Data: 18 e 19/6/2019
Local: Salas de reuniões do 8º andar (18/6) e do 20º andar (19/6) do Edifício-Sede do Banco Central do
Brasil – Brasília – DF
Horário de início e de término das sessões: 18/6: 11h05 – 13h10; 15h04 – 19h01
19/6: 14h00 – 18h05
Presentes:
Membros do Copom
Roberto Oliveira Campos Neto – Presidente
Bruno Serra Fernandes
Carlos Viana de Carvalho
Carolina de Assis Barros
João Manoel Pinho de Mello
Maurício Costa de Moura
Otávio Ribeiro Damaso
Paulo Sérgio Neves de Souza
Tiago Couto Berriel
Chefes de Departamento responsáveis por apresentações técnicas (presentes em 18/6)
Alan da Silva Andrade Mendes – Departamento das Reservas Internacionais
André Minella – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente em 19/6)
André de Oliveira Amante – Departamento de Operações do Mercado Aberto
Flávio Túlio Vilela – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
João Barata Ribeiro Blanco Barroso – Departamento de Assuntos Internacionais
Tulio José Lenti Maciel – Departamento Econômico
Demais participantes (presentes em 18/6)
Adalberto Felinto da Cruz Junior – Secretário Executivo
Angelo JoséMont’Alverne Duarte –Chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro
Enrico Bezerra Ximenes de Vasconcelos –Secretário do Comitê de Estabilidade Financeira e Consultor da Diretoria
Eugênio Pacceli Ribeiro – Chefe de Gabinete do Diretor de Política Econômica
Fabia Aparecida de Carvalho – Chefe Adjunta do Departamento de Estudos e Pesquisas
Fabio Araujo – Chefe da Assessoria Econômica ao Presidente
Fernando Alberto Sampaio Rocha – Chefe do Departamento de Estatísticas
Gilneu Francisco Astolfi Vivan – Chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro
Leonardo Martins Nogueira – Chefe de Gabinete do Presidente
Márcio Antônio Estrela –Chefe de Gabinete do Diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos
Mauro Zanatta – Assessor de Imprensa
Ricardo Eyer Harris – Chefe de Gabinete do Diretor de Regulação
Rogério Antônio Lucca – Chefe de Gabinete do Diretor de Política Monetária
Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para
a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas
fixadas pelo Conselho Monetário Nacional para a inflação.
Banco Central do Brasil 223ª Reunião do Copom
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A) Atualização da conjuntura
econômica e do cenário básico do
Copom1
1. Indicadores recentes da atividade econômica
indicam interrupção do processo de recuperação da
economia brasileira nos últimos trimestres. O cenário
do Copom contempla retomada desse processo
adiante, de maneira gradual.
2. A economia segue operando com alto nível de
ociosidade dos fatores de produção, refletido nos
baixos índices de utilização da capacidade da indústria
e, principalmente, na taxa de desemprego.
3. O cenário externo mostra-se menos adverso, em
decorrência das mudanças nas perspectivas para a
política monetária nas principais economias.
Entretanto, os riscos associados a uma desaceleração
da economia global permanecem.
4. Diversas medidas de inflação subjacente se
encontram em níveis apropriados, inclusive os
componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à
política monetária.
5. As expectativas de inflação para 2019, 2020 e 2021
apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno
de 3,8%, 4,0% e 3,75%, respectivamente.
6. No cenário com trajetórias para a taxa de juros e de
câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do
Copom situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,9%
para 2020. Esse cenário supõe, entre outras hipóteses,
trajetória de taxa Selic que encerra 2019 em 5,75% a.a.
e se eleva a 6,50% a.a. em 2020. Também supõe
trajetória de taxa de câmbio que termina 2019 e 2020
em R$3,80/US$. Nesse cenário, as projeções para a
inflação de preços administrados são de 3,9% para
2019 e 4,6% para 2020.
7. No cenário com taxa Selic constante em 6,50% a.a. e
taxa de câmbio constante a R$3,85/US$2
, as projeções
condicionais para a inflação situam-se em torno de 3,6%
para 2019 e 3,7% para 2020. Nesse cenário, as
projeções para a inflação de preços administrados são
de 3,9% para 2019 e 4,6% para 2020.
1 A menos de menção explícita em contrário, esta atualização
leva em conta as mudanças ocorridas desde a reunião do
Copom em maio (222ª reunião).
B) Riscos em torno do cenário básico
para a inflação
8. O cenário básico do Copom para a inflação envolve
fatores de risco em ambas as direções.
9. Por um lado, (i) o nível de ociosidade elevado pode
continuar produzindo trajetória prospectiva abaixo do
esperado.
10. Por outro lado, (ii) uma eventual frustração das
expectativas sobre a continuidade das reformas e
ajustes necessários na economia brasileira pode afetar
prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no
horizonte relevante para a política monetária. O risco
(ii) se intensifica no caso de (iii) deterioração do cenário
externo para economias emergentes.
11. O Comitê avalia que o balanço de riscos para a
inflação evoluiu de maneira favorável, mas entende
que, neste momento, o risco (ii) é preponderante.
