INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

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BRASIL: Ata do Copom reforça interrupção do ciclo. Atividade recua em dezembro

 

MUNDO: Na Zona do Euro, a produção industrial registrou forte contração em dezembro

 

A ata do Copom reiterou a interrupção do ciclo de cortes em razão de incertezas sobre a defasagem e os efeitos dos estímulos monetários na economia. O Copom reforçou que o atual cenário prescreve política monetária estimulativa, porém considerando os efeitos defasados do ciclo de cortes de juros iniciado em julho de 2019, é adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. O Copom avaliou que há elevada incerteza, especialmente com relação ao atual grau de ociosidade, à velocidade de recuperação da atividade e ao aumento da potência da política monetária, que atua com defasagens sobre a economia. Além disso, o Copom reiterou que os próximos passos seguirão dependendo da evolução da atividade, do balanço de riscos e da trajetória esperada para a inflação, com peso crescente para as expectativas para 2021. Diante da perspectiva de retomada da economia, mantemos nossa projeção de que a Selic permanecerá em 4,25% a.a. em 2020.

As vendas no varejo apresentaram resultado abaixo do esperado em dezembro. O volume do setor caiu 0,1% no mês, desempenho abaixo do esperado. Por sua vez, o comércio ampliado, que inclui automóveis e materiais de construção, apresentou contração de 0,8% na margem. O resultado no mês foi puxado principalmente pelo segmento de vendas de veículos (-4,0%) e de vendas de supermercado (-1,2%), afetados pela inflação de alimentos. Dentre os demais segmentos, houve crescimento apenas de móveis e eletrodomésticos (3,4%) e livros, jornais e revistas (11,6%). Com o resultado, o varejo ampliado fechou o 4º trimestre com crescimento de 0,7%, abaixo do trimestre anterior (1,4%). Em 2019, acumulou alta de 3,9%, beneficiado pelos saques do FGTS e pelo aumento da concessão de crédito. Avaliamos que o crescimento do setor deverá se acentuar em 2020.

O setor de serviços também apresentou queda em dezembro. No mês, houve recuo de 0,4%, na margem do volume total de serviços, com a maior contribuição negativa do segmento de serviços de transporte (-4,5%). Os serviços prestados às famílias tiveram recuo de 1,3%. No ano, o volume de serviços teve alta de 1,0%, após quatro anos sem crescimento.

O índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou queda em dezembro. No mês, o IBC-Br recou 0,3% em relação a novembro, em linha com o esperado. Em 2019, apresentou crescimento de 0,9% ante 2018, reforçando o cenário de retomada gradual da economia. Apesar do pior resultado para os indicadores de atividade de dezembro, o nosso tracking do PIB do 4º trimestre se manteve em 0,5% na margem.

Nos EUA, a inflação ao consumidor (CPI) registrou variação de 0,1% em janeiro, abaixo do esperado. Em termos anuais, o CPI americano acelerou de 2,3% em dezembro, para 2,5% em janeiro. O núcleo do CPI (que exclui alimentos e energia) variou 2,3% na comparação anual, mesmo resultado do mês anterior. A dinâmica de inflação nos EUA segue comedida, o que deve permitir que o Fed mantenha a política monetária acomodatícia neste ano.

Na Zona do Euro, a produção industrial contraiu 4,1% em dezembro, abaixo da expectativa do mercado (-2,5%). O mês de dezembro representou o 14º mês consecutivo de recuo da atividade industrial na variação anual. Apesar da estabilização da confiança da indústria, os dados de atividade da região frustraram as expectativas. As próximas leituras deverão ser impactadas negativamente pela interrupção da atividade na China. O país é o 2º maior destino das exportações da região, após os EUA.

Na China, a inflação ao consumidor apresentou a maior aceleração desde outubro de 2011, puxada por gripe suína e coronavírus. A inflação ao consumidor (CPI) acelerou de 4,9% em dezembro para 5,4% em janeiro, na comparação anual. Essa elevação continua sendo impulsionada por alimentos, cujos preços aumentaram 20,6% em relação a janeiro do ano passado, com destaque para a alta da carne suína (116% no período). Já o núcleo do CPI (exclui alimentos e energia) manteve-se em patamar baixo, com variação de 1,5%. A demanda por estocagem de alimentos em função do surto de coronavírus também contribuiu para a alta do índice. Em virtude do avanço do coronavírus, a inflação deverá seguir pressionada no curto prazo.

Na próxima semana:

Na agenda local, haverá a divulgação da prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) de fevereiro na quinta-feira (BRAM: 0,20%), dados de setor externo na sexta-feira, além da possibilidade da divulgação do CAGED (criação de vagas formais) de janeiro. Na agenda internacional, destaque para a ata do Fed na quarta-feira. Além disso, serão divulgados os dados de confiança (PMI) para os EUA e a Zona do Euro, ambos na sexta-feira.

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