ENFOQUE MACRO
19 de janeiro de 2024
BRASIL: Atividade econômica ficou estável em novembro
MUNDO: Vendas no varejo acima do esperado nos EUA
EVENTOS DA SEMANA
Para o mercado local, a semana foi marcada pela divulgação de dados de atividade econômica referentes a novembro. O volume de serviços prestados avançou 0,4% na margem, com destaque para serviços financeiros e crescimento expressivo de serviços às famílias. Por sua vez, a expansão de 1,3% das vendas do varejo ampliado no período ficou concentrada em veículos e setores ligados à Black Friday, sugerindo reversão nas próximas leituras. Mesmo com o resultado favorável, esses dados seguem apontando desaceleração no último trimestre de 2023. No entanto, os ativos brasileiros seguem mais condicionado aos movimentos no exterior, principalmente nos EUA. Os destaques externos da semana foram a divulgação dos dados de varejo nos EUA de janeiro, com resultado mais forte do que o esperado, e o discurso de Christopher Waller, do Fed, no qual o diretor defendeu cautela no ciclo de cortes de juros. Os eventos fizeram com que o mercado reduzisse a probabilidade de início do ciclo de cortes em março, o que por sua vez gerou elevação da curva de juros norte-americana e apreciação do dólar frente às moedas de emergentes.
O setor de serviços teve expansão em novembro. De acordo com os dados do IBGE, o volume total de serviços prestados registrou crescimento de 0,4% no mês, após queda acumulada superior a 2,0% desde agosto. Apenas dois dos cinco grandes setores tiveram queda na margem: serviços de transporte (-1,0%), fruto do desempenho de transporte aéreo (-14,7%), e serviços de informação e comunicação, que foram beneficiados pela pandemia e ainda se situam mais de 15% acima do nível pré-crise. As principais contribuições positivas partiram de outros serviços (3,6%), setor que contempla, dentre outros, serviços financeiros e seguros, e serviços profissionais, administrativos e complementares (1,0%). Por fim, houve crescimento de 2,2% dos serviços prestados às famílias, que abrangem alojamento, alimentação e serviços pessoais. Esse setor, que ainda se situa 2,2% abaixo do nível pré-crise, também foi beneficiado por um show de música, segundo o IBGE. Em suma, com o desempenho modesto dos serviços no mês, não vislumbramos aceleração do setor nas próximas leituras.
Vendas no varejo tiveram crescimento acima do esperado em novembro. De acordo com os dados do IBGE, o volume de vendas no varejo teve alta de 0,1% na margem, após queda de 0,3% registrada em outubro. Dos itens que compõem o indicador, as maiores contribuições positivas vieram de setores influenciados pela Black Friday: móveis e eletrodomésticos (4,5%), tecido, vestuário e calçados (3,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%) – setor que engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos e brinquedos – e equipamentos e materiais para escritório e informática (18,6%). O varejo ampliado, que inclui vendas de automóveis, materiais de construção e atacado de alimentos, por sua vez, teve crescimento de 1,3%, acima das expectativas. Na composição, chamou a atenção o forte crescimento das vendas de veículos, motos, partes e peças (4,0%). Em suma, apesar do resultado positivo, esperamos reversão em dezembro, o que deverá gerar desempenho modesto do varejo no trimestre.
Mesmo com as altas de indústria, comércio e serviços, a atividade econômica ficou estável em novembro. Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), houve variação próxima a zero na margem no mês, resultado superior às expectativas, recuperando-se parcialmente após três meses seguidos de queda. Na comparação interanual, o indicador teve acréscimo de 2,2%, ante 1,5% em outubro. Em termos de carrego, a média de outubro e novembro representa queda de 0,4% em relação à média do 3º trimestre de 2023. O dado reforça nossa expectativa de desempenho negativo do PIB no último trimestre de 2023.
Atividade econômica nos EUA surpreendeu positivamente em dezembro. As vendas no varejo registraram crescimento de 0,6% no mês, surpreendendo positivamente a mediana do mercado (0,4%) e acelerando em relação a novembro (0,3%). O índice do grupo de controle, proxy para o PIB, que exclui serviços de alimentação, automóveis, materiais de construção e combustíveis, aumentou 0,8% na margem, ante 0,4% no período anterior e uma projeção de 0,2%. A produção industrial, por sua vez, teve avanço de 0,1% em dezembro, inferior ao registro de 0,2% em novembro, porém superior à expectativa de contração (-0,1%). Em linhas gerais, os números corroboram a visão de uma atividade resiliente. Em nossa estimativa, o PIB do 4º trimestre avançou 2,4% em termos anualizados, surpreendendo a expectativa inicial de expansão de 1%.
O PIB chinês encerrou 2023 com crescimento de 5,2%, em linha com as expectativas. Na margem, o aumento no último trimestre do ano foi de 1,1%, ante expansão de 1,5% no trimestre passado. Os dados de atividade em dezembro, por sua vez, foram mistos. Embora as vendas no varejo tenham frustrado, registrando aumento de 7,4% em dezembro na comparação interanual (projeção de 8,0%), resultado que representou uma desaceleração em relação ao desempenho de 10,1% no mês anterior, os demais dados de atividade na margem foram mais favoráveis: a produção industrial teve acréscimo de 6,8% (projeção de 6,6%), acima da marca de 6,6% em novembro, ao passo que os investimentos em ativos fixos tiveram avanço de 3,0% no acumulado ao longo do ano (projeção de 2,9%), o mesmo registro do mês anterior. Por fim, o setor imobiliário seguiu em contração, com recuo de 6% nas vendas de imóveis residenciais no ano.
NA PRÓXIMA SEMANA
Na agenda doméstica, as atenções estarão concentradas na divulgação do IPCA-15 de janeiro e nos dados do setor externo e de crédito. No cenário internacional, o destaque está em inflação e PIB dos EUA e na decisão do Banco Central Europeu.