C) Discussão sobre a condução da
política monetária
12. Os membros do Comitê avaliaram a evolução da
atividade econômica à luz dos indicadores e
informações disponíveis. Concluíram que houve
interrupção do processo de recuperação da economia
brasileira nos últimos trimestres. Essa interrupção fica
nítida quando se adota perspectiva um pouco mais
longa, que sugere ter havido uma mudança na dinâmica
da economia após o segundo trimestre de 2018. Sob
essa perspectiva, a recuperação da atividade
econômica, que ocorria em ritmo gradual até então,
perdeu ímpeto. Após leve recuo no primeiro trimestre
de 2019, em decorrência dessa perda de dinamismo e
de alguns choques pontuais, o Produto Interno Bruto
(PIB) deve apresentar desempenho próximo da
estabilidade no segundo trimestre.
13. Os membros do Copom avaliaram que, em grande
medida, os efeitos sobre a atividade econômica dos
principais choques sofridos pela economia brasileira ao
longo de 2018 se dissiparam. Além disso, as condições
financeiras, que sofreram aperto relevante entre o
segundo e quarto trimestres de 2018, já caminharam
para terreno mais estimulativo. Nesse contexto, o
cenário básico do Copom contempla retomada do
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Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a
cotação média da taxa de câmbio R$/US$ observada nos cinco
dias úteis encerrados na sexta-feira anterior à reunião do
Copom.
Banco Central do Brasil 223ª Reunião do Copom
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processo de recuperação econômica adiante, de
maneira gradual.
14. Os membros do Copom debateram, também,
fatores que poderiam restringir o crescimento
econômico, no contexto dos profundos ajustes
necessários na economia brasileira, especialmente os
de natureza fiscal. Reiteraram a visão de que a
manutenção de incertezas quanto à sustentabilidade
fiscal tende a ser contracionista. Em especial,
incertezas afetam decisões de investimento que
envolvem elevado grau de irreversibilidade e, por
conseguinte, necessitam de maior previsibilidade em
relação a cenários futuros. Em contexto de espaço
fiscal limitado para investimentos públicos,
enfatizaram a importância de reformas que gerem
sustentabilidade da trajetória fiscal futura. Ao
reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia
brasileira, essas reformas tendem a estimular o
investimento privado. Esse potencial efeito
expansionista deve, em alguma medida, contrabalançar
impactos de ajustes fiscais de curto prazo sobre a
atividade econômica, além de mitigar os riscos de
episódios de forte elevação de prêmios de risco, como
o ocorrido em 2018.
15. O Copom reiterou o entendimento de que uma
aceleração do ritmo de retomada da economia para
patamares mais robustos dependerá, também, de
outras iniciativas que visam ao aumento de
produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade
da economia e melhoria do ambiente de negócios.
Esses esforços são fundamentais para a retomada da
atividade econômica e da trajetória de
desenvolvimento da economia brasileira.
16. No que tange à conjuntura internacional, os
membros do Copom ponderaram que o cenário se
mostra menos adverso. Bancos centrais das principais
economias sinalizaram, com clareza, disposição para
provisão de estímulos monetários adicionais em caso
de necessidade, o que contribuiu para afrouxamento
das condições financeiras globais. Não obstante essa
melhora, os membros do Copom avaliam que os riscos
associados a uma desaceleração da economia global
permanecem e que incertezas sobre políticas
econômicas e de natureza geopolítica podem
contribuir para um crescimento global ainda menor.
Diante das evidências de desaceleração econômica em
vários países, alguns membros do Copom ponderaram
que o ambiente global pode ser fator mais relevante
para a dinâmica da atividade econômica do que o
antevisto. Nesse contexto, voltaram a destacar a
capacidade que a economia brasileira apresenta de
absorver revés no cenário internacional, devido ao seu
balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das
expectativas de inflação e à perspectiva de reformas
estruturais e de retomada, adiante, do processo de
recuperação econômica.
17. Os membros do Copom discutiram as projeções
recentes para a inflação e os níveis de diversas medidas
de inflação subjacente. Avaliaram que estas últimas
encontram-se em níveis apropriados. No que tange às
projeções de mais curto prazo, pontuaram que o recuo
da inflação de alimentos e movimentos recentes
favoráveis nos preços de combustíveis e de energia
elétrica tendem a produzir inflação mais baixa do que o
previsto anteriormente. Essas revisões explicam parte
substantiva da queda nas projeções condicionais para o
IPCA de 2019. No horizonte relevante para a política
monetária, que inclui principalmente o ano-calendário
de 2020, os cenários com taxas de juros constantes
produzem inflação um pouco abaixo da meta para
2020, enquanto os cenários com trajetória de juros
extraída da pesquisa Focus, que embutem provisão de
estímulos monetários adicionais, produzem inflação em
torno da meta.
18. Os membros do Copom debateram então a
evolução, desde sua reunião anterior, dos fatores
destacados em seu balanço de riscos em torno do
cenário básico para inflação. Todos concordaram que o
balanço de riscos evoluiu de maneira favorável. Não
obstante, ressaltaram que a consolidação do cenário
benigno refletido nas expectativas de inflação e nas
projeções condicionais acima reportadas depende do
andamento das reformas e ajustes necessários na
economia brasileira, que são fundamentais para a
manutenção do ambiente com expectativas de inflação
ancoradas. Uma eventual frustração das expectativas
sobre a continuidade dessas reformas e ajustes pode
afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação
no horizonte relevante para a política monetária. O
Comitê avalia que, neste momento, esse é o fator
preponderante em seu balanço de riscos.
19. O Copom avalia que a conjuntura econômica com
expectativas de inflação ancoradas, medidas de
inflação subjacente em níveis apropriados, projeções
que indicam inflação em 2020 em torno ou um pouco
abaixo da meta e elevado grau de ociosidade na
economia prescreve política monetária estimulativa, ou
seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. A
taxa de juros estrutural é um ponto de referência para
a condução da política monetária. Quando essa política
produz uma taxa de juros real (ex-ante) aquém da taxa
estrutural, ela provê estímulos para a atividade
econômica e contribui para um aumento da inflação.
Como a taxa estrutural não é observável e a atividade
econômica e a inflação dependem de diversos outros
fatores, estimativas dessa taxa envolvem elevado grau
de incerteza e são continuamente reavaliadas pelo
Comitê. Não obstante, os membros do Copom avaliam
que as atuais taxas de juros reais ex-ante têm efeito
estimulativo sobre a economia. Essa avaliação não é
inconsistente com o desempenho da economia aquém
do esperado, posto que a atividade econômica sofre
influência de diversos outros fatores, conforme
destacado acima.
Banco Central do Brasil 223ª Reunião do Copom
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20. Os membros do Copom debateram também as
condicionalidades que prescreveriam política
monetária estimulativa. Todos concordaram que o grau
de estímulo adequado depende das condições da
conjuntura, em particular, das expectativas de inflação,
da capacidade ociosa na economia, do balanço de riscos
e das projeções de inflação. Em especial, a provisão de
estímulo monetário requer ambiente com expectativas
de inflação ancoradas.
21. Na sequência, os membros do Copom avaliaram a
decisão de política monetária adequada, tendo em vista
a evolução do cenário básico e do balanço de riscos
desde sua reunião em maio (222ª reunião). Todos
concluíram pela manutenção da taxa Selic em 6,50%
a.a.
22. O Comitê julga importante observar o
comportamento da economia brasileira ao longo do
tempo, com redução do grau de incerteza a que
continua exposta.
23. Os membros do Copom reafirmaram sua
preferência por explicitar condicionalidades sobre a
evolução da política monetária, o que melhor transmite
a racionalidade econômica que guia suas decisões. Isso
contribui para aumentar a transparência e melhorar a
comunicação do Comitê.
24. O Comitê reitera sua visão de que a continuidade
do processo de reformas e ajustes necessários na
economia brasileira é essencial para a queda da taxa de
juros estrutural, para o funcionamento pleno da
política monetária e para a recuperação sustentável da
economia. O Comitê ressalta ainda que a percepção de
continuidade da agenda de reformas afeta as
expectativas e projeções macroeconômicas correntes.
Em particular, o Comitê julga que avanços concretos
nessa agenda são fundamentais para consolidação do
cenário benigno para a inflação prospectiva. O Copom
ressalta que os próximos passos da política monetária
continuarão dependendo da evolução da atividade
econômica, do balanço de riscos e das projeções e
expectativas de inflação.
D) Decisão de política monetária
25. Considerando o cenário básico, o balanço de riscos
e o amplo conjunto de informações disponíveis, o
Copom decidiu, por unanimidade, pela manutenção da
taxa básica de juros em 6,50% a.a. O Comitê entende
que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço
de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com
a convergência da inflação para a meta no horizonte
relevante para a condução da política monetária, que
inclui o ano-calendário de 2019 e, principalmente, de
2020.
26. O Copom reitera que a conjuntura econômica
prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com
taxas de juros abaixo da taxa estrutural.
27. O Comitê julga importante observar o
comportamento da economia brasileira ao longo do
tempo, com redução do grau de incerteza a que
continua exposta.
28. O Comitê enfatiza que a continuidade do processo
de reformas e ajustes necessários na economia
brasileira é essencial para a queda da taxa de juros
estrutural e para a recuperação sustentável da
economia. O Comitê ressalta ainda que a percepção de
continuidade da agenda de reformas afeta as
expectativas e projeções macroeconômicas correntes.
Em particular, o Comitê julga que avanços concretos
nessa agenda são fundamentais para consolidação do
cenário benigno para a inflação prospectiva.
29. Na avaliação do Copom, a evolução do cenário
básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da
taxa Selic no nível vigente. O Comitê ressalta que os
próximos passos da política monetária continuarão
dependendo da evolução da atividade econômica, do
balanço de riscos e das projeções e expectativas de
inflação.
30. Votaram por essa decisão os seguintes membros
do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (Presidente),
Bruno Serra Fernandes, Carlos Viana de Carvalho,
Carolina de Assis Barros, João Manoel Pinho de Mello,
Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso,
Paulo Sérgio Neves de Souza e Tiago Couto Berriel.