Enfoque Macro Semanal – Bradesco Asset

ENFOQUE MACRO SEMANAL
04 de outubro de 2024

BRASIL:  Produção industrial teve crescimento moderado

MUNDO: Criação de vagas nos EUA surpreendeu positivamente

EVENTOS DA SEMANA

No âmbito doméstico, a semana não contou com surpresas relevantes em termos de indicadores: tanto os dados de produção industrial como o resultado do setor público consolidado de agosto vieram em linha com as expectativas. No entanto, o grande destaque consistiu na revisão da nota de risco de crédito do Brasil pela agência Moody´s, de Ba2 para Ba1, ainda que o movimento tenha tido efeito contido sobre os principais ativos. No exterior, tanto a comunicação de membros de Fed na semana como os dados de mercado de trabalho de setembro acima das expectativas reforçaram a cautela com uma atividade ainda aquecida, fortalecendo as apostas de um corte menor, de 25 pontos base na reunião de novembro.

Produção industrial teve alta modesta em agosto, mas segue com tendência positiva. De acordo com os dados do IBGE, a indústria registrou avanço de 0,1% na margem, em linha com s expectativas, o que representa crescimento de 2,2% na comparação interanual. A alta pode ser atribuída à indústria extrativa, que cresceu 1,1% no mês puxada por petróleo e minério de ferro e mais do que compensou o recuo da indústria de transformação (-0,3%), com a principal contribuição negativa partindo de veículos (-4,2%). Além disso, o índice de difusão recuou em comparação com o observado em julho: apenas 26% dos setores registraram crescimento na margem, ante 76% na leitura anterior. Em relação às categorias de uso, os resultados foram mistos: enquanto bens intermediários e os bens de consumo semi e não duráveis cresceram em agosto, bens de capital e bens duráveis recuaram no período, devido sobretudo à menor produção de veículos. Em termos de carrego, por fim, a média de julho e agosto representa alta de 0,9% em relação à média do 2º trimestre do ano. Em suma, ainda que o resultado do mês tenha sido concentrado na indústria extrativa, a indústria segue com tendência favorável, contribuindo para nossa expectativa de alta do PIB no 3º trimestre.

O resultado primário do setor público consolidado foi deficitário em R$ 21,4 bilhões em agosto, em linha com a expectativa do mercado. Em relação à composição, o Governo Central registrou resultado negativo de R$ 22,3 bilhões no mês, enquanto os governos regionais e as empresas estatais obtiveram superávits de R$ 435 milhões e de R$ 469 milhões, respectivamente. Em 12 meses, o setor público consolidado acumulou déficit primário de R$ 256,3 bilhões (2,3% do PIB), enquanto o resultado nominal, que inclui as despesas com juros, foi negativo em R$ 1,11 trilhão no mesmo período, o que representa 9,8% do PIB. A dívida bruta do governo geral, por sua vez, atingiu 78,5% do PIB, 0,2 p.p. acima da leitura de julho. Estimamos que o déficit do setor público consolidado será de R$ 69 bilhões esse ano, enquanto a dívida bruta deverá alcançar 78,4% do PIB.

Rating soberano brasileiro foi elevado pela agência Moody´s. A agência elevou a nota de crédito da dívida de longo prazo de Ba2 para Ba1, um nível abaixo do grau de investimento. O movimento foi justificado pelo crescimento econômico mais robusto e o histórico recente de reformas econômicas. A Moody´s ressaltou, no entanto, o desafio fiscal do país diante do alto endividamento e os riscos atrelados à proposta de consolidação fiscal por meio do aumento das receitas. A agência também apontou como positiva a perspectiva para a nota do país, podendo no caso da continuidade do crescimento robusto e da consolidação fiscal, aumentar novamente a nota do país nos próximos 12 meses. Entre os países que agora se encontram com mesma nota do Brasil pela Moody´s, destaque para a Grécia, Marrocos e Guatemala. Com uma nota acima (Ba1), ou seja, países com grau de investimento, temos como destaque o Paraguai, o Panamá e a Romênia.

Relatório de emprego de setembro mostrou reversão da tendência de esfriamento do mercado de trabalho nos EUA. O número de vagas criadas foi de 254 mil no mês, consideravelmente acima das expectativas de 150 mil e do registro de agosto, que foi revisado de 142 mil para 159 mil. O setor privado também surpreendeu positivamente, criando 223 mil postos de trabalho, ante projeção de 125 mil. A média móvel de 3 meses, desse modo, acelerou de 140 mil para 186 mil. A taxa de desemprego, por sua vez, caiu de 4,2% para 4,1% entre agosto e setembro, contando com o avanço de 430 mil na ocupação. Os salários tiveram alta de 0,4% na margem, contribuindo para a aceleração em 12 meses de 3,8% para 4,0%. O número mais forte em setembro corrobora a visão que o Fed deverá desacelerar o ritmo de redução de juros na reunião de novembro, de 50 pb. para 25 pb.

Alívio da inflação na Área do Euro continuou em setembro. O índice de preços ao consumidor avançou 1,8% na comparação interanual, conforme resultado prévio para o mês, abaixo do registrado em agosto (2,2%). O resultado teve forte contribuição do setor de energia, com deflação de 6,0% no ano encerrado em setembro. Considerando o núcleo da inflação, houve desaceleração na margem, passando de uma alta de 0,23% para outra de 0,12%, levando a variação em 12 meses para 2,7%. Apesar desses resultados mais favoráveis, cabe citar que os preços de serviços permanecem pressionados, com elevação de 4,0% em relação a setembro de 2023. Ainda assim, a desaceleração da economia e a inflação abaixo da meta devem levar o Banco Central Europeu a cortar os juros na reunião de outubro, ante expectativa anterior de manutenção.

NA PRÓXIMA SEMANA

Na agenda doméstica, destaque para o IPCA de setembro e para dados de atividade de agosto. No exterior, as atenções se voltam para a ata do FOMC e para dados de inflação dos EUA.

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