Investidor compra opção de negociar ação no futuro, tentando adivinhar resultado; pode ganhar ou perder muito
COLABORAÇÃO PARA O UOL, EM SÃO PAULO
Das inúmeras operações possíveis na Bolsa, poucas podem ser tão rentáveis quanto negociar contratos de opções. É um tipo de negócio que permite lucrar, multiplicando em muitas vezes o investimento, tanto na alta quanto na baixa das ações.
O investidor precisa ter, contudo, técnica e saber ler as tendências do mercado —o que nunca é fácil— para especular num negócio que, se der errado, representará a perda de todo o investimento ou, pior, colocar o seu patrimônio em risco.
O que são calls e puts
Opções são contratos que dão a seu detentor o direito de comprar ou vender um ativo —vamos considerar aqui uma ação— em data futura a um preço pré-determinado. Os instrumentos também são conhecidos por dois nomes em inglês: call (opção de compra) e put (opção de venda).
O titular da call vai exercer o direito de compra se na data de vencimento do papel o valor de mercado da ação estiver acima do preço de exercício da opção, também conhecido como strike. Afinal, neste caso, terá o direito de comprar a ação por menos do que ela vale.
Já quem tem uma put só vai exercer a opção de venda se, na data de vencimento, o valor de mercado da ação estiver abaixo do strike. Ou seja, vai exercer o direito conferido pela put de vender a ação por mais do que ela vale.
Logo, calls geram ganhos em cenários de alta, ao passo que os retornos das puts acontecem em cenários de baixa.
Quanto mais a ação subir e se distanciar do preço fixado na call, mais a opção de compra vai se valorizar. Já a put vai se valorizar à medida que a ação for perdendo valor.
Note que as opções têm um prazo de validade. Se não forem exercidas até o vencimento, elas “viram pó”. O detentor da opção, contudo, não é obrigado a carregar o papel até o vencimento, podendo vender antes no mercado com lucro, se a sua previsão de preço for correta, ou prejuízo, caso tenha errado.
É recomendável conhecer profundamente este mercado antes de entrar operando, seja com ou sem cobertura.
O pior cenário ao se comprar opções ocorre quando o mercado não dá condições de exercício, fazendo com que o investidor perca o valor investido. Por outro lado, uma vez que o mercado der condições de exercício, é possível obter lucros de 100%, 200%, 300% e muito mais.
Opções servem como proteção ou especulação
O investidor pode comprar opções como forma de proteger a sua carteira —garantindo, por exemplo, um preço mínimo de venda a suas ações com as puts. Ele também pode operar sem ter uma contraparte em ações, buscando os ganhos com a valorização das opções. É a chamada operação a descoberto, ou compra a seco de opção, uma forma de especular neste mercado com as variações de preços.
Quando o investidor compra uma opção, ele já sabe o máximo que pode perder na operação: o preço, chamado de prêmio, pago na compra do papel. Caso ele não exerça a opção porque a ação não foi na direção prevista, ele perde o dinheiro investido numa call ou put que não deu em nada na data de vencimento.
No entanto, se o investidor acerta, ele ganha a diferença entre o strike (preço de exercício) e o valor de mercado da ação, pagando apenas o preço da opção, que é muito menor do que o valor de uma ação. Por isso, o resultado final pode ser em muitas vezes superior ao investimento feito nas opções.
Enquanto o risco de perda é conhecido no momento do investimento, os ganhos potenciais são muito maiores, podendo ser ilimitados no caso de uma call bem-sucedida.
Como é pago um prêmio já na entrada, o investidor vai no máximo perder este valor, enquanto o seu ganho é ilimitado conforme a ação a qual a opção está vinculada se valoriza.
Se o investidor quiser mesmo operar opções a descoberto de forma especulativa, que seja dentro de um capital que ele aceita perder e que não fará diferença na vida dele se esse capital operado virar zero. Porque isso acontece com altíssima frequência dentro desse tipo de operação.
É estritamente desaconselhável o investidor realizar venda a descoberto, principalmente quando o mercado está disruptivo. O prejuízo não está limitado e, em caso de posição alavancada, pode, em pequenas oscilações, “quebrar” o investidor. Investidor machucado na maioria das vezes é menos um CPF na Bolsa.