INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS
Brasil: PIB do 3º trimestre registra alta de 0,6% na margem, puxada pela demanda interna privada
EUA: houve geração de vagas acima do esperado em novembro
O PIB do 3º trimestre registrou alta acima da expectativa, reforçando a perspectiva de ritmo mais forte de crescimento da economia. Houve crescimento de 0,6% em relação ao trimestre anterior e de 1,2% em relação ao mesmo período de 2018, acima da nossa expectativa (+0,9%) e do mercado (+1,0%). Pela ótica da demanda, houve forte crescimento do investimento (+2,0%) e do consumo das famílias (+0,8%), que mais do que compensaram as contribuições negativas do setor externo e dos gastos do governo. Analisando a partir da ótica da oferta, a indústria foi o destaque positivo, com alta de 0,8% puxada pela indústria extrativa (12%), fruto da produção recorde de petróleo, e pela construção civil (1,3%). O setor de serviços cresceu 0,4%, com destaque para o comércio (1,1%) e intermediação financeira (1,2%). Com esse resultado mais favorável, revisamos nossa projeção para o crescimento do ano de 1,0% para 1,1%.
A produção industrial cresceu 0,8% na margem em outubro, 3º mês consecutivo de alta. O resultado foi em linha com a nossa expectativa e abaixo da mediana do mercado (0,9%). A indústria de transformação apresentou crescimento de 0,9% na margem e a extrativa, por sua vez, sofreu recuo de 1,1%, devolvendo as altas registradas de maio a agosto desse ano. Em relação a outubro do ano passado, a indústria acumula crescimento de 1,0%. Diante desse resultado, nosso tracking do PIB do 4º trimestre permanece em 0,5% na margem.
A inflação ao consumidor (IPCA) registrou variação acima da esperada em novembro, mas quadro segue benigno. No mês, o índice variou 0,51%, acima da nossa expectativa (+0,45%) e do mercado (+0,47%). Em relação aos grupos, destaque para a alta em Alimentação e bebidas, que apresentou variação de +0,72%, pressionada pelo aumento mais acentuado no preço da carne bovina. Outros fatores altistas foram os reajustes dos preços de loterias e de energia elétrica, com impacto de 0,09 p.p. sobre o índice geral. Contrabalançando esses movimentos, o grupo de serviços teve alta de 0,2%, abaixo da expectativa. Em 12 meses, o IPCA segue em patamar confortável, de 3,3%, abaixo do centro da meta do Banco Central (4,25%). A média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) se elevou de 2,8% para 3,0% em novembro. Devido à pressão maior de carnes no índice, revisamos nossa projeção de 2019 de 3,6% para 3,8%, que permanece abaixo do centro da meta (4,25%).
Nos EUA, houve geração de vagas acima do esperado em novembro. No mês, 266 mil vagas de trabalho foram geradas, resultado acima do esperado pelo mercado (180 mil). Os salários, por sua vez, tiveram avanço de 0,2% na margem, pouco abaixo da expectativa de +0,3%. Por fim, a taxa de desemprego cedeu de 3,6% para 3,5%. Apesar da maior geração de vagas, a dinâmica comedida de salários resulta em menor pressão inflacionária. Os dados continuam apontando para um mercado de trabalho robusto, o que corrobora para nossa expectativa de manutenção dos juros pelo Fed na reunião da próxima semana.
O indicador de confiança da indústria global (PMI) registrou leve piora em novembro. O PMI da indústria global no mês foi de 47,9 pontos, em comparação aos 48,5 pontos registrados no mês anterior. O indicador sinaliza contração (abaixo de 50 pontos) do setor industrial desde junho. A piora do PMI global no mês refletiu a piora no indicador dos países emergentes, que recuou de 49,3 para 48,3 pontos. Dentre os países desenvolvidos, a Zona do Euro encontra-se com 46,9 pontos e em tendência de alta desde setembro, em que se encontrava com 45,7. Nos EUA, o indicador de confiança (ISM) foi de 48,1 pontos. A China, por sua vez, voltou ao patamar acima dos 50 pontos após 6 meses consecutivos apontando contração. Esses dados reforçam nossa projeção de crescimento de 3,0% do PIB mundial neste ano.
A indústria alemã apresentou nova contração em outubro. Na margem, a indústria alemã recuou 1,7%, contrariando a expectativa dos analistas (+0,1%). Esse resultado representa uma contração de 5,3% na comparação anual. Diante da continuidade da incerteza global, os indicadores antecedentes ainda não sinalizam reversão do cenário econômico alemão. A queda tanto da produção industrial como das vendas no varejo em outubro apontam para uma possível contração do PIB no 4º trimestre. Com isso, a pressão para a adoção de um afrouxamento fiscal na Alemanha deverá aumentar nos próximos meses.
Na próxima semana:
Destaque para as decisões de política monetária do COPOM e do FOMC, ambas na quarta-feira, e do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. Projetamos que o COPOM cortará a Selic em mais 0,50 p.p. na reunião de quarta-feira e que o FOMC e o BCE manterão suas diretrizes de política monetária. Além disso, na agenda local, teremos a divulgação dos dados de vendas no varejo na quarta-feira, de volume de serviços na quinta-feira e do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) na sexta-feira.