ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

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BRASIL: Mercado revê para cima projeções de inflação

MUNDO: Ata do FOMC reforça a necessidade de novas discussões sobre a redução dos estímulos

Houve revisão para cima das projeções de inflação para o ano de 2021. Segundo o último Relatório Focus, a mediana das projeções de inflação (IPCA) para 2021 é de 7,05% (revisado de 6,31% há 4 semanas). Dentre os analistas que revisaram a projeção nos últimos 5 dias, também tivemos revisão, de 6,94% na semana anterior para 7,12%. Na mesma linha, para 2022, as projeções apresentaram elevação nas últimas 4 semanas, passando de 3,75% para 3,90%. Para o PIB, houve modesta revisão para baixo do resultado de 2021, de 5,30% há uma semana para 5,28% na última leitura. A previsão de crescimento do PIB de 2022 também sofreu ligeira revisão, passando de 2,10% para 2,04% no intervalo de 4 semanas. Por fim, as expectativas quanto à taxa Selic no final de 2021 passaram de 6,75% há 4 semanas para 7,50%, ao passo que as projeções para o final de 2022 passaram de 7,00% para 7,50% no mesmo período.

A balança comercial registrou saldo de US$ 1,97 bilhões na segunda semana de agosto, acumulando saldo positivo de US$ 3,58 bilhões no mês. No acumulado do ano, o saldo é positivo em US$ 42,5 bilhões, acima dos US$ 38,43 bilhões no mesmo período de 2020. Essa melhora da balança comercial é fruto da alta das exportações que, na média diária do mês, registram alta de 36,5% na comparação interanual, puxadas por soja, minério de ferro, óleos brutos de petróleo e carne bovina. As importações, por sua vez, registraram alta de 18,1% na mesma base de comparação, beneficiadas pela recuperação da atividade doméstica e pelo maior nível de compra de bens intermediários, atrelado à necessidade de reposição de estoque das empresas. O crescimento das exportações deve seguir favorecido pelo crescimento da atividade global e pelos elevados preços de commodities, o que contribuirá para saldos comerciais expressivos ao longo de 2021.

Nos EUA, o Fed divulgou a ata da reunião de julho, na qual os membros mostraram a maior necessidade de debates sobre a redução no grau de estímulo monetário. Em linhas gerais, a maioria dos membros defendeu que, diante da evolução da economia, o início da redução da compra de ativos no mercado americano poderá ter início ao final deste ano. No entanto, foi enfatizado que essa redução não possui ligação com um possível aumento da taxa de juros básica. Sobre o cenário econômico, a ata revela que o comitê apresenta visão favorável para a atividade econômica, mas que existem riscos no curto prazo. As autoridades julgam que a incerteza da nova variante Delta da Covid-19 pode ser um desafio para o mercado de trabalho, podendo atrasar a reabertura total da economia. Os membros seguem com a avalição que a aceleração recente da inflação reflete um movimento temporário. Avaliamos que o Fed deverá adotar uma estratégia de redução gradual da compra de ativos apenas em dezembro.

A indústria nos EUA apresentou alta de 0,9% em julho, com avanço de 1,4% da indústria de transformação. Na comparação com julho de 2020, a expansão registrada alcançou 6,6%. O resultado mensal ficou acima da expectativa do mercado (0,5%), após crescimento de 0,2% do setor em junho. Destaque para a produção de bens duráveis (1,0%), em especial a produção de motores e peças de veículos (11,2%), setor que foi prejudicado por problemas no fornecimento de matérias primas. A indústria de transformação, pela primeira vez, ultrapassa o nível pré-crise, em 0,8%.

A utilização da capacidade instalada (NUCI) também avançou, passando de 75,4% em junho para 76,1% em julho. Existe a expectativa que a indústria deve permanecer em trajetória de recuperação em virtude do impulso da demanda e da retomada da força de trabalho nos Estados Unidos. Por outro lado, o suprimento de insumos produtivos ainda pode criar empecilhos nos próximos meses, em especial na cadeia de bens duráveis.

Ainda nos EUA, as vendas no varejo desapontaram em julho, apresentando queda na margem de 1,1% no mês. O núcleo do indicador de vendas (que exclui gasolina, automóveis, serviços alimentícios e materiais de construção) recuou 0,7% na comparação mensal. Entre os componentes, os destaques de baixa foram automóveis e peças, vestuário e artigos esportivos, enquanto vendas de combustíveis, bares e restaurantes apresentaram desempenho positivo. As vendas no varejo se situam cerca de 17% acima do patamar pré-crise.

De modo geral, apesar da frustração em julho, o cenário de continuidade da expansão do consumo se mantém, tendo em vista a sólida recuperação no mercado de trabalho.  No entanto, os próximos meses deverão mostram um melhor desempenho do consumo de serviços em detrimento do consumo de bens, diante da continuação da retirada das restrições à mobilidade.

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