pressão inflacionária, por sua vez, tem se revelado mais persistente do que o esperado e com composição mais desfavorável, destacando-se a elevação de núcleos gerada tanto por uma maior inflação subjacente de serviços como pela continuada pressão de bens industriais. Além disso, condições climáticas adversas incidentes sobre preços de alimentos e energia têm gerado revisões nas projeções de curto prazo.

Para a próxima reunião, o Banco Central indicou um aperto monetário de mesma magnitude. O ajuste reflete a percepção do Copom de que a piora recente em componentes inerciais dos índices de preços, em momento de reabertura do setor de serviços, poderia provocar deterioração adicional das expectativas, de forma que é necessário ser mais tempestivo no ajuste da política monetária.  Esperamos que o Banco Central eleve a taxa de juros para 7,50% ao final do atual ciclo de política monetária.

A produção industrial teve estabilidade em junho. O resultado veio abaixo de nossa expectativa de alta de 0,1% na margem e da mediana do mercado de 0,2%. Houve recuo tanto da indústria extrativa (-0,7%), puxada pela produção de minério de ferro, quanto da indústria de transformação (-0,5%), que voltou a se situar 0,3% abaixo do patamar pré-crise. As principais contribuições negativas vieram da fabricação de veículos (-3,8%) e da fabricação de alimentos (-1,3%), bem como da fabricação de celulose e papel (-5,3%). Por sua vez, houve crescimento do refino de petróleo (4,1%) e da fabricação de máquinas e equipamentos (2,9%). Dentre as categorias de uso, apenas bens de capital tiveram alta (1,4%), puxada por caminhões, equipamentos de informática e máquinas. Quedas foram registradas em bens de consumo semi e não duráveis (-1,3%), com destaque para bebidas, bens intermediários (-0,6%) e bens de consumo duráveis (-0,6%), influenciados por veículos. A produção de insumos típicos da construção civil teve queda de 0,3% no mês, embora ainda se situe 13,7% acima do nível pré-crise. As próximas leituras deverão mostrar lenta recuperação da indústria, ainda impactada no curto prazo por problemas no fornecimento de insumos.

Os EUA registraram criação de 940 mil vagas de trabalho em julho, novamente acima da expectativa do mercado. A taxa de desemprego recuou de 5,9% para 5,4%, mesmo com o avanço da população à procura de emprego. Apesar da geração de vagas, o número de empregados ainda se mantém cerca de 5,5 milhões abaixo do pré-crise. Entre os setores, destaque positivo novamente para o setor de lazer (+380 mil), que ainda registra queda de 10% em relação ao patamar pré-crise. Medidas qualitativas do mercado de trabalho mencionadas pelo Fed, como a taxa de desemprego de grupos vulneráveis e número de desempregados em caráter permanente, apesar de se manterem distantes do patamar pré-crise, apresentaram melhora significativa. Os salários subiram acima do esperado, com alta na margem de 0,4%, com destaque para o avanço de 0,9% no setor de lazer. Acerca da oferta de mão de obra, continua a expectativa de intensificação do retorno da força de trabalho, diante da volta das aulas presenciais e do fim do pagamento de auxílios emergenciais, que irão expirar por completo no início de setembro.  Esses movimentos deverão implicar expressivo aumento da geração de vagas nos próximos meses.

Indicador de confiança (ISM) nos EUA reforça a continuidade da retomada, com menor dificuldade em contratações. O ISM da indústria recuou de 60,6 para 59,5 pontos entre junho e julho (valores acima de 50 pontos do indicador indicam expansão da atividade). Na composição do indicador, diante do contexto de demanda aquecida e gargalos de oferta de insumos, o componente de preços permaneceu pressionado, no patamar de 85,7 pontos. A novidade da leitura veio do indicador de emprego, que passou de 49,9 para 52,9 pontos, possivelmente refletindo a volta ao mercado de trabalho de parte da população após o processo de vacinação. De modo geral, os indicadores confirmam o ambiente de inflação pressionada no curto prazo, diante da recuperação disseminada da atividade.

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