ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
BRASIL: IBC-Br apresenta retração de 0,3% na margem em setembro
MUNDO: Nos EUA, dados de indústria e varejo surpreendem positivamente
O Índice do Banco Central de atividade (IBC-Br) teve retração de 0,3% na margem em setembro. O indicador prévio do PIB registrou resultado em linha com a nossa projeção e um pouco melhor do que as expectativas do mercado (-0,4%). Na comparação interanual, o índice teve alta de 1,5%. O indicador repercutiu a queda do volume de serviços (-0,6%), das vendas do varejo (-1,1%) e da produção industrial (-0,4%) na margem em setembro. Com o resultado, o IBC-Br se encontra próximo ao nível pré-crise. A média do 3º trimestre representou queda de 0,3% em relação à média do 2º trimestre. De forma geral, o resultado corrobora a expectativa de desaceleração do PIB no 3º trimestre.
A balança comercial registrou superávit de US$ 0,28 bilhões na segunda semana de novembro, acumulando saldo positivo de US$ 0,22 bilhões no mês. Essa ligeira piora é fruto do elevado nível de importações, as quais registraram alta de 64,7% na comparação da média diária interanual, beneficiadas pelo maior nível de compra de bens da indústria extrativa, como gás natural, óleos combustíveis de petróleo e carvão, que está atrelado ao elevado nível de preço das commodities energéticas ao redor do mundo. Por outro lado, o nível de exportações registra alta de 44,2% na mesma base comparativa, puxada por soja, açucares e melaços, produtos semiacabados e produtos laminados. No acumulado do ano, o saldo é positivo em US$ 58,72 bilhões, acima dos US$ 47,7 bilhões registrados no mesmo período de 2020.
A produção da indústria nos EUA apresentou avanço de 1,6% em outubro, com alta de 1,2% da indústria de transformação. O resultado ficou acima da mediana do mercado (0,8%), após forte recuo de 1,3% do índice em setembro. Destaque para a produção de bens duráveis (4,9%), em especial a produção de produtos automotivos (9,7%), que em setembro havia apresentado queda -6,4%. A indústria de transformação, com o resultado positivo no mês, segue 1,1% acima do patamar pré-crise.
A utilização da capacidade instalada (NUCI) aumentou, passando de 75,2% em setembro para 76,4% em outubro. O NUCI segue 3,2 p.p. abaixo do nível da média histórica de longo prazo. O resultado acima do esperado este mês reflete uma recuperação da produção industrial após os efeitos do furacão Ida. Em virtude de baixos estoques e impulso da demanda, a trajetória da indústria deve apresentar recuperação, apesar das dificuldades impostas pela desorganização das cadeias globais de suprimento durante a pandemia.
Ainda nos EUA, as vendas no varejo surpreenderam positivamente em outubro, com alta na margem de 1,7% no mês, ante expectativa de 1,0%. O núcleo do indicador de vendas (que exclui automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios) avançou 1,6% na comparação mensal, mostrando que os consumidores aumentaram os gastos discricionários. Entre os componentes, destaque para a alta nas vendas de eletrônicos (alta de 3,8%), após três meses consecutivos de queda. Ainda, itens relacionados aos bens residenciais e vendas on-line se recuperaram das leituras mais frágeis em setembro. Em relação ao patamar das vendas em dezembro de 2019, o indicador nominal se situa 21,8% acima do nível pré-crise. De modo geral, o forte resultado de outubro das vendas no varejo reforça o cenário de robustez da demanda nos EUA que, diante dos problemas de oferta de insumos para a indústria e oferta de mão de obra, deve implicar a manutenção da inflação elevada no médio prazo.
Por fim, na China, os dados de atividade surpreenderam as expectativas em outubro. A maior surpresa ficou por conta das vendas no varejo. Na comparação interanual, o indicador apresentou expansão de 4,9%, acima da expectativa (3,6%), o que representou melhora diante da persistente desaceleração entre março e setembro deste ano. Essa perda de força repercutia as medidas de restrições à mobilidade em decorrência do aumento do número de casos de Covid desde julho. A produção industrial avançou 3,5%, acima do consenso de mercado (3,0%), enquanto os investimentos em ativos fixos (FAI) expandiram 6,1%, ante expectativa de 6,4%. Nossa expectativa é de crescimento de 8,1%, embora as recentes frustrações no setor imobiliários insiram viés de baixa para a projeção. Esse viés de baixa também se mantém para a projeção de 5% em 2022.
Na próxima semana
Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do IPCA-15 na quinta-feira. No cenário internacional, destaque para a divulgação da ata do FOMC e divulgação dos índices de confiança (PMI) dos Estados Unidos e Zona do Euro.