ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
BRASIL: Produção industrial e emprego formal avançam em maio
MUNDO: EUA tem geração de vagas acima do esperado em junho
A produção industrial cresceu 1,4% na margem em maio. Houve alta tanto da indústria extrativa (2,0%), puxada pela produção de minério de ferro, quanto da indústria de transformação (1,2%), que voltou a se situar acima do patamar pré-crise (+0,6%). As principais contribuições positivas vieram da fabricação de alimentos (2,9%) e do refino de petróleo (3,0%), setores que tiveram queda relevante em abril. Outras altas relevantes foram registradas na fabricação de produtos químicos e farmacêuticos (8,0%) e na metalurgia (3,2%). Dentre as categorias de uso, foram registradas altas em bens de consumo semi e não duráveis (3,6%), com destaque para bebidas e vestuário, e bens de capital (1,3%), puxados por caminhões e outros equipamentos de transporte. Por sua vez, houve queda da produção de bens intermediários (-0,6%) e bens de consumo duráveis (-2,4%), liderados por veículos. A produção de insumos típicos da construção civil teve queda de 0,5% no mês, mas ainda se situa 14,1% acima do nível pré-crise. As próximas leituras deverão seguir mostrando recuperação da indústria, ainda que limitada no curto prazo por problemas no fornecimento de insumos.
O setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 15,5 bilhões em maio. Na composição do indicador, o Governo Central apresentou déficit de R$ 20,9 bilhões e os governos regionais foram superavitários em R$ 5,2 bilhões. As estatais tiveram saldo positivo de R$ 134 milhões. Nos primeiros cinco meses de 2021, o setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 60,3 bilhões, sendo que no mesmo período de 2020, o resultado foi de um déficit aproximado de R$ 214 bilhões. O resultado nominal que inclui, além do resultado primário, os juros nominais, foi deficitário em R$ 37,4 bilhões no mês, acumulando déficit de R$ 724,3 bilhões (9,1% do PIB) em 12 meses. A dívida bruta apresentou redução para 84,5% do PIB. Para o ano, projetamos déficit primário de 2,2% e dívida bruta de 82,6% do PIB.
Dados de emprego formal (Caged) mostraram criação de 280,7 mil vagas em maio. Considerando a série com ajuste sazonal, o saldo foi positivo em 249,3 mil postos de trabalho, o que representa aceleração frente aos resultados de 68 mil em abril e 149 mil em março. Desde o início da pandemia, a série ajustada com declarações entregues fora do prazo indica criação líquida de 970 mil vagas. Na abertura por setor, todos tiveram resultados positivos à exceção da indústria extrativa, com destaque para serviços (124,5 mil, ante 26,7 mil em abril) e comércio (74,7 mil, ante 13,2 mil). Por trás do maior saldo está a alta de 12,9% das admissões combinada ao recuo de 0,8% das demissões. O patamar de admissões supera em 13% o nível pré-crise. Os dados de maio foram beneficiados pelo menor grau de restrições de mobilidade e pela nova edição do BEm, programa que permite suspensão ou redução temporárias do contrato de trabalho. A tendência para os próximos meses segue favorável.
A balança comercial registrou saldo de US$ 0,35 bilhão na última semana de junho, acumulando resultado positivo de US$ 10,37 bilhões no mês. No acumulado do ano, o saldo é positivo em US$ 31,5 bilhões, apresentando crescimento de 27,2% se comparado ao mesmo período de 2020. Essa melhora da balança comercial decorre da alta das exportações, que registraram alta interanual de 57% na média diária do mês liderada por petróleo, minério de ferro, cobre e algodão. As importações, por sua vez, registraram alta de 70% na mesma base de comparação, beneficiadas pela recuperação da atividade doméstica. O crescimento das exportações deve seguir favorecido pela expansão da atividade global e pela elevação dos preços de commodities.
Indicador de confiança (ISM) nos EUA reforça a continuidade da retomada, mas aponta problema na oferta de bens. O ISM da indústria recuou de 61,2 para 60,6 pontos entre maio e junho (acima de 50 pontos o indicador indica expansão da atividade). Na composição do indicador, diante do contexto de demanda aquecida e gargalos de oferta de insumo e mão de obra, o componente de preços permaneceu pressionado, no patamar de 92,1 pontos, enquanto o de emprego recuou novamente, de 50,9 para 49,9 pontos. De modo geral, os indicadores confirmam o ambiente de inflação pressionada ,no curto prazo, diante da recuperação disseminada da atividade.
Os EUA registraram criação de 850 mil vagas de trabalho em junho, acima da expectativa do mercado. No entanto, a taxa de desemprego passou de 5,8% para 5,9% pelo avanço da população à procura de emprego. Apesar da geração de vagas, o número de empregados ainda se mantém cerca de 6,7 milhões abaixo do pré-crise. Entre os setores, destaque positivo novamente para o setor de lazer (+343 mil), que ainda registra queda de 12,6% em relação ao patamar pré-crise. Medidas qualitativas do mercado de trabalho mencionadas pelo Fed, como a taxa de desemprego de grupos vulneráveis e número de desempregados em caráter permanente seguem distantes do patamar pré-crise. Os salários aceleraram acima do esperado, com alta na margem de 0,3%, mas de uma forma não generalizada. A elevação dos níveis salariais está concentrada no setor de lazer, que acumula alta de 6,3% no ano. Acerca da oferta de mão de obra, continua a expectativa de intensificação do retorno da força de trabalho, diante da volta das aulas presenciais e do fim do pagamento de alguns auxílios emergenciais. Esses movimentos deverão implicar expressivo aumento da geração de vagas no próximos meses.