ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Prévia da inflação ao consumidor de outubro sobe acima do esperado

MUNDO: Confiança piora na Zona do Euro. Na China, recuperação da atividade segue consistente  

A prévia da inflação ao consumidor  (IPCA-15) de outubro apresentou resultado acima do esperado.  No mês, o índice variou 0,94%, em comparação a 0,45% na leitura de setembro, resultado acima da nossa expectativa (0,85%). Entre os grupos, as maiores surpresas altistas foram em transportes (+1,34%), e artigos de residência  (+1,41%). Por sua vez, o grupo alimentação, que segue pressionando o índice, contou com inflação de 2,24%, abaixo da nossa expectativa (2,34%). Com esse resultado, a inflação acumulada em 12 meses do IPCA-15 se elevou de 2,65% para 3,52%.  A respeito das medidas de inflação subjacente, a média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) registrou alta de 0,54% no mês e de 2,3% em 12 meses.

Em linhas gerais, o cenário de preços segue benigno, ainda que a alta de preços no atacado deva exercer alguma influência altista sobre a inflação de alimentos nas próximas leituras. Em nossa visão, a normalização da demanda, com a retomada de atividades interrompidas no começo da pandemia, pode manter a inflação um pouco pressionada. Contudo, o Banco Central tem espaço suficiente para acomodar essa aceleração de preços. Nossa projeção para 2020 é de 3,1%.

Em setembro, a arrecadação federal alcançou R$ 119,8 bilhões. O resultado representa um aumento de 2% em termos reais na comparação anual, refletindo o recolhimento de tributos diferidos e a arrecadação atípica de IRPJ/CSLL. Se desconsiderássemos os fatores extraordinários no mês, o crescimento teria sido de 1,7%. No ano, a arrecadação acumulada é de R$ 1,04 trilhão, recuo de 11,7% em termos reais em relação ao mesmo período de 2019. Na margem, a melhora da arrecadação é fruto da gradual recuperação da atividade, demonstrando que o principal impacto da pandemia deve ter sido registrado no 2º trimestre.

O saldo em conta corrente registrou superávit de US$ 2,3 bilhões em setembro. O resultado foi superior ao déficit de R$ 2,7 bilhões registrado em igual mês de 2019 e representa o sexto superávit consecutivo. A melhora se deu tanto pelo maior saldo comercial como pela redução do déficit de renda (principalmente remessas de lucros e dividendos) e serviços (viagens). Mesmo com esses resultados favoráveis, o saldo em 12 meses da conta corrente segue negativo, em -1,4% do PIB. Quanto ao fluxo financeiro, os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 1,6 bilhão, acumulando entrada de US$ 50 bilhões em 12 meses. O fluxo de investimento em portfólio no mercado doméstico foi positivo em US$ 1,2 bilhão. Avaliamos que, com o aumento das exportações e a redução dos efeitos da pandemia, o déficit acumulado em conta corrente deverá continuar em trajetória de queda nos próximos meses.

Dados da Pnad Covid mostram elevação da taxa de desemprego entre agosto e setembro. De acordo com a pesquisa, houve aumento da população ocupada em relação a agosto (1,0%), ao mesmo tempo em que ocorreu aumento das pessoas na força de trabalho (1,4%), o que fez com que a taxa de desemprego passasse de 13,6% para 14,0%.  Por sua vez, essa dinâmica entre população ocupada e pessoas à procura de emprego contribuiu para que a taxa de desemprego ajustada, que considera aqueles que deixaram de buscar emprego por causa da pandemia, cedesse de 23,8% para 22,9% entre os meses. O percentual de pessoas ocupadas, mas afastadas de seu trabalho devido ao distanciamento social cedeu de 5,0% para 3,6% no período, evidenciando a volta da mobilidade.

O PIB da China surpreendeu negativamente no 3º trimestre, mas indicadores mensais apontam continuidade da recuperação.  Houve alta de 4,9% na variação anual, ante queda de 3,2% no 2ª trimestre. O resultado veio abaixo da expectativa de mercado (5,5%), com surpresa concentrada no desempenho dos serviços. Na contramão dessa frustração com o PIB, os indicadores de setembro superaram as expectativas. A produção industrial avançou 6,9% em termos anuais, ante alta de 5,6% em agosto. As vendas no varejo apresentaram crescimento de 3,3% , após alta discreta de 0,5% no mês anterior. Já o dado de investimento, após recuo de 0,3% em agosto, teve expansão de 0,8%. Segundo os nossos cálculos, o nível do PIB já se encontra no mesmo patamar do pré-crise. Os indicadores antecedentes mostram que essa recuperação terá continuidade.  No ano, a China deverá crescer ao redor de 2,5%.

A prévia dos índices de confiança (PMI) de outubro revela piora na Zona do Euro e manutenção da expansão nos EUA. O PMI Composto prévio da Zona do Euro, que incorpora as expectativas da indústria e dos serviços atingiu 49,4 pontos em outubro ante 50,4 em setembro, sinalizando contração da economia (nível abaixo de 50 pontos indica contração). A piora da atividade na região tem se concentrado no setor de serviços, afetado por novas medidas de restrição. Já nos EUA, o PMI Composto dos EUA avançou de 54,3 pontos em setembro para 55,5 pontos em outubro. Ainda com incerteza quanto à contenção da pandemia e a velocidade de recuperação do mercado de trabalho, as politicas fiscal e monetária deverão seguir acomodatícias. Nesse sentido, não descartamos medidas de suporte adicional à atividade nos próximos meses, em especial na Zona do Euro.

Na próxima semana

No Brasil, destaque para a reunião do Copom na quarta-feira (BRAM: 2,00%) e para a divulgação das notas de crédito e política fiscal de setembro ao longo da semana. Na agenda internacional, destaque para os dados do PIB do 3ª trimestre nos EUA e na Zona do Euro, bem como para a reunião do BCE na quinta-feira.

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