ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Atividade doméstica exibiu queda na margem em maio

MUNDO: Produção Industrial dos EUA recuou pelo segundo mês consecutivo

Eventos da semana

No cenário internacional, o destaque ficou para os dados de atividade nos Estados Unidos em junho. Por um lado, os dados de vendas no varejo tiveram avanço de 0,2% na margem, com a métrica do núcleo, que exclui serviços de alimentação, automóveis, materiais de construção e postos de gasolina, registrando aumento de 0,6%. No entanto, os dados de produção industrial mostraram nova redução, com queda de 0,5%. De toda forma, os dados de atividade no segundo semestre reforçam uma atividade ainda resiliente, com crescimento estimado para o segundo trimestre de 2,2% em termos anualizados, reforçando o cenário que o Fed manterá as condições monetárias apertas por um logo período. Além disso, na China, embora os dados do PIB do 2o trimestre tenham correspondido às expectativas, foi reforçado o cenário de desaceleração da atividade na região, com alta de 0,8% de crescimento no período. Com isso, ganharam força a expectativa que, nas próximas semanas, o governo chinês divulgue medidas para impulsionar a economia. No cenário doméstico, o destaque ficou para a divulgação do dado do IBC-Br de maio, proxy mensal do Banco Central para a atividade econômica. O indicador mostrou retração em maio, com queda de 2,0% no mês, provavelmente por conta do fim do efeito positivo da safra de grãos observado nos meses anteriores.

Atividade doméstica exibe sinais mistos, mas recua 2,0% em maio. O índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) veio significativamente abaixo das projeções (-0,1%), após alta de 0,6% em abril. O desempenho pode ser atribuído tanto ao recuo das vendas do comércio ampliado (-1,1%) como à contribuição negativa do setor agropecuário no mês, partindo de uma base de comparação alta influenciada pela safra agrícola recorde do 1º trimestre. Essas quedas mais do que compensaram a alta da produção industrial (0,3%) e do volume de serviços (0,9%) no mês. Passada a maior parte da influência do setor agropecuário, as próximas leituras exibirão de forma mais clara os efeitos do aperto monetário sobre a atividade econômica do país. Projetamos crescimento de 1,9% do PIB de 2023.

Atividade econômica nos EUA apresentou sinais mistos em junho. As vendas no varejo avançaram 0,2% em junho, abaixo da expectativa do mercado e desacelerando em relação à subida de maio, ambas de 0,5%. O índice de vendas (proxy para o PIB) de consumo que exclui serviços de alimentação, automóveis, materiais de construção e postos de gasolina, aumentou 0,6% na margem, acima das projeções (0,3%) e do mês anterior (0,3%). Dos 13 setores que compõem o indicador, 6 apresentaram queda em junho. A produção industrial, por sua vez, teve queda de 0,5% na margem, segundo mês seguido de baixa, ante expectativa de estabilidade, com recuo de 0,3% na indústria de transformação. No setor imobiliário, o indicador de novas construções recuou 8% na margem, devolvendo parte da alta de 15,7% em maio. Em linha gerais, a atividade encerra o 2º trimestre com crescimento estimado 2,2% na margem anualizado (SAAR), acima da expectativa do início do trimestre (1% SAAR). Esse cenário reforça a expectativa de condições monetárias apertadas por um período prolongado.

Economia chinesa desacelera no 2º trimestre. O PIB chinês cresceu 0,8% na margem no período, vindo de crescimento de 2,2% dos primeiros três meses do ano. Apesar disso, na comparação interanual, o crescimento decepcionou as expectativas:  6,3%, ante projeção de 7,1%. Em relação aos dados de atividade de junho, o destaque positivo foi a produção industrial, com alta de 4,4% em relação ao mesmo mês do ano passado, embora a queda do nível de exportações contrate uma desaceleração para o setor nos próximos meses. Por outro lado, os investimentos em ativos fixos (FAI) tiveram crescimento acumulado de 3,8% no ano até junho, ante 4,0% em maio, porém superior à mediana do mercado (3,4%). Por último, em relação aos dados de emprego no país, o dado de junho mostrou estabilidade da taxa de desemprego urbano, em 5,2%. No entanto,  chamou atenção a nova alta do nível de desocupação entre  jovens de 16 a 24 anos, que passou de 20,8% em maio para 21,3% em junho. Em suma, após forte desempenho no primeiro trimestre, a desaceleração da economia chinesa tem se acentuado, em linha com nossa expectativa. Diante disso, crescem as expectativas de anúncio de estímulos governamentais adicionais, tanto fiscais como monetários, sobretudo no próximo comitê executivo do partido Chinês de forma a impulsionar a atividade.

Diversos bancos centrais de países desenvolvidos seguem no ciclo de aperto da política monetária. Na próxima semana, alguns dos principais banco centrais do mundo como Estados Unidos, Europa e Japão terão decisão de política monetárias bastante aguardadas pelo mercado. De um lado, o Fed, banco central americano, deve aumentar as taxas de juros em 25 pb, elevando os juros para o intervalo de 5,25% – 5,50%. Além disso, o Fed deverá ainda manter em aberto a possibilidade de subir a taxa de juros em novembro (duas reuniões seguintes). Na Europa, o Banco Central Europeu (ECB, sigla em inglês), deverá diminuir o ritmo de aperto de juros de 50 para 25 pb, a uma taxa de 3,75%. Depois dessa decisão, entendemos que o BCE levará em conta os efeitos defasados da política monetária e o alívio recente da inflação para interromper as altas e manter os juros parados por um período prolongado. Por outro lado, no Japão, as expectativas do mercado que o BoJ (Banco do Japão) mantenha estável as taxas de juros correntes e a meta para a taxa de juros de 10 anos em -0,1% e 0,0% ao ano, respectivamente. Do lado dos emergentes, o Banco Central do Chile, na próxima sexta-feira (28/07) deverá iniciar o ciclo de corte de juros na região, com a discussão predominante sendo se o novo ciclo terá início com um patamar de queda de 50 ou 75 pb.

Na próxima semana

 

Na agenda doméstica, destaque para a publicação dos dados de emprego, com a divulgação dos relatórios da PNAD Contínua e CAGED. No cenário internacional, as atenções da semana estarão voltadas para os EUA, com o parecer do FOMC sobre a taxa de juros e a publicação do relatório de inflação do PCE de junho

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui