Inflação oficial fecha 2019 em 4,31% e fica acima do centro da meta

Inflação oficial fecha 2019 em 4,31% e fica acima do centro da meta

Em dezembro, o IPCA acelerou para 1,15%, maior taxa para um mês de dezembro desde 2002. Preço da carne subiu 32,4% no ano, representando o maior impacto individual na inflação do ano.Pressionada pelos preços das carnes, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, fechou 2019 em 4,31%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4,25%.Trata-se da maior inflação anual desde 2016, quando o índice ficou em 6,29%, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (10). Em 2018, o índice ficou em 3,75%.Em dezembro, o IPCA acelerou para 1,15%, após ter registrado taxa de 0,51% em novembro, segundo divulgou nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do maior resultado para um mês de dezembro desde 2002, quando o índice ficou em 2,10%.O resultado ficou acima do esperado pelo mercado. Os analistas das instituições financeiras previam uma inflação de 4,13% em 2019, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.Apesar de ter ficado acima do centro da meta, a inflação oficial ficou dentro do limite pelo quarto ano seguido. Pela meta oficial estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o IPCA poderia ficar entre 2,75% e 5,75%.

Preço da carne sobe 32,4% no ano

A inflação de 4,31% em 2019 foi pressionada principalmente, pelo grupo “Alimentação e bebidas”, que apresentou alta de 6,37% no ano e impacto de 1,57 ponto percentual no acumulado de 2019. Na sequência, pesaram os custos dos “Transportes” (3,57%) e “Saúde e cuidados pessoais” (5,41%), com impactos de 0,66 p.p. e 0,65 p.p., respectivamente.O grande vilão da inflação em 2019 foi, sem dúvida, a carne, que teve alta de 32,40%, representando um impacto de 0,86 pontos percentuais (p.p.) no indicador geral. Ou seja, se o preço das carnes tivesse ficado estável no ano, a inflação de 2019 teria fechado em 3,54%.”Embora essa alta tenha se concentrado nos meses de novembro e dezembro, foi o maior impacto individual no indicador”, afirmou o gerente da pesquisa Pedro Kislanov da Costa.A dispara dos preços, principalmente nesta reta final do ano, aconteceu em meio ao aumento das exportações para a China e à desvalorização do real.Outro alimento que ficou mais caro no ano foi o feijão-carioca, que acumulou alta de 55,99% no ano. Já o preço do tomate caiu 30,45% em 2019.

Plano de saúde foi outro ‘vilão’

Dos nove grupos de despesa pesquisados, apenas artigos de residência tiveram deflação em 2019. Veja abaixo a inflação de 2019 por grupos e o impacto de cada um no índice geral:

  • Alimentação e Bebidas: 6,37% (1,57 ponto percentual)
  • Habitação: 3,90% (0,62 p.p.)
  • Artigos de Residência: -0,36% (-0,01 p.p.)
  • Vestuário: 0,74% (0,04 p.p.)
  • Transportes: 3,57% (0,66 p.p.)
  • Saúde e Cuidados Pessoais: 5,41% (0,65 p.p.)
  • Despesas Pessoais: 4,67% (0,51 p.p.)
  • Educação: 4,75% (0,23 p.p.)
  • Comunicação: 1,07% (0,04 p.p.)

    Etanol e óleo diesel sobem acima da inflação

  • Os preços do etanol e do óleo diesel subiram acima da inflação oficial em 2019. A alta média do etanol no acumulado no no foi de 9,85% e a do diesel, de 5,85%. Já a gasolina teve aumento de 4,03% no ano.No grupo Habitação, a principal pressão veio da energia elétrica, que acumulou alta de 5% em 2019, embora tenha recuado em quatro meses do ano.Em despesas pessoais, o destaque foi o item jogos de azar (40,36%), em razão dos reajustes nos preços das loterias federais.

    INPC acumula alta de 4,48% em 2019

  • O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é usado como referência para reajustes salariais e benefícios previdenciários, encerrou 2019 com variação acumulada de 4,48%, acima dos 3,43% de 2018 e acima da inflação oficial de 2019.Em dezembro, o índice, calculado com base no rendimento das famílias que ganham de um a cinco salários mínimos, variou 1,22%. Foi o maior resultado para o mês desde 2002, quando registrou 2,70%.A diferença entre as altas do IPCA e do INPC é explicada pelo desempenho das carnes na reta final do ano, produto com maior peso no orçamento das famílias mais pobres.Confirmado o reajuste de 4,48% para aposentados e pensionistas do INSS que recebem benefícios com valor acima de um salário mínimo, o aumento será maior que o do salário mínimo em 2020, que teve reajuste de 4,10% e passou de R$ 998 para R$ 1.039.

    Perspectivas para 2020

  • Apesar da maior pressão inflacionária a reta final de 2019, puxada principalmente pelo alta do preço da carne, a expectativa é que a inflação permanecerá em patamar baixo.Para 2020, os economistas das instituições financeiras projetam um IPCA em 3,60%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. Neste ano, o centro da meta é de 4%, um pouco menor que em 2019. A meta terá sido cumprida se o índice oscilar de 2,5% a 5,5%.A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros. A Selic terminou 2019 a 4,5% ao ano, nova mínima histórica, após novo corte de 0,5 ponto em dezembro, quando o BC indicou cautela em relação aos juros daqui para frente em meio a uma retomada econômica com mais ímpetoA expectativa atual do mercado para a taxa básica de juros é de que a Selic encerre este ano em 4,50%.Na avaliação da equipe econômica, a taxa de juros só deve voltar a cair caso o Congresso Nacional aprove a segunda fase das reformas estruturais enviadas pelo governo Bolsonaro no ano passado, destaca o Blog do Valdo Cruz.

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