No Brasil, o Banco Central reforçou a melhora no balanço de riscos e indicou corte adicional na taxa de juros. Na Alemanha, a produção industrial apresentou forte contração.
A ata do Copom reforçou a melhora no balanço de riscos e indicou corte adicional na taxa de juros. Na ata da reunião em que o Banco Central reduziu a Selic de 6,5% para 6,0% a.a., os membros enfatizaram que o cenário de inflação permanece benigno e a atividade segue com desempenho modesto. Desde a última reunião, o balanço de riscos evoluiu favoravelmente, com o avanço da reforma da Previdência. O risco de uma eventual frustração na evolução da aprovação da reforma, no entanto, segue como incerteza preponderante. O Copom avalia como benigno o ambiente externo, devido à perspectiva de redução de juros nas principais economias, embora o risco de desaceleração da atividade global ainda esteja presente no cenário. Diante disso, o Copom avaliou que a conjuntura atual prescreve a redução da taxa de juros, considerada estimulativa, e que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo. Avaliamos que o Banco Central fará novo corte de 0,50 p.p. na próxima reunião, levando a Selic para 5,5% a.a. em setembro. Além disso, com o avanço da reforma da Previdência e a ociosidade da economia permitindo uma trajetória benigna de inflação para o horizonte de médio prazo, acreditamos que a Selic será reduzida para 5,0% a.a. ao final de 2019.
A inflação ao consumidor (IPCA) registrou alta abaixo do esperado em julho, quadro segue benigno. O IPCA subiu 0,19% na margem em julho, abaixo da nossa expectativa e do mercado, ambas em 0,24%. Em relação ao que projetávamos, a maior surpresa ocorreu no grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, que apresentou deflação de 0,20%, ante expectativa de alta de 0,33%. Em 12 meses, o IPCA desacelerou de 3,4% para 3,2%. Em termos qualitativos, a média dos núcleos de inflação (que exclui itens voláteis) desacelerou de 3,3% em junho para 3,0% em julho. Em geral, a inflação segue apresentando um quadro benigno. Projetamos alta de 3,5% em 2019 e de 3,7% para 2020.
A reforma da Previdência foi aprovada em 2º turno na Câmara dos Deputados. Após 1º turno aprovado com 379 votos, o 2º turno encerrou com 370 votos favoráveis e 124 contra. Nenhum destaque supressivo ao texto da reforma foi aprovado. Assim, a economia prevista em 10 anos com a reforma segue em R$ 933 bilhões em 10 anos, segundo cálculo do governo. Esse valor é próximo da nossa estimativa de R$ 865 bilhões, de acordo com o nosso modelo. A proposta segue para análise no Senado Federal e há expectativa de que seja aprovada até meados de outubro.
A respeito da atividade, as vendas no varejo seguiram fracas em junho, confirmando crescimento moderado no 2º trimestre. As vendas no varejo registraram aumento de 0,1% na margem, ficando abaixo da nossa projeção (0,6%) e do mercado (0,5). No 2º trimestre, o resultado foi de queda de 0,3%, ante estabilidade no 1º trimestre. Entre os setores, as vendas de artigos de uso pessoal e doméstico (vendas online) e em supermercados ficaram estáveis na margem. As vendas ampliadas (inclui automóveis e material de construção) permaneceram estáveis no mês, próximo à nossa projeção (-0,1%). Destaque para as vendas de automóveis, que subiram 3,6%, enquanto o setor de material de construção teve recuo de 1,2%, ambos na margem. O resultado das vendas no varejo de junho reforça que o consumo cresceu moderadamente no 2º trimestre de 2019.
O setor de serviços, por seu turno, teve desempenho abaixo do esperado. Em junho, o volume de serviços registrou queda de 3,6% na margem, abaixo da nossa expectativa (-2,3%) e da mediana do mercado (-2,1%). O resultado foi impulsionado pela queda nos serviços de comunicação (-2,3%) e de transportes (-1,0%). Com o resultado e o das vendas no varejo o nosso tracking do crescimento do PIB no 2º trimestre passou de 0,3% na margem para 0,2%.
Na Alemanha, a produção industrial registrou queda de 1,5% em junho. O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que era de contração de 0,3%. Entre os setores, a produção no setor de construção teve alta de 0,3% no mês, enquanto a produção do setor manufatureiro registrou recuo de 1,8%. A perspectiva para os próximos meses permanece desafiadora com a confiança da indústria em queda e sem aumento expressivo nas novas encomendas para o setor.
Na China, o saldo comercial ficou acima do esperado em julho, com elevação das exportações. O superávit comercial atingiu US$ 45 bilhões em julho, acima do esperado pelo mercado (US$ 42,6 bilhões). A surpresa foi o aumento de 3,3% nas exportações, na variação interanual. As exportações para Europa apresentaram recuperação, enquanto para os EUA caíram 3,2% na margem. As compras de commodities ligadas ao investimento (minério de ferro e cobre) aumentaram na margem, sugerindo aumento na demanda em infraestrutura no curto prazo. Por sua vez, as importações registraram contração de 5,6%. Apesar do resultado mais forte em junho, com a escalada da guerra comercial os dados de comércio devem apresentar desaceleração nas próximas leituras.
Na próxima semana, destaque para os indicadores de atividade. No Brasil, o indicador mensal de atividade do Banco Central (IBC-Br) de junho será divulgado na segunda-feira, projetamos alta de 0,1% na margem. Na agenda global, os dados de atividade da China de julho serão publicados na terça-feira. Nos EUA, destaque para a inflação ao consumidor (CPI) na terça-feira e os dados de produção industrial e vendas no varejo na quinta-feira.