ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
BRASIL: Produção industrial avança 0,9% na margem em dezembro.
MUNDO: Ainda afetado pela da pandemia, geração de vagas nos EUA é baixa em janeiro.
A produção industrial avançou 0,9% em dezembro frente a novembro, surpreendendo as expectativas. O crescimento da indústria ficou bem acima da mediana de projeções do mercado (de -0,8%). A indústria de transformação avançou 1,5%na margem e passou a se situar 6,0% acima do patamar pré-crise, enquanto a extrativa apresentou recuperação e cresceu 3,7%, na mesma base de comparação, puxada pela produção de minério de ferro. Dentre as atividades, as principais contribuições positivas vieram de metalurgia (19%), veículos automotores (6,5%) e vestuário (11,5%). Por outro lado, o setor de produtos alimentícios teve contribuição negativa ao variar -4,4% m/m. Dentre as categorias de uso, destaque para a alta de bens de intermediários (1,6%), com maior peso da metalurgia. Por fim, a produção de insumos típicos da construção civil apresentou expansão de 1,6% no mês, e passou a se situar 13,5% acima do nível pré-pandemia. Em suma, os dados de dezembro corroboram a recuperação da indústria, levando nosso tracking do PIB do 4T20 para 2,5%.
Em relação à inflação, o destaque foi o IGP-DI de janeiro, que variou 2,91% na comparação mensal. O resultado ficou um pouco acima do consenso de mercado (de 2,76%), com a abertura revelando uma aceleração de preço de algumas commodities agrícolas, como soja e milho. Na parte industrial, a inflação ao produtor voltou a subir, com pressões nas cadeias de vestuário, de móveis e de metalurgia. Em nossa visão, há evidências de aumento de custos para as indústrias, que possivelmente será repassado ao consumidor nos próximos meses.
Dados de janeiro mostraram um pior desempenho da indústria automobilística. Segundo a Anfavea, a produção de veículos teve queda de 1,9% em relação a dezembro na série com ajuste sazonal, puxada por automóveis. Ainda assim, a produção se situa 10,9% acima do patamar pré-crise. Por sua vez, a venda de veículos, de acordo com a Fenabrave, teve recuo de 0,3% no mês, também na série ajustada sazonalmente, com o nível de emplacamentos se situando ainda mais de 10% abaixo do pré-crise. Esperamos uma desaceleração da atividade no 1º trimestre deste ano por conta da retirada do auxílio emergencial e piora da mobilidade, efeitos que apenas serão compensados com o ganho de ritmo da vacinação.
Ainda sob efeito da pandemia, EUA abrem menos postos de trabalho do que o esperado. A criação de 49 mil vagas em janeiro ficou abaixo da mediana de projeções do mercado, de 105 mil, com frustração em serviços de lazer e alojamento e em transportes, justamente setores mais impactados pela restrição de mobilidade. Outro sinal desfavorável foi a revisão para baixo dos resultados dos dois meses anteriores. Já a taxa de desemprego cedeu de 6,7% para 6,3%, mas a melhora se deveu ao encolhimento da força de trabalho na passagem do mês, isto é, a taxa seria mais alta não fosse a parcela da população que deixou de procurar emprego. A nosso ver, a recuperação do mercado de trabalho nos EUA dependerá da evolução da epidemia no país e do ritmo do programa da vacinação. Os efeitos negativos sobre a atividade deverão ser amenizados com a adoção de novos programas de estímulo fiscal.