INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, o IPCA registra deflação e vendas no varejo apresentam crescimento moderado. Nos EUA, o Fed reforça preocupação com a desaceleração global.

A inflação ao consumidor (IPCA) registrou deflação de 0,04%, o menor resultado para o mês de setembro desde 1998. A variação surpreendeu tanto a nossa expectativa (+0,02%), quanto a do mercado (+0,03%). Em relação aos grupos, destaque para as surpresas baixistas em Serviços e Bens Industriais. Em 12 meses, o IPCA desacelerou para 2,9%, ante 3,4% em agosto. Acreditamos que em outubro o IPCA deva atingir 2,5%, abaixo do piso do intervalo da meta do Banco Central. Em termos qualitativos, a média dos núcleos de inflação (que exclui itens voláteis) desacelerou de 3,1% para 2,8%. O IPCA deverá encerrar o ano com alta de 3,1%, abaixo do centro da meta (4,25%).

As vendas no varejo apresentaram crescimento moderado em agosto. O volume de comércio varejista registrou aumento de 0,1% na margem, ligeiramente abaixo da nossa expectativa e do mercado, ambas em +0,2%. Na comparação anual, houve elevação de 1,4%. Destaque para o setor de supermercados, que cresceu 0,6% na margem e acumula alta de 0,7% no ano. A leitura de agosto representa o 3º mês consecutivo de crescimento, sinalizando recuperação gradual do varejo. A liberação dos saques do FGTS e o crédito devem colaborar para a continuidade dessa retomada.

O setor de serviços, por sua vez, recuou 0,2% em agosto, abaixo da nossa expectativa de estabilidade. No ano, o setor de serviços acumula alta de 0,5%. Entre os setores, destaque para o crescimento de 0,4% nos serviços de informação em agosto, acumulando alta de 3% em 2019. Do lado negativo, os serviços de transporte recuaram 0,9%, com queda de 3,2% nos primeiros oitos meses do ano. Apesar do recuo inesperado em serviços, a melhora recente dos indicadores de atividade afasta o risco de novas revisões baixistas do PIB. Com os resultados de agosto, o tracking do PIB do 3º trimestre permanece em 0,2% na variação trimestral.

Nos EUA, a ata do FOMC reiterou a preocupação dos membros com os riscos negativos relacionados à desaceleração global. Desde a última reunião, a avaliação é de que, embora o mercado de trabalho e as condições gerais da economia se mantenham robustas, os dados de investimento, exportações e indústria apresentaram nova piora. Sobre a inflação, o comitê reconhece que as leituras recentes se mantêm abaixo da meta de 2%, com a maioria dos membros ressaltando que o viés é de baixa para a inflação. Nesse cenário, os membros concordaram em reduzir a taxa de juros em 0,25 p.p., para o intervalo entre 1,75% e 2,0% ao ano. Tendo em vista a perspectiva de continuidade das incertezas que cercam a atividade, bem como o horizonte de inflação contida, avaliamos que o Fed reduzirá novamente em 0,25 p.p. a taxa de juros na reunião de outubro.

A inflação ao consumidor (CPI) teve variação de 0,2% em setembro, abaixo da expectativa do mercado (0,3%). Em termos anuais, o CPI manteve variação de 1,7%. O núcleo do CPI (exclui alimentos e energia), por sua vez, variou 0,1% na margem, também abaixo da expectativa do mercado. A maior surpresa ficou por conta da deflação no CPI de bens (-0,3%). Além da piora nos dados de confiança, a surpresa baixista com o CPI corrobora o cenário de corte adicional da taxa de juros no final desse mês.

Na Alemanha, apesar da surpresa positiva em agosto, a indústria segue em recessão no 3º trimestre. Na margem, a indústria alemã expandiu 0,3% em agosto, acima da expectativa de estabilidade. No trimestre, a produção acumula queda de 1,3%, o que representa o 5º trimestre consecutivo de contração. O desempenho ruim conta com participação importante da indústria automobilística. Desde o pico em 2017, a produção do setor recuou cerca de 20%. Diante da continuidade da incerteza global, os indicadores antecedentes não sinalizam reversão desse cenário para a indústria. Com isso, a pressão para a adoção de um afrouxamento fiscal na Alemanha aumentará nos próximos meses.

Na próxima semana

Na agenda local da próxima semana, haverá a divulgação do indicador de atividade mensal do Banco Central (IBC-Br) na segunda-feira. Na agenda internacional, o grande destaque fica por conta da divulgação do PIB da China (3º trimestre) na quinta-feira. Ademais, serão divulgados os dados de vendas no varejo nos EUA e inflação na China e na Zona do Euro.

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