Nossa Visão – 16/12/2019
Retrospectiva
A semana foi de ganhos para os mercados de risco, após as decisões dos principais bancos centrais da América e Europa sobre as políticas monetárias das regiões, além de notícias sobre um acordo comercial entre EUA e China.
Destaque para a reunião do Federal Reserve (FED, o banco central norte-americano), que na quarta-feira decidiu por manter a taxa de juros local inalterada no intervalo entre 1,50% a 1,75%, em decisão unânime. A expectativa agora é que o FED mantenha o juro parado por um tempo prolongado, afirmando no comunicado pós-reunião que a postura atual é apropriada para dar suporte ao avanço do PIB e manter a inflação próxima ao centro da meta, fixada em 2% ao ano.
Na zona do euro também ocorreu a reunião do banco central da região, que decidiu pela manutenção das taxas de juros inalteradas na primeira reunião conduzida pela nova presidente do banco, Christine Lagarde. A taxa de depósitos ficou mantida em -0,50%, e a taxa de refinanciamento em zero. Já a taxa de empréstimo foi mantida em 0,25%. Além disso, o colegiado manteve o programa de recompra em 20 bilhões de euros por mês.
Ainda na região do euro, foi decidido em eleição que o Reino Unido será governado pelo premiê britânico Boris Johnson. Foi uma vitória esmagadora dos ”conservadores” sobre os “trabalhistas”, o candidato vitorioso garantiu que a saída do Reino Unido da União Europeia será concretizada até a data prevista, 31 de janeiro.
No final da semana foi noticiado que um acordo comercial entre EUA e China está próximo de ser concluído, após o presidente Donald Trump comunicar que as tarifas adicionais sobre US$ 156 bilhões, que valeriam a partir de 15 de dezembro, estavam suspensas, em contrapartida com a concordância pelos chineses de mudanças estruturais e com compras de produtos agrícolas dos EUA.
Para os mercados de ações internacionais, a semana foi de altas significativas. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã, subiu 0,88% e o FTSE-100, da bolsa inglesa, avançou 1,57%, o índice S&P 500, da bolsa norte-americana, valorizou 0,73% e o Nikkei 225, da bolsa japonesa, cresceu 2,86%.
Por aqui, destaque para a reunião do comitê de política monetária do BACEN (COPOM), que decidiu pelo corte de mais 0,50 pontos percentuais na taxa de juros parâmetro, levando a taxa Selic ao patamar de 4,50% e renovando o piso histórico da taxa. No comunicado pós reunião, os integrantes do comitê deixaram em aberto os próximos passos ao informar que “o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária” e que o rumo dos juros “continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”.
Ao final da semana, a agência de classificação de riscos internacional Standard & Poor’s informou que alterou a perspectiva da nota de crédito soberana para o Brasil, de “estável” para “positiva”, indicando que num futuro próximo poderá melhorar a nota de crédito retornando para grau de investimento. Como justificativa para o movimento, a agência informou que foram avaliados os avanços em medidas para uma melhora do quadro fiscal que tem ajudado para reduzir o alto déficit do país.
Para a bolsa brasileira a semana manteve o ritmo de recuperação e recordes. O Ibovespa avançou 1,30% na semana, aos 112.564 pontos, acumulando valorização no ano de 28,08% e 28,72% em doze meses. O dólar comercial encerrou a sessão de sexta-feira cotado a R$ 4,109. Na semana, a moeda norte-americana recuou 0,89%. Já o IMA-B Total encerrou a semana com valorização de 1,05%, acumulando ganhos no ano de 23,08%.
Relatório Focus
No Relatório Focus revelado hoje, os economistas que militam no mercado financeiro aumentaram, pela quinta semana consecutiva, a estimativa para o IPCA deste ano para 3,86%, registrando uma nova alta em relação às previsões da semana passada, que estava em 3,84%. A projeção reflete uma maior preocupação sobre a pressão do aumento de custos sobre os preços de produtos e serviços. Para 2020 a estimativa foi mantida em 3,60%, a mesma de sete semanas atrás. O resultado continua abaixo da meta de inflação fixada pelo CMN para este ano, de 4,25%, e do ano que vem de 4,00%.
Com a Selic definida em 4,50% para este ano, o mercado financeiro manteve suas apostas em relação à taxa de juros, informando que ao final de 2020 a taxa estará em 4,50%, mesma taxa da semana anterior. Para 2021, a previsão é de que a Selic encerre o ano em 6,13%, ante 6,25% da pesquisa anterior.
A projeção do mercado para o PIB de 2019 subiu nesta semana. A expectativa de crescimento da economia este ano passou a ser de 1,12%, ante 1,10% da semana anterior. Há quatro semanas, a estimativa de alta era de 0,92%. Para 2020, o mercado financeiro revisou a previsão de expansão do PIB para 2,25% ante 2,24% da semana anterior. Quatro semanas atrás, a expectativa estava em 2,17%. Em setembro, o Bacen atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2019, de alta de 0,8% para elevação de 0,9%.
A projeção para o dólar no fim de 2019 foi mantida em R$ 4,15. Para o próximo ano, a projeção para o câmbio também foi mantida em R$ 4,10.
Para o Investimento Estrangeiro Direto, caracterizado pelo interesse duradouro do investimento na economia, a mediana das previsões para 2019 foi alterada para US$ 75,55 bilhões. Há um mês, estava em US$ 80,00 bilhões. Para 2020, a expectativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões, os mesmos US$ 80,00 bilhões de um mês antes.
Perspectiva
Após o Ibovespa renovar a máxima histórica no fechamento do pregão da semana, após as decisões dos bancos centrais em estímulos adicionais em suas políticas monetárias, e com uma solução para a guerra tarifária entre EUA e China, os investidores se voltam para o calendário de indicadores a serem conhecidos nesta semana.
Destaque para a divulgação da ata da última reunião do Copom, além do relatório trimestral de inflação a ser apresentado pelo presidente da instituição, Roberto Campos.
Entre os indicadores domésticos a serem conhecidos, destaque para o IPCA-15, considerado a prévia da inflação. Conforme especialistas do mercado, o indicador pode superar o número de novembro, que foi de 0,51%, ainda pressionado pela alta nos preços de alimentos. Será também revelado o déficit em conta corrente do mês novembro, após a apreensão com o dado de outubro que registrou déficit de US$ 7,5 bilhões, o maior para o mês desde 2014.
O mercado também estará voltado aos detalhes do acordo comercial entre EUA e China, na medida em que informações vão sendo reveladas.
Nos EUA, serão conhecidos os números do PIB americano, além de dados dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) que darão um quadro mais atual sobre o crescimento da economia da região.
Enquanto no continente asiático, ocorrerá a reunião de política monetária do banco central japonês (BoJ, na sigla em inglês), além da divulgação de dados da produção industrial e vendas no varejo da China.
Em relação às aplicações dos RPPS aconselhamos o investimento de 25% dos recursos em fundos de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a ser acompanhado com a devida atenção por conta das posições assumidas pelo gestor.
Para os vértices de longo prazo (especificamente o IMA-B Total) recomendamos um aumento da exposição para 15%, em razão do prêmio que ainda poderá ser capturado devido à taxa básica de juros na mínima histórica, além da pauta de reformas que deverão refletir na melhora do quadro fiscal do país.
Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total), a recomendação é para uma redução na exposição para 20%, e para os vértices de curto prazo, representados pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs, a alocação sugerida passa a ser de 5%. Ambas as reduções estão relacionadas à taxa de juros doméstica na mínima histórica, com objetivo de redirecionar os recursos para os mercados com maiores possibilidades de ganhos.
Quanto à renda variável, recomendamos uma exposição máxima de 30%, por conta da melhora do ambiente econômico neste ano, que já se refle em um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores e também pelo fato da importância do produto como fator de diversificação de portfólio, em um momento em que as taxas de juros dos títulos públicos não mais superam a meta atuarial.
Para a alocação em fundos multimercado a nossa sugestão é uma redução para 5% dos recursos e de 2,5% a alocação em FII e FIP, respectivamente, dada a pouca disponibilidade de produtos no mercado enquadrados para os RPPS. Para o investimento em ações, a nossa recomendação é de aumento da exposição para 20% dos recursos, tendo-se em vista o potencial de crescimento das empresas neste e nos próximos anos em uma conjuntura de baixa inflação e taxas de juros nas mínimas históricas.
Para aqueles clientes que já contam com investimento de 5% tanto em FII, quanto em FIP, o ajuste das recomendações se dará através da redução no teto dos investimentos em ações.
Adicionamos na estratégia a recomendação de investimentos no segmento de investimentos no exterior, com um percentual máximo de 5%, devido à necessária diversificação da carteira na busca por investimentos descorrelacionados da taxa de juros doméstica, além do recente surgimento de produtos direcionados a este segmento.