INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
No Brasil: criação de vagas formais acima do esperado. Revisões baixistas de inflação pelo mercado.
Na China: crescimento no 3º trimestre desacelerou para o menor ritmo em 27 anos.
Os dados do ministério do trabalho (CAGED) mostraram a criação líquida de 157,2 mil vagas em setembro, resultado acima da nossa expectativa (130 mil). Nas séries com ajuste sazonal, segundo os nossos cálculos, houve abertura de 69 mil vagas no total, elevando a média móvel de três meses de 45 mil para 54 mil. Entre os setores, serviços, comércio e construção civil se mantiveram na liderança como destaques na geração de vagas. Por sua vez, agropecuária mantém ritmo mais lento, com média de 2 mil vagas nos últimos três meses. Essa tendência de maior criação de vagas deverá continuar nos próximos meses. Esperamos que em 2019 sejam criadas 500 mil vagas formais, após criação de 421 mil em 2018.
O índice de atividade econômica (IBC-Br) registrou leve alta em agosto, reforçando ritmo moderado da economia. No mês, o IBC-Br avançou 0,1% em relação a julho, em linha com a nossa projeção (+0,1%) e do mercado (+0,2%), e recuperando após a queda de 0,1% registrada em julho. No ano, o índice acumula alta de 0,7%. Com relação ao final do 3º trimestre, os indicadores antecedentes de atividade de setembro apontam para uma alta da indústria, puxada pelo setor extrativo e veículos, e do comércio, impulsionada pela liberação do FGTS. Com isso, o nosso tracking do PIB para o 3º trimestre passou de 0,2% para 0,3% na margem. Para o ano, revisamos a projeção de PIB de 0,8% para 1,0% para 2019.
As projeções do mercado da taxa Selic e inflação seguem registrando novas quedas. Segundo o relatório Focus, o PIB deverá expandir 0,9% em 2019 e 2,0% em 2020, sem novas revisões desde meados de setembro. No início desse ano, essas projeções estavam em 2,5% para 2019 e 2020. Para a taxa Selic, as expectativas seguem em redução, agora em 4,75% para 2019 e 2020. Por sua vez, a projeção de IPCA continua em queda atingindo 3,3% para 2019, 3,7% para 2020, após supressas baixistas de curto prazo. Em setembro, essas projeções estavam em 3,6% para 2019 e 3,8% para 2020. Para 2021, a expectativa de inflação permanece ancorada no centro da meta (3,75%). Diante desse quadro, o Banco Central deve continuar reduzindo a taxa de juros, decidindo por novo corte de 50 p.b. na reunião de 30 de outubro.
Nos EUA, as vendas no varejo apresentaram a 1ª queda em sete meses. Na margem, as vendas caíram 0,3% em setembro, ante expectativa de +0,3% e alta de 0,6% em agosto. O recuo foi disseminado entre os setores, com destaque para a queda das vendas de veículos. O grupo de controle (exclui alimentação, autos, gasolina e materiais de construção), que possui maior aderência com a dinâmica do PIB, permaneceu estável, também frustrando as expectativas (+0,3%). As quedas nas vendas sinalizam moderação do consumo, segmento que tem apresentado crescimento robusto. Tendo em vista o cenário de incerteza global e a moderação do consumo, o Fed deverá anunciar novo corte na taxa de juros (-25 p.b.) no final do mês.
Na Zona do Euro, a produção industrial de agosto apresentou resultado ligeiramente acima da expectativa. A produção industrial na Zona do Euro cresceu 0,4% na comparação com o mês anterior, resultado ligeiramente acima da expectativa do mercado (+0,3%). O indicador sofreu uma redução de 2,8% na comparação anual, ante expectativa de -2,5%. Esse mês representou o 10º mês consecutivo de contração da atividade industrial na comparação com 2018. Diante da continuidade da incerteza global, os dados de inflação e indústria ainda não sinalizam recuperação da economia da região, reiterando a necessidade das medidas de estímulo adotadas pelo Banco Central Europeu na última reunião e abrindo o debate sobre a possibilidade estímulos fiscais.
O PIB chinês desacelerou no 3º trimestre, o que representou o menor crescimento em 27 anos. No 3º trimestre de 2019, o PIB da China registrou aumento de 6,0% na comparação anual, abaixo do crescimento obtido no trimestre anterior, de 6,2%. O resultado, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, foi impulsionado pelos indicadores de atividade de setembro. Após dados mais fracos em julho e agosto, a produção industrial surpreendeu positivamente as expectativas em setembro. A respeito do investimento (FAI), destaque para o aumento da participação do governo com os gastos em infraestrutura. O cenário de tensão comercial insere um risco de piora para a atividade nos próximos trimestres, dado que o governo segue mais preocupado com uma agenda reformista. Nesse sentido, o crescimento deve migrar de 6,0% nesse ano para 5,8% em 2020.
Ainda na China, a inflação ao consumidor segue pressionada por conta da gripe suína. A inflação ao consumidor de setembro acelerou de 2,8% em agosto para 3,0% em setembro, na comparação anual. Essa elevação continua sendo impulsionada pela alta da carne suína, que subiu 69% na variação anual. Apesar da aceleração, o núcleo do CPI (exclui alimentos e energia) se manteve em patamar baixo, com variação de 1,5%. Por se tratar de um choque de oferta, o governo não deve alterar a condução da política monetária expansionista, promovendo novos cortes de juros para atenuar o ritmo de desaceleração da atividade.
Na próxima semana:
Na agenda local, destaque para a prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) de outubro (Projetamos: +0,03%) e para a última votação da previdência, no Senado, ambos na terça-feira. Além disso, serão publicados os dados do setor externo na quinta-feira e de crédito na sexta-feira. No âmbito global, destaque para reunião do Banco Central Europeu na quinta-feira. Os dados de confiança da indústria de outubro da Zona do Euro e dos EUA serão publicados também na quinta-feira.