ENFOQUE MACRO
17 de novembro de 2023BRASIL: Atividade recuou em setembro
MUNDO: Estabilização da economia chinesa ainda é incerta
EVENTOS DA SEMANA
A divulgação dos indicadores de inflação de outubro nos Estados Unidos foi o destaque dos mercados globais. Após o dado mais forte em setembro, a surpresa baixista do mês passado trouxe alívio para os mercados. O índice geral apresentou estabilidade e o núcleo de inflação registrou alta de 0,2%. Após a divulgação, as curvas de juros apresentaram um expressivo fechamento em praticamente todos os seus vértices, ocasionando também uma onda de apreciação das moedas globais frente ao dólar. Vale notar que apesar desse fechamento recente das curvas de juros nos EUA, seguimos com a visão de que o Fed deverá manter as taxas de juros constantes até o quarto trimestre de 2024, finalizando o próximo ano com juros no patamar de 5,00% ao ano. No Brasil, o destaque da semana ficou para a divulgação dos dados Pesquisa Mensal de Serviços, com surpresa baixista em relação ao esperado pelo mercado. De acordo com os dados do IBGE, o volume total de serviços recuou 0,3% no mês, marcando a segunda queda mensal consecutiva. Assim, esse resultado mais fraco reforça nosso cenário de desaceleração econômica dos próximos meses.
Com desempenho fraco dos serviços, atividade econômica recuou em setembro. De acordo com os dados do IBGE, o volume total de serviços teve queda de 0,3% no mês, recuando pelo segundo mês consecutivo e frustrando as expectativas de crescimento. As principais contribuições negativas vieram das modalidades voltadas às empresas, como serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) e serviços de informação e comunicação (-0,7%). Avaliamos que o esgotamento do impacto da agropecuária nos meses anteriores parece ser o responsável pelo recuo dos serviços prestados por esses setores. Compensando esses efeitos, houve crescimento de 3,0% dos serviços prestados às famílias, após recuo de 3,7% em agosto – o setor, que abrange alojamento, alimentação e serviços pessoais, ainda se situa 2,6% abaixo do nível pré-crise. Com isso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 0,1% em setembro, com a queda de serviços sendo apenas parcialmente compensada pelo maior volume de vendas do comércio ampliado (0,2%) e pela alta da produção industrial no mesmo período (0,1%). Em termos de carrego, a média do 3º trimestre do IBC-Br sugere retração de 0,6% em relação ao trimestre anterior, sinalizando um resultado negativo para o PIB. Esperamos intensificação da desaceleração econômica nos próximos meses.
Inflação nos EUA teve comportamento benigno em outubro. O índice de preços ao consumidor subiu 0,04% na margem em outubro, abaixo da expectativa do mercado (0,10%) e desacelerando ante a variação de 0,40% observada em setembro. Na comparação interanual, a inflação passou de 3,7% para 3,2%. O núcleo da inflação teve alta na margem de 0,23%, também abaixo da variação de setembro (0,32%) e da expectativa do mercado (0,3%). Em termos anuais, o núcleo da inflação desacelerou de 4,1% para 4,0%. Apesar da confirmação da tendência de arrefecimento, a inflação permanece distante da meta de 2%, exigindo manutenção das condições financeiras restritivas por mais tempo.
Atividade econômica nos EUA deu sinais de desaceleração em outubro. As vendas no varejo apresentaram queda de 0,1% no mês, surpreendendo positivamente a projeção do mercado (-0,3%), porém bem abaixo do registrado em setembro (0,9%). O índice do grupo de controle, proxy para o PIB que exclui serviços de alimentação, automóveis, materiais de construção e combustíveis, avançou 0,2%, desacelerando ante o crescimento da leitura anterior (0,7%). A produção industrial seguiu a mesma tendência, com retração de 0,6% em outubro, mais expressiva do que a expectativa (-0,4%), resultado consideravelmente mais fraco do que a relativa estabilidade de setembro (0,1%). De modo geral, o cenário de atividade e inflação fortalece a expectativa de manutenção dos juros pelo Fed no patamar atual por um período prolongado.
Estabilização da economia chinesa ainda exibe fragilidades. Ainda que a recuperação do consumo em outubro tenha se destacado positivamente, vale chamar atenção para a frustração com os investimentos e a estabilização da produção em ritmo fraco. Assim, levando em conta os indicadores de atividade conhecidos nesta semana, os resultados de comércio externo e crédito e o desempenho do setor imobiliário, mantemos uma leitura mais cautelosa para a economia chinesa. Em outubro, a produção industrial cresceu 4,6% na comparação com mesmo mês do ano passado, acima da projeção do mercado e da leitura de setembro (ambas de 4,5%), e as vendas no varejo avançaram 7,6% na comparação interanual, ante expectativa de 7,0% e acelerando em relação à alta de 5,5% registrada no mês anterior. Os investimentos em ativos fixos, por outro lado, subiram 2,9% no acumulado deste ano, ligeiramente abaixo do número de setembro (3,1%) e do esperado (3,0%), com frustração inclusive do segmento de infraestrutura, que vinha se recuperando. Por fim, o setor imobiliário continuou exibindo desempenho fraco, com queda de lançamentos e vendas, de 24% e 16% respectivamente, no acumulado do ano. Esse cenário, portanto, ainda mantém a expectativa de que mais estímulos, especialmente fiscais, serão anunciados ao longo dos próximos meses.
NA PRÓXIMA SEMANA
Na agenda doméstica, as atenções estarão concentradas na divulgação da arrecadação federal de outubro. No cenário internacional, destaque para a ata da última reunião do FOMC.
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