COMENTÁRIO ECONÔMICO JULHO 2019

Prezados,
No último dia do mês de julho, na reunião do Comitê de Política Monetária do
Banco Central (Copom) houve corte na taxa básica de juro do país, em tentativa de
estimular a economia, que ainda não conseguiu engatar recuperação. O colegiado
reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual, de 6,5% para 6% ao ano. Com a decisão, o
colegiado renovou a mínima histórica da taxa.
Na sequência, a agenda econômica permanece a mesma. Neste período de
recesso parlamentar as expectativas ficam por conta da retomada da votação da
reforma da previdência. A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno,
na Câmara dos Deputados, em julho, representou fator adicional para o corte na
Selic.
No que tange à conjuntura internacional, o Federal Reserve (FED, o banco
central americano) também cortou a taxa de juros dos EUA. Com a decisão de 31 de
julho, a taxa de juro passou para patamar entre 2% e 2,25% ao ano, conforme já era
esperado pelo mercado. Como justificativa para o corte, o FED citou inflação fraca e
os desenvolvimentos globais. Mas o cenário se mantém desafiador, por conta das
disputas comerciais entre Estados Unidos e China.
Em termos macroeconômicos, o mercado projeta cenário benéfico para a taxa
de inflação. Após o desempenho fraco da economia brasileira no primeiro trimestre o
mercado faz novas aposta em novos cortes da Selic da taxa SELIC (taxa básica de
juro) para 2019, com a expectativa de encerrar o ano em 5,50%. Os dados de
mercado (IBGE) mostram inflação (IPCA) sob controle dentro do intervalo da meta
traçada pelo governo. Para 2019, os economistas das instituições financeiras
trabalham com estimativa de inflação de 3,83%.
O destaque negativo fica por conta das constantes revisões para baixa da taxa
de crescimento da economia (PIB). Analistas projetam crescimento inferior a 1% para
2019, o que reforça o ritmo lento de recuperação da atividade econômica. O Governo
tem anunciado medidas para incentivo da economia, dentre as quais a utilização do
FGTS, com disponibilização de saques para os trabalhadores.
O quadro a seguir apresenta algumas estimativas extraídas do relatório Focus:
COMENTÁRIO JULHO 2019

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CONSULTORIA DE INVESTIMENTOS HABILITADA PELA COMISSÃO DE
VALORES MOBILIÁRIOS – CVM
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ESTIMATIVAS DO RELATÓRIO FOCUS
PREVISÃO 2019
Produto Interno Bruto (PIB) 0,82%
Inflação 3,83%
Taxa básica de juros (Selic) 5,50%
Dólar R$ 3,75
Balança comercial (saldo) US$ 52 bilhões
Investimento estrangeiro direto US$ 85 bilhões

Fonte: Banco Central
Índice de Referência (IPCA/INPC + 6% aa) – Expectativa 2019 10,06% ao ano

Índice de Referência (IPCA/INPC + 4,5% aa) – Expectativa 2019 8,50% ao ano

As taxas de juro praticadas pelos Títulos Públicos Federais tiveram redução
expressiva no mercado secundário. Reflete as apostas do mercado financeiro na
redução da taxa de juro SELIC em 2019. Daqui em diante, o mercado deverá ficar em
compasso de espera. A consolidação de um cenário de recuperação para a economia
dependerá da capacidade de implementação do cronograma de reformas pelo novo
Governo.
A composição da dívida pública, incluindo os seus prazos de vencimento, a
moeda que é emitida e os indexadores utilizados constituem fatores que contribuem
para explicar a remuneração oferecida pelos títulos públicos federais.
O quadro a seguir captura o cenário de juros e indica que as taxas reais
(descontada a inflação) estão em patamares inferiores ao índice de referência de 4%
ao ano nos títulos NTN-B (fundos IMA-B) em todos os vencimentos (vide terceira
coluna da esquerda para a direita). A inflação projetada para o ano de 2019 está em
3,83%:
Prazo de
Vencimento
Tipo de Fundo de
Investimento
Taxa de juro
REAL ao ano
Inflação
projetada
IPCA
Rentabilidade
Total NOMINAL
ao ano
15/08/2020 IMA-B 2,00% 3,83% 5,91%
15/05/2023 IMA-B 5 2,58% 3,83% 6,50%
15/08/2024 IMA-B 5 + 2,88% 3,83% 6,82%
15/08/2030 IMA-B 5 + 3,34% 3,83% 7,30%
Fonte: ANBIMA
COMENTÁRIO JULHO 2019

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De acordo com o quadro abaixo, os fundos da família IRF-M (Pré-Fixados)
operam abaixo do índice de referência (meta atuarial) nos vencimentos para 2020 a
2023. As taxas de juro recuaram consideravelmente ao longo dos últimos meses.
Vencimento Tipo de Fundo de Investimento Rentabilidade Total ao ano
2020 IRF-M 1 5,40%
2022 IRF-M 6,09%
2023 IRF-M 1+ 6,53%
Fonte: ANBIMA
Para os próximos meses de 2019, os olhos e medidas continuarão voltados
para as questões políticas e medidas de incentivo para a economia. Assim, a alocação
dos recursos está com o seguinte direcionamento:
a) RENDA FIXA: deve estar centrada TÍTULOS PÚBLICOS FEDERAIS. Fundos da
família IRF-M estão com taxas de juros médias aproximadas entre 5,40% e 6,53% ao
ano. Fundos da familia IMA-B (mais longos) marcados a mercado capturam melhores
taxas de juro, apesar de estarem sujeitos a oscilações. Os fundos CDI (referenciados)
estão rodando abaixo do índice de referência, mas apresentam estabilidade de
retornos.
As taxas de juro no segmento de renda fixa estão bastante espremidas, com
pouco espaço para os mesmos ganhos significativos daqui em diante. De certa forma,
o mercado financeiro já precificou a aprovação da reforma da previdência.
b) RENDA VARIÁVEL (AÇÕES): O mercado de renda variável tem apresentado bom
rendimento nesses últimos meses. Importante manter posição no segmento, pois a
taxa de juros SELIC de 6% ao ano está abaixo do índice de referência e a tendência é
de queda ainda maior para o juro. Fundos Multimercados (com renda variável)
também surgem como boa alternativa. O perfil deve ser de longo prazo e direcionado
para fundos que apostam na melhora dos fundamentos da economia e seus impactos
sobre as receitas empresas. Além disto, empresas estatais podem voltar a ser boas
apostas, com as expectativas de eventuais planos de privatização.

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