ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Indicadores de atividade avançam em setembro

MUNDO: Inflação de outubro desacelera  nos EUA e na China

O Índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) variou 1,3% na margem em setembro. O indicador prévio do PIB, que apresentou crescimento acima das expectativas, refletiu as altas da indústria (2,6%), do comércio (1,2%) e do setor de serviços (1,8%) no mês (variações relativas às pesquisas para esses setores do IBGE). Na comparação interanual, houve recuo de 0,8%. O indicador se situa 2,3% abaixo do patamar pré-crise. Como apontado por indicadores de alta frequência, o 3º trimestre do ano registrou significativa recuperação após a contração causada pelas restrições em decorrência da epidemia. Em relação ao trimestre anterior, o IBC-Br avançou 9,5%. Para 2020, esperamos queda de 4,7% do PIB. 

O volume total de serviços prestados avançou 1,8% na margem em setembro. Na comparação anual, a variação foi de -7,2%, resultado abaixo da nossa projeção (-6,4%), mas acima da mediana do mercado (-7,8%). Houve crescimento de todas as atividades à exceção de serviços profissionais e administrativos (-0,6%), que ainda se situam 12,7% abaixo do patamar pré-crise.  A maior contribuição positiva veio de serviços prestados às famílias (9%), setor mais afetado pela pandemia por abranger serviços não essenciais, como hospedagem e alimentação. Mesmo com essa alta, o nível de atividade deste setor ainda se situa 36% abaixo do nível pré-crise. Serviços de transporte tiveram alta de 1,1%, favorecidos pelo aumento da circulação de pessoas no mês. No trimestre, o índice geral de serviços avançou 8,6% em relação ao 2º trimestre. Por sofrerem maior impacto das medidas de isolamento social  em relação a outros setores, os serviços devem ter recuperação mais lenta e gradual, dependente da evolução da epidemia e do retorno da mobilidade de pessoas.

As vendas no varejo no conceito restrito apresentaram alta de 0,6% na margem em setembro. O resultado ficou abaixo da nossa expectativa (2,6%) e do mercado (1,4%). As maiores contribuições para a alta decorreram de combustíveis e lubrificantes (3,1%) e de artigos farmacêuticos (+2,1%). Corrigindo parte das altas anteriores, o volume de vendas nos supermercados recuou 0,4%.   O varejo ampliado, que inclui todos os componentes do conceito restrito e adiciona as vendas de automóveis e materiais de construção, apresentou avanço de 1,2% na margem em setembro, abaixo da nossa projeção (2%) e da mediana do mercado (1,5%). As vendas de automóveis tiveram crescimento de 5,2% no mês. Com os dados de setembro, o volume de vendas no varejo restrito se situa 8% acima do patamar pré-crise (média de janeiro e fevereiro), enquanto o varejo ampliado se encontra 3,3% acima. A média das vendas no varejo ampliado no 3º trimestre representa alta de 17,2% em relação ao 2º trimestre deste ano.

Nos EUA, a inflação desacelerou em outubro. No mês, o índice de preços ao consumidor (CPI) ficou estável, após alta de 0,2% em setembro, acumulando alta de 1,2% na variação interanual. Os números ficaram abaixo da expectativa do mercado. O núcleo da inflação (exclui itens voláteis) também desacelerou. Em termos anuais, o núcleo do CPI desacelerou de 1,7% para 1,6%. No curto prazo, em virtude dos efeitos da pandemia, os números seguem apontando uma inflação de bens mais pressionada, contrastando com  a desaceleração da inflação de serviços.  De modo geral a inflação nos EUA segue bem comportada e distante de gerar preocupação ao Fed.

Na China, a inflação ao consumidor (CPI) desacelerou novamente em outubro. A taxa acumulada em doze meses recuou de 1,7% em setembro para 0,5% em outubro, enquanto o núcleo da inflação (exclui itens voláteis) permaneceu em 0,5%. Os números ficaram abaixo da expectativa do mercado. A desaceleração foi devida ao grupo alimentação, por conta da dissipação e normalização de preços dos produtos in natura. Ao mesmo tempo, a inflação ao produtor (PPI) se manteve em deflação de 2,1%. O cenário benigno de inflação abre a possibilidade de manutenção das medidas de estímulo no país.

Por fim, vale destacar a eleição do Joe Biden como novo presidente dos EUA. Com 50,8% das intenções do voto popular, o candidato democrata conseguiu alcançar o número de 290 delegados até o momento, contra 217 do republicano Donald Trump. São necessários 270 delegados para ser eleito. A posse de Biden está programada para 20 de janeiro. O quadro no Congresso, por sua vez, segue indefinido. Enquanto na Câmara a maioria segue democrata (219 contra 202), no Senado há a indefinição em relação aos dois assentos do estado da Geórgia, que irá definir seus representantes em 2º  turno no dia 5 de janeiro. Com 50 senadores até o momento, os republicanos precisam de apenas um desses assentos para garantirem a maioria na Casa. Com a perspectiva de manutenção de divisão do Congresso, Biden encontrará mais dificuldades de implementação da sua agenda de aumento de gastos e elevação de impostos. Por outro lado, sua eleição reduz a possibilidade de escalada da tensão comercial com a China.

Na próxima semana

No Brasil, destaque para a divulgação dos dados de confiança e arrecadação. Na agenda internacional, as atenções se voltam para os dados de atividade da economia chinesa, e para as vendas do varejo e produção industrial nos EUA.

Selo-Gestao-Recursos-Positivo-01

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui