INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

Brasil: prévia da inflação abaixo do esperado e criação de vagas formais segue em recuperação

EUA: ata do Fed reforça taxa de juros em patamar apropriado

O IPCA-15 se mantém abaixo da meta do Banco Central. Em novembro, a prévia da inflação ao consumidor subiu 0,14%, ligeiramente abaixo da nossa expectativa e do mercado, ambas em 0,16%. Entre os grupos, alimentação no domicílio passou de -0,38% em outubro para +0,03% em novembro, pressionado pelo aumento da carne bovina (+3,2%). Os preços das carnes devem continuar pressionados nos próximos meses, devido ao aumento das exportações para a China, impactada pela gripe suína, e a sazonalidade de final de ano.  Em 12 meses, o IPCA-15 permaneceu próximo de 2,7%, e a média dos núcleos registra alta de 3,0%. O núcleo de serviços, por sua vez, acumula alta de 3,5%. Com esse resultado, para o fechamento de novembro, projetamos alta de 0,40%. Com a maior pressão dos preços de proteínas, nossa projeção para o ano passou de 3,2% para 3,4%, abaixo da meta do Banco Central de 4,25%.

Os dados do ministério do trabalho (CAGED) mostraram a criação líquida de 71 mil vagas formais em outubro. O resultado foi acima da nossa expectativa (60 mil) e ligeiramente abaixo da mediana do mercado (75 mil). Na série com ajuste sazonal, segundo os nossos cálculos, o saldo passou de 62 mil em setembro para 74 mil novas vagas em outubro. Dentre os setores, destaque para a construção civil, que manteve o movimento consistente de geração de postos de trabalho observado nos últimos meses. Avaliamos que o cenário de recuperação gradual do emprego formal deverá continuar nos próximos meses. Na nossa estimativa, em 2019, serão abertas 500 mil vagas formais, após 421 mil em 2018.

O saldo comercial segue com tendência de queda, com a diminuição das exportações. No ano, o saldo acumulado até outubro é de US$ 34,8 bilhões, US$ 12,7 bilhões abaixo do observado no mesmo período de 2018. Ao desconsiderar as operações com as plataformas de petróleo, essa diferença aumenta para US$ 14,4 bilhões. A queda no saldo pode ser explicada pelas exportações, que recuaram cerca de 27,4% na variação anual, pela média diária. A diminuição é disseminada entre os setores, com destaque para a queda das exportações de produtos manufaturados (-10,1%), reflexo da redução das vendas para a Argentina (-39,0%). Diante da perspectiva de menores exportações no ano, reduzimos a projeção de superávit comercial de US$ 47,1 bilhões para US$ 42,1 bilhões, recuo em relação aos US$ 58,7 bilhões registrados em 2018.

Nos EUA, a ata do FOMC reforçou que o patamar de juros está apropriado. A avaliação da maioria dos participantes é de que, após o corte de 0,25 p.p. na reunião de outubro, o 3º corte do ano, a taxa estaria bem calibrada para sustentar a perspectiva de crescimento da economia americana. No documento, seguem explicitados os riscos relacionados à desaceleração global, assim como a avaliação de que o quadro de atividade segue robusto e a inflação permanece bem comportada. De modo geral, a ata reforça o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, após a decisão em outubro, de que novos ajustes dependerão da evolução das condições econômicas e que um novo corte ocorrerá somente se houver uma piora “material” nas perspectivas. Diante disso, avaliamos que o Fed deverá manter a taxa de juros em dezembro.

A leitura preliminar da confiança da indústria (PMI) da Zona do Euro mostrou estabilização em patamar ainda contracionista em novembro. O PMI da indústria da região subiu de 45,9 para 46,6 pontos, 2ª alta consecutiva, indicando uma estabilização da confiança. No entanto, esse nível ainda aponta para contração do setor (abaixo de 50 pontos). Dentre os países, o PMI alemão apresentou avanço para 43,8 pontos, ante resultado de 42,1 em outubro. Os números de confiança da Zona do Euro em outubro e novembro são compatíveis com o crescimento nulo no 4º trimestre, distante do potencial da região. O cenário de incerteza derivado da escalada do protecionismo tem prejudicado o desempenho de economias mais expostas à demanda global. Para o ano, projetamos crescimento de 1,1%.

Na próxima semana:

Na agenda local, serão divulgados os indicadores de setor externo de outubro na segunda-feira, de crédito na quarta-feira, e, por fim, os dados de desemprego e do setor público consolidado de outubro na sexta-feira. No âmbito global, destaque para a inflação da Zona do Euro de novembro e desemprego de outubro na sexta-feira. Os dados de confiança da indústria de novembro da China serão publicados também na sexta-feira.

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