NOSSA VISAO CREDITO E MERCADO 27 DE JANEIRO DE 2020

Nossa Visão – 27/01/2020
Retrospectiva
Em semana de forte volatilidade nos preços dos ativos de risco, a bola da vez foi a disseminação do vírus “coronavírus” que atingiu mais de 2.700 pessoas e matou pelo menos 80 nos arredores de Wuhan, na China, em meio as comemorações do feriado do Ano Novo Lunar, e se espalhou por diferentes países e regiões. Os investidores mostram preocupação em dimensionar quais impactos isso traria para a economia global em termos de redução dos negócios, e consequentemente do crescimento das economias, em um ambiente que já reagia, ainda que lentamente, aos estímulos monetários dos bancos centrais.
Esse evento acabou ofuscando o Fórum Econômico Mundial que ocorreu em Davos, na Suíça. Destaque para as declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, que falou de acordos comerciais firmados com o México, Canadá, além de anunciar que pretende fazer um corte significativo de impostos na ponta do consumo das famílias norte americanas, além de ameaçar com tarifas sobre automóveis originários da união europeia, em retaliação as ameaças europeias sobre tarifação do setor de tecnologia norte americano.
Em reunião ordinária, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) decidiu manter inalteradas as taxas de empréstimo de curto prazo (4,15%) e de longo prazo (4,80%) pelo segundo mês consecutivo.
No Japão, o banco central local (BoJ, na sigla em inglês) decidiu manter a política monetária inalterada, o que significa juros negativos em -0,10% e taxas de juros dos bonds japoneses próxima de zero, além de manter o programa de compra de ativos no montante de 80 trilhões de ienes. O BoJ vê riscos geopolíticos significativos e comunicou que afrouxará ainda mais a política monetária, se necessário.
Na região do euro, ocorreu a primeira reunião do banco central europeu (BCE, na sigla em inglês) neste ano, que também decidiu pela manutenção da política monetária por lá. A taxa de refinanciamento foi mantida em zero, enquanto a taxa de liquidez em 0,25% e a taxa de depósitos em -0,50%. O colegiado ainda vê riscos para as perspectivas da região, embora menos pronunciados, diante da dificuldade em colocar a inflação dentro da meta.
Em relação à atividade, foram divulgadas prévias do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de diversas regiões. Na zona do euro, o índice composto, que engloba os setores industrial e de serviços, ficou estável em janeiro aos 50,9 pontos. Nos EUA, o índice composto teve alta em janeiro e registrou 53,1 pontos, ante 52,7 pontos em dezembro, com o setor de serviços puxando a alta.
Para os mercados de ações internacionais, a semana foi de desvalorizações na maioria das bolsas. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã, avançou 0,37%, o FTSE-100, da bolsa inglesa, recuou -1,15%, o índice S&P 500, da bolsa norte-americana, desvalorizou -1,03% e o Nikkei 225, da bolsa japonesa, caiu -0,89%.
Por aqui, destaque para a divulgação de importantes indicadores de inflação. A FGV divulgou que a segunda prévia do IGP-M, conhecido como a inflação do aluguel, registrou inflação de 0,57% em janeiro, acumulando alta de 7,91% em doze meses. A queda da taxa em relação a dezembro, de 2,09%, foi puxada pelos preços no atacado e varejo.
O IBGE divulgou o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, que registrou variação de 0,71% em janeiro, 0,34 ponto percentual abaixo da taxa de 1,05% registrada em dezembro. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,34%. A maior desaceleração veio do grupo Alimentação e Bebidas.
Para a bolsa brasileira a semana foi de queda, acompanhando os mercados internacionais. O Ibovespa recuou -0,09% na semana, aos 118.376 pontos, acumulando valorização no ano de 2,36%. O dólar comercial encerrou a sessão de sexta-feira cotado a R$ 4,185 para a venda. Na semana, a moeda norte-americana avançou 0,45%. Já o IMA-B Total encerrou a semana com valorização de 0,19%, acumulando valorização de 0,25% no ano e valorização 19,40% em 12 meses.

Relatório Focus
No Relatório Focus revelado hoje, os economistas que militam no mercado financeiro reduziram a estimativa para o IPCA deste ano pela quarta semana consecutiva, para 3,47% ante os 3,56% da pesquisa anterior. O resultado continua abaixo da meta de inflação fixada pelo CMN para este ano, de 4,00%. Para 2021, o mercado financeiro manteve a estimativa de inflação em 3,75%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
Para a Selic, o mercado financeiro ajustou suas apostas em relação à taxa de juros, informando que ao final de 2020 a taxa estará em 4,25%, ante previsões de 4,50% na semana anterior. Para 2021, a previsão é de que a Selic encerre o ano em 6,25%, mesma projeção da pesquisa anterior. Em dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen cortou a Selic em 0,50 ponto porcentual, de 5,00% para 4,50% ao ano. Foi o quarto corte consecutivo da taxa básica. No comunicado sobre a decisão, o Bacen não se comprometeu com novos cortes no início deste ano.
A expectativa de crescimento da economia em 2020, medida pelo PIB, seguiu em 2,31%, mesma estimativa da semana anterior. Há um mês, a estimativa estava fixada em 2,30%. Para 2021, o mercado financeiro manteve a previsão de expansão do PIB em 2,50%. Quatro semanas atrás, a expectativa estava nos mesmos 2,50%. Em dezembro o BACEN atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,80% para elevação de 2,20%.
A projeção para o dólar no fim de 2020 subiu de R$ 4,05 para R$ 4,10. Um mês atrás a estimativa era de R$ 4,08. Para o ano de 2021, a projeção para o câmbio se manteve em R$ 4,00 pela décima semana consecutiva.
Para o Investimento Estrangeiro Direto, caracterizado pelo interesse duradouro do investimento na economia, a mediana das previsões para 2020 foi mantida em US$ 80,00 bilhões, os mesmos US$ 80,00 bilhões de um mês antes. Para 2021, a expectativa também foi mantida em US$ 84,50 bilhões.

Perspectiva
A semana promete forte volatilidade nos preços dos ativos, com os investidores acompanhando a evolução e disseminação do “coronavírus”, e as orientações das autoridades sanitárias. Na China, o governo isolou cidades e restringiu viagens de pessoas no país, enquanto vários países estão em alerta em razão da circulação de pessoas.
Depois da China, Japão e Europa, nesta semana ocorre a reunião de política monetária nos EUA, com o Federal Reserve (FED, na sigla em inglês) decidindo sobre o rumo do juro. Apesar da expectativa com a manutenção do juro, os investidores ficam atentos ao comunicado pós-reunião que poderá indicar os próximos passos da instituição sobre o tema. Além disso, será divulgado o PIB dos EUA e números da inflação, renda e despesas pessoais dos americanos.
Por aqui, serão revelados dados sobre atividade e inflação, que ganham importância diante da proximidade da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen, agendado para a primeira semana de fevereiro.
Para os mercados de ações, além do noticiário recheado, tem início a temporada de divulgação de resultados corporativos das empresas listadas relativos ao 4º trimestre.
Em relação às aplicações dos RPPS aconselhamos o investimento de 25% dos recursos em fundos de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a ser acompanhado com a devida atenção por conta das posições assumidas pelo gestor.
Para os vértices de longo prazo (especificamente o IMA-B Total) recomendamos um aumento da exposição para 15%, em razão do prêmio que ainda poderá ser capturado devido à taxa básica de juros na mínima histórica, além da pauta de reformas que deverão refletir na melhora do quadro fiscal do país.
Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total), a recomendação é para uma redução na exposição para 20%, e para os vértices de curto prazo, representados pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs, a alocação sugerida passa a ser de 5%. Ambas as reduções estão relacionadas à taxa de juros doméstica na mínima histórica, com objetivo de redirecionar os recursos para os mercados com maiores possibilidades de ganhos.
Quanto à renda variável, recomendamos uma exposição máxima de 30%, por conta da melhora do ambiente econômico neste ano, que já se refle em um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores e também pelo fato da importância do produto como fator de diversificação de portfólio, em um momento em que as taxas de juros dos títulos públicos não mais superam a meta atuarial.
Para a alocação em fundos multimercado a nossa sugestão é uma redução para 5% dos recursos e de 2,5% a alocação em FII e FIP, respectivamente, dada a pouca disponibilidade de produtos no mercado enquadrados para os RPPS. Para o investimento em ações, a nossa recomendação é de aumento da exposição para 20% dos recursos, tendo-se em vista o potencial de crescimento das empresas neste e nos próximos anos em uma conjuntura de baixa inflação e taxas de juros nas mínimas históricas.
Para aqueles clientes que já contam com investimento de 5% tanto em FII, quanto em FIP, o ajuste das recomendações se dará através da redução no teto dos investimentos em ações.
Adicionamos na estratégia a recomendação de investimentos no segmento de investimentos no exterior, com um percentual máximo de 5%, devido à necessária diversificação da carteira na busca por investimentos descorrelacionados da taxa de juros doméstica, além do recente surgimento de produtos direcionados a este segmento.

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