INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
No Brasil, o Banco Central sinaliza que o cenário permite ajuste adicional no grau de estímulo. Nos EUA, atividade segue como destaque positivo.
O Copom reforçou a sinalização de corte adicional da taxa de juros. Na ata da reunião em que o Banco Central reduziu a Selic de 6,0% para 5,5% a.a., os membros enfatizaram que o cenário de inflação permanece benigno e a atividade segue em processo de retomada gradual. Desde a última reunião, o balanço de riscos evoluiu favoravelmente, com a mitigação da incerteza relacionada ao avanço das reformas estruturais. Os membros do Copom avaliam também que os estímulos monetários nas principais economias, em contexto de desaceleração, produzem um ambiente relativamente favorável para os países emergentes. Diante disso, o Copom avalia que a consolidação desse cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo.
As projeções contidas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) corroboram o cenário de corte de juros nesse ano e manutenção em 2020. Em todos os cenários considerados pelo Banco Central, a projeção de inflação se situa abaixo da meta para 2019 (4,25%) e 2020 (4%). A simulação que implica maior pressão inflacionária em 2020 abrange Selic no Focus (5% a.a. nesse e no próximo ano) e câmbio constante (R$/US$ 4,05), resultando em inflação de 3,8%. Para 2021, as projeções se aproximam da meta (3,75%). No RTI, o Banco Central reforça a necessidade de avanços das reformas e ajustes para a redução gradual do juros estrutural. Em resumo, mesmo com a recente desvalorização do câmbio, as projeções de inflação do Banco Central seguem bem-comportadas. Projetamos que a Selic irá encerrar o ano em 4,5%.
A prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) registrou alta em linha com o esperado para setembro. No mês, o IPCA-15 variou 0,09%, após aumento de 0,08 em agosto. O grupo Habitação registrou variação de 0,76%, a maior entre os grupos, pressionada pelo preço da energia elétrica. Alimentação no domicílio, por sua vez, registrou deflação menor do que o esperado, de 0,81%, ante projeção de -1,14%. Em 12 meses, o IPCA-15 segue estável em 3,2%. Com relação à média dos núcleos, a alta totaliza 3,0%, com o núcleo de serviços acumulando variação de 3,75%, valor que deve ceder nas próximas leituras. Com esse resultado, IPCA de setembro deve encerrar o mês próximo de 0,02%. Para o ano, projetamos alta de 3,4%, abaixo da meta do Banco Central para 2019, de 4,25%.
No mercado de trabalho, o CAGED registrou a criação líquida de 121,4 mil vagas em agosto, resultado acima da nossa expectativa (101 mil). Nas séries com ajuste sazonal, segundo os nossos cálculos, houve abertura de 53 mil vagas no total, elevando a média móvel de três meses de 22 mil para 36 mil. Entre os setores, serviços, comércio e construção civil se mantiveram na liderança como destaques na geração de vagas. A interrupção da destruição de vagas na indústria foi outro ponto positivo do CAGED. O ritmo moderado de recuperação do mercado de trabalho está em linha com a nossa projeção de crescimento do PIB de 0,8% para o ano.
As contas externas mostram quadro confortável. No mês de agosto, o saldo em conta corrente foi deficitário em US$ 4,3 bilhões, em linha com a nossa projeção de déficit de US$ 4,5 bilhões. Com os números de agosto, o saldo em conta corrente em 12 meses atingiu US$ 33,9 bilhões (1,8% do PIB), ante déficit de US$ 31,3 bilhões (1,7% do PIB) no mesmo mês do ano passado. Quanto ao fluxo financeiro, os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 9,5 bilhões no mês. Já o fluxo líquido de renda fixa, ações e fundos foi negativo em US$ 6,6 bilhões e, no ano, os ingressos permanecem positivos em US$ 7,5 bilhões. Avaliamos que o déficit em conta corrente deverá encerrar o ano em US$ 34,3 bilhões (1,9% do PIB).
No quadro global, os dados de confiança da indústria (PMI) mostram que o diferencial de crescimento econômico entre os EUA e os desenvolvidos aumentou em setembro. Nos EUA, o PMI avançou de 50,3 para 51 pontos, o maior patamar em 5 meses. Com consumo interno robusto, a indústria norte-americana se mantém em expansão (acima de 50 pontos). Na Zona do Euro, por seu turno, o PMI mostrou contração pelo 8º mês consecutivo. Com 45,6 pontos, a região se encontra no pior patamar desde 2012. Assim como na Zona do Euro, o PMI do Japão também aponta contração, no patamar de 48,9 pontos. O cenário de incerteza derivado da escalada do protecionismo tem prejudicado o desempenho de economias mais expostas à demanda global, casos de Zona do Euro e Japão. Esse diferencial de atividade favorável para os EUA é um dos principais fatores que explica o fortalecimento do dólar ante outras divisas.
Na próxima semana:
Na agenda local, destaque para a divulgação da produção industrial de agosto, para a qual esperamos alta de 0,4%. Além disso, haverá a divulgação dos dados do setor público consolidado pelo Banco Central na segunda-feira (projetamos déficit de R$ 17,4 bilhões). No calendário global, destaque para o relatório de emprego nos EUA