ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
BRASIL: Serviços surpreendem positivamente em agosto
MUNDO: Nos EUA, ata do FOMC confirma indicação de redução dos estímulos
Em agosto, o volume total de serviços cresceu 0,5% na comparação com julho. Na comparação anual, a variação foi positiva em 16,6%, superando nossa projeção (15,8%) e a mediana das expectativas de mercado (16,1%). Com isso, o volume total de serviços passou a se situar 3,9% acima do nível pré-crise. O resultado positivo na margem foi puxado por quatro dos cinco setores que compõem o índice. As maiores contribuições positivas foram provenientes de serviços de informação e comunicação (1,2%) e serviços prestados às famílias (4,1%). Este último grupo, que inclui alojamento e alimentação, foi beneficiado pela maior mobilidade no mês, embora ainda se situe 17,5% abaixo do patamar pré-crise. Em seguida, o volume de serviços de transporte teve alta de 1,1%. Por sua vez, a maior contribuição negativa veio de serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,4%), cujo resultado foi influenciado pelo desempenho negativo da indústria. A tendência para os próximos meses é de continuidade da expansão do setor de serviços com o avanço da vacinação.
O Índice do Banco Central de atividade (IBC-Br) teve retração de 0,15% na margem em agosto. Na comparação interanual, o índice teve variação de 4,7%. O indicador repercutiu a queda da produção industrial (-0,7%) e das vendas do varejo (-2,5%) na margem em agosto, mesmo com avanço de 0,5% do volume em serviços. Com o resultado, o IBC-Br passou a se situar 0,2% acima do patamar pré-pandemia (média de janeiro e fevereiro de 2020). Para termos ideia de carrego estatístico, a média de julho e agosto representou alta de 0,2% em relação à média do 2º trimestre.
Nos EUA, o Fed divulgou a ata da reunião de outubro, na qual os membros reafirmaram a intenção de iniciar em breve o processo de redução dos estímulos. Em linhas gerais, o comitê defende que, diante da evolução da economia, o início da redução da compra de ativos no mercado americano poderá ter início já em meados de novembro. A redução seria composta pela diminuição mensal de US$ 10 bilhões nas compras de títulos públicos (atualmente em US$ 80 bilhões ao mês) e US$ 5 bilhões em títulos do mercado imobiliário (atualmente em US$ 40 bilhões ao mês). O programa de compras seria finalizado em meados do próximo ano. A necessidade de aumento de juros em 2022, no entanto, não é defendida de maneira majoritária pelo comitê. Sobre o cenário econômico, os membros seguem com a avaliação de que a aceleração recente da inflação reflete um movimento temporário, ainda que reconheçam o prolongamento acima do esperado dos choques. Na atividade, a avaliação é de continuidade da expansão, ainda que com alguma perda de força na margem em decorrência dos efeitos da variante Delta. A ata do Fed revela a iminente redução do estímulo monetário nos EUA, que deverá ter início a partir de novembro.
Nos EUA, a inflação ao consumidor (CPI) apresentou variação acima da expectativa em setembro. O CPI variou 0,4% na comparação mensal, enquanto o núcleo da inflação, métrica que exclui a inflação com alimentos e combustíveis e costuma receber mais atenção por parte das autoridades monetárias, avançou 0,2% frente a agosto. Em termos anuais, o núcleo do CPI teve variação de 4,0%, com alta de 2,9% em serviços e de 7,3% em bens. Passagem aérea, hospedagem e carros usados, que vinham contribuindo positivamente nos últimos meses, tiveram deflação pelo segundo mês consecutivo. O ponto mais interessante na abertura do indicador ficou por conta da inflação ligada ao aumento de aluguéis residenciais, que compõe cerca de um terço do CPI e tem histórico de ser um componente rígido. No mês a variação foi de 0,4%, acumulando alta de 2,9% nos últimos 12 meses. Como esperado, as recentes surpresas altistas do CPI foram concentradas em componentes não estruturais da inflação, que dão sinais de arrefecimento. Por outra lado, a pressão sobre a cadeia de bens, o aumento de preços de imóveis (impactando os aluguéis) e o aumento da demanda por serviços tendem a manter a inflação acima da meta até 2022.
Ainda nos EUA, as vendas no varejo surpreenderam positivamente em setembro, com alta na margem de 0,7% no mês, ante expectativa de queda de 0,2%. O núcleo do indicador de vendas (que exclui gasolina, automóveis, serviços alimentícios e materiais de construção) avançou 0,8% na comparação mensal. Entre os componentes, destaque para a alta nas vendas de veículos e peças (0,5%), após quatro meses consecutivos de recuo. Em contrapartida, as vendas de produtos eletrônicos recuaram pelo terceiro mês consecutivo. Em relação ao patamar das vendas em dezembro de 2019, o indicador nominal se situa 19,4% acima do nível pré-crise.
Por fim, a inflação ao consumidor (CPI) na China apresentou alta de 0,7% em setembro na comparação anual. O resultado ficou abaixo do esperado (consenso de 0,8%), representando uma desaceleração inesperada em relação ao mês de agosto (0,8%). O principal motivo foi a menor contribuição da inflação de alimentos, que passou de uma deflação de 4,1% para deflação de 5,2%, na comparação anual. O núcleo da inflação (que exclui os itens mais voláteis da amostra) apresentou alta de 1,2%, mesma variação do mês anterior. A inflação ao produtor (PPI), por sua vez, registrou nova surpresa altista, com alta de 10,7% em termos anuais, ante expectativa do mercado de 10,5%. Até o momento, o repasse do PPI para o CPI tem se mostrado comedido, o que deve dar conforto para o banco central do país manter a política monetária moderadamente expansionista, inclusive com novos cortes da taxa de depósito compulsório até o final desse ano.
Na próxima semana
Na agenda doméstica, destaque para os dados de arrecadação e setor externo. No cenário internacional serão divulgados os dados de atividade da China em setembro, incluindo o PIB do 3º trimestre